O deserto
Moisés recebe no deserto a ordem da Voz que liberta. Moisés fala a vidas desertas. Deserta era a existência dos descendentes de Abraão escravizados no Egito. Esquecido estava o passado de promessas, o presente os tinha reduzido a máquinas que fortaleciam os opressores. Esmagados por uma potência mundial, os subjugados não vislumbravam nem em sonho futuro melhor.
João Batista afasta-se da balbúrdia urbana, prega no deserto. Descontentes com os arranjos maquinados por autoridades religiosas e políticas reúnem-se em torno do pregador no deserto. As palavras do Batista espantam. Ouvintes que sonhavam com um mundo melhor, recebem convite ao arrependimento, mudança interior. Pessoas que confiavam na força dos próprios braços passaram a levantar os olhos para a Força que tinha arrancado antepassados da opressão do regime faraônico. Vitórias passadas garantem êxito futuro.
O reino
O reino de que fala João vem de longe. Orientou Abraão, venceu o exército de Faraó, engrandeceu o governo de Davi, iluminou exilados nos tempos de Isaías e se aproxima agora para feitos inauditos.
Cristo vai ao deserto para enfrentar o mal, sai do deserto com a mensagem de que o reino não é deste mundo. Se a confiança se apoia em solução acontecida na história tropeçamos no tempo, desabamos no abismo. Cristo opõe ao tempo a eternidade. No reino de Cristo entra-se pela fé. A fé pavimenta o chão em que andamos.
A vida
Na primeira referência, o Espírito paira sobre o abismo. O Espírito Santo é mais forte do que espíritos, ventos que sopram em todas as direções sem destino, ventos que deixam rastros de destruição. O Criador transforma o abismo em terra firme.
Cristo oferece a exilados a herança da terra. Bem-aventurados (seguros, abençoados, sorridentes) são declarados os herdeiros da terra. Não se confunda terra com território protegido por cercas, com regiões defendidas por exércitos. Cristo fala de uma terra sem abalos, sem limites, asilo de quem não tem pátria.
Vivemos a insuficiência desde o berço. Limitados, enfrentamos o desconhecido. Antes de agir, somos chamados. Discípulos de João tomam a decisão de mudar de vida, de abandonar o conforto, de enfrentar o perigo. O batismo de João aponta a transformação. O Espírito penetra nos pulmões, robustece o peito, ampara ameaçados. O Espírito é a vida do reino que se aproxima. Estamos no reino e o reino está em nós.