Antes da fala, o choro

Assim como Lutero usou os meios de sua época, fixando 95 teses em “praça pública”, hoje estamos na “praça pública digital” – com mais frequência, com outras linguagens e múltiplos formatos. Mas a mensagem permanece: Cristo para todos, nós não inovamos no conteúdo, mas traduzimos para o hoje

Ederson Wasem
Vice-presidente de Comunicação
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Antes de dizer qualquer coisa, nós choramos. Não é escolha, nem estilo – é instinto. E, convenhamos, funciona, a mãe e o pai que se lasquem para entender. O choro não precisa ser claro, nem coerente, nem criativo. Ele só precisa ser ouvido. É comunicação – desde a mais bruta até a mais eficaz.

Depois vem o tempo. E, com o tempo, o treino. A criança descobre que as palavras funcionam melhor. Que a palavra certa, no momento certo, vale mais do que um escândalo no corredor do supermercado. Aprende a usar os olhos, as mãos, as pausas dramáticas. Um repertório inteiro – só para pedir biscoito.

Depois estudamos figuras de linguagem, frases, parágrafos ordenados, desordenados, “bagunçados”, e assim gramática adiante. Mais adiante, alguns vão além — estudam retórica, ensaiam gestos, modulam a voz, pregam. São os que se tornam comunicadores por vocação. Pastores, professores, apresentadores… e, curiosamente, também os boletins de congregação com título em negrito sublinhado.

Mas a base é a mesma: comunicar é humano, dom de Deus. Intencionar a comunicação… é escolha. O que nos move, no entanto, é o Espírito Santo. A obra é de Cristo. Nós, seus instrumentos.

E aqui entra a IELB, que comunica desde 1904, oficialmente, mas já tínhamos missionários, pastores e congregações já comunicando aqui no Brasil. Começou com cartas, cultos nas casas e conversas – e hoje falamos, pelas redes da @ielboficial, com cerca de meio milhão de pessoas por mês, entre píxeis e caracteres. Isso sem contar as redes das congregações, pastores e membros. Não por técnicas de persuasão, nem por discursos enredados em “filosofias e vãs sutilezas” (Cl 2.8), mas como meio para a Palavra. Uma comunicação que é serva, capacitada pelo Espírito, intencional.

Assim como Lutero usou os meios de sua época, fixando 95 teses em “praça pública”, hoje estamos na “praça pública digital” – com mais frequência, com outras linguagens e múltiplos formatos. Mas a mensagem permanece: Cristo para todos, nós não inovamos no conteúdo, mas traduzimos para o hoje.

Neste ano em que celebramos 121 anos firmados no ensino que recebemos, seguimos comunicando. Não por acaso, mas com intencionalidade.

Com clareza, fidelidade – e uma boa conexão.

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