Inicio parabenizando o Mensageiro Luterano por abrir este espaço nesta importante revista, por onde poderemos ouvir os ecos dos líderes da IELB. É necessário conhecermos nossa liderança, seus pensamentos, seus posicionamentos e a forma que atuam nos grupos em que estão inseridos e liderando. Também quero externar minha alegria e gratidão ao editor, pastor Nilo Wachholz, por ter me convidado a inaugurar este espaço, e revelo aqui um desejo que sempre tive, de um dia escrever para o Mensageiro Luterano. Desejo que me acompanha desde minha infância. Lembro–me como se fosse ontem, eu ainda criança, percorrendo as folhas desta revista, lendo os artigos e matérias e vendo as fotos dos autores, e me pegava imaginando se algum dia iria conhecê-los pessoalmente. Deus foi tão generoso que me deu essa oportunidade e pude conhecer e até tornar-me amigo de alguns desses seletos autores que sempre me inspiraram a conhecer mais a Palavra de Deus, mais a IELB e a servir a Deus e à Igreja sempre com alegria.
Como já revelei um sonho de menino, vou revelar outro. Eu tinha o sonho de ser um ministro da Palavra de Deus, um pastor da IELB. Quando criança, brincava de pastor, fazia os cultos em casa, cantava a liturgia, pregava e orava, culto completo. Meus membros eram meu pai, Valdir, minha mãe, Cleuza, e minhas irmãs, Elisângela e Priscila. Nossa sala se transformava numa “congregação da IELB”, e que congregação fervorosa, 100% de participação dos membros. Porém, quando chegou a época de ir para o Seminário, já namorava com minha amada esposa Francieli, e para nós estava sendo muito difícil essa situação, pois não queríamos ficar separados e decidimos que no primeiro ano namoraríamos por cartas e no segundo ano casaríamos e ela iria comigo. Pois bem, chegado o dia de falar para os pais da Fran a nossa decisão, meu sogro disse que por ele tudo bem, mas minha sogra disse que não aceitava, que esse negócio de namoro a distância era difícil dar certo. E qual foi minha decisão? Continuei namorando a Fran, porém, esse desejo, esse sonho, continuou morando em meu coração.
A partir desse momento comecei a querer conhecer mais as questões administrativas da IELB, passei a estudar o estatuto, regimento e estrutura administrativa da igreja. Minha vida profissional começou cedo, tive minha carteira assinada aos treze anos e muito jovem fui trabalhar numa multinacional. Num curto espaço de tempo assumi um cargo de liderança que me exigia muito, mas para driblar todos esses desafios me capacitei, ousei e me comprometi com meus resultados e liderados. Em pouco tempo aprendi que a liderança é conquistada junto aos liderados e que ela não vem junto com o cargo de chefia que você tem. Desde então aprendi que um bom líder é exemplo, ele ensina e cobra seus liderados, e isso vale para qualquer situação de liderança, quer seja no mundo empresarial, familiar e também na igreja.
Nessa multinacional, trabalhei por 15 anos, assumi diversos cargos de liderança e também tive o privilégio de conhecer muitas pessoas, empresários e gestores, espalhados por esse imenso Brasil. Claro que nem tudo são flores, e logo no começo, quando eu tinha algum problema mais sério, a vontade era de largar tudo e ir para o Seminário; mas dessa vez a mala seria maior, pois Fran e eu éramos casados e tínhamos nossa primeira filha, Eduarda. Pensava e sempre decidia em continuar lutando e desenvolvendo meu trabalho nessa grande empresa. Mas teve um dia em que me deparei com uma situação muito delicada, e o que me veio à mente? Largar tudo e ir para o Seminário, mas dessa vez resolvi conversar com meu amigo e então meu pastor, Samuel Timm. Falei-lhe dos meus anseios, vontades e medos, e ele, sabiamente, me disse: “A Igreja não precisa somente de líderes pastores, também precisa de grandes líderes leigos, e você é um desses”. Refleti muito sobre o que conversamos e passei a me dedicar mais em conhecer a estrutura e a administração da IELB. Desde pequeno trabalhei em diversos cargos, como na escola dominical, na juventude e na diretoria da congregação. Mas a partir daquele momento, daquela conversa, entendi que Deus me chamou para servir em seu reino como leigo. Desde então, venho assumindo cargos para leigos no distrito, nos departamentos do Conselho Diretor e nas Comissões da IELB, na LLLB regional e nacional. Expandi os conhecimentos que adquiri de liderança na vida profissional e os adaptei para os cargos que assumi na IELB, tendo sempre em mente que um líder é EXEMPLO, ele ensina e cobra.
Precisamos cada vez mais de líderes capacitados na IELB, especialmente de líderes leigos, conhecedores dos estatutos, dos regimentos, da Palavra de Deus, a fim de que consigam ser sábios em suas decisões e desempenhem o papel de líderes com excelência, sendo exemplo, ensinando seus liderados, e assim sendo justos, sábios e parceiros de seus liderados para alcançarem seus objetivos. Outro ponto que destaco é que precisamos ter mais entendimento e equilíbrio na liderança compartilhada com nossos pastores, precisamos ver, de forma clara, onde cada um exerce sua liderança, e, para que isso aconteça, o diálogo contínuo, amoroso e fraterno é essencial. Essa tem sido a bandeira da Liga de Leigos Luteranos do Brasil por muito tempo, e neste mês em que comemoramos os 50 anos da nossa querida Liga, essa bandeira continua sendo nosso alvo, para que leigos e pastores, juntos, sirvam ao nosso Deus sempre com alegria. Não esqueçam, a LLLB sou eu, é você, somos todos nós!
Juliano Schneider Belz*
Serra, ES
*Juliano é casado com Francieli, o casal tem três filhos: Eduarda (17); Olívia (13) e Juliano Filho (8).