Presenciamos um tempo em que morte está sendo “curtida” de uma maneira terrível. Ela é noticiada, televisionada, vendida como produto de audiência. A intenção, alcançada, é chocar, horrorizar e amedrontar. Pessoas vacinadas choram emocionadas como se tivessem saído do corredor da morte e em parte com razão, tamanho o horror que a morte nos causa. Então olhamos para o Domingo de Páscoa e perguntamos junto com o apóstolo Paulo: “Onde está, ó morte a sua vitória? Onde está ó morte, o seu poder de ferir?” – (1Co 15) – No domingo de Páscoa, surpresos e admirados olhamos para um túmulo vazio, um atestado de vida.
Os acontecimentos da Semana Santa revelam o desenrolar de um drama que contem expectativas, escândalo, sofrimento e morte. Há o momento de expectativa e exaltação vividas no Domingo de Ramos, “- Hosana a Deus! Que Deus abençoe aquele que vem em nome do Senhor! Que Deus abençoe o rei de Israel!” – (Jo 12), e depois na mesma semana a revolta dos que gritam “- Mata! Mata! Crucifica!” – (Jo 19), a injustiça de um julgamento feito às pressas e o violentíssimo processo de flagelo, tortura, humilhação, crucificação e morte extremamente sofrida na cruz. Depois do brado na cruz “-Tudo está consumado!” – (Jo 19) a confirmação da morte com um talho medonho no abdômen de Jesus, de onde saem água e sangue atestando a sua morte. Jesus clama que tudo terminou, a obra da salvação está completa, mas os discípulos entendem apenas que as esperanças de outro tipo de restauração terminaram, agora temiam pela sua própria vida.
Sem vida, Jesus é retirado da cruz. Às pressas, é enrolado em um lençol e colocado num túmulo novo. Não há tempo de preparar o corpo para o sepultamento, a Páscoa estava começando, o serviço fica para quando terminar o sábado. Atordoados pela dor do que tinham visto e vivido, com a consciência arrasada por terem abandonado o mestre, os discípulos se escondem com medo dos judeus, teriam eles o mesmo destino, a morte?
No domingo de manhã havia apenas uma certeza, de que no túmulo havia um corpo sem vida. Marias se dirigem ao local, o coração pesado pela dor, a profunda tristeza de preparar o corpo sem vida do Senhor da Vida, e se despedir, é o adeus! No caminho uma preocupação de ordem prática, quem vai retirar a pedra que fecha o túmulo? Ao se aproximarem algo estranho, o túmulo já está aberto, retiraram, roubaram o corpo do Senhor pensa Maria Madalena, mas o anjo diz: “– Não tenham medo! Sei que vocês estão procurando Jesus, que foi crucificado, mas ele não está aqui; já foi ressuscitado como tinha dito. Venham ver o local onde ele foi posto.” (Mt 28)
É difícil crer na ressurreição mesmo que um anjo conte isso, tamanha era a certeza de morte, até que Jesus aparece e se mostra, conversa, se alimenta, abraça, é possível colocar a mão no lado que foi cortado e onde os pregos o perfuraram. Num primeiro momento acham que é uma visão, mas ele está ali, vivo. E agora no domingo de Páscoa há apenas uma certeza, Jesus está vivo! E nessa certeza caminhamos junto com os discípulos, ele está, vivo, a morte foi vencida e tudo o que tinha que ser feito pela nossa salvação, foi feito. O Santo de Deus voluntariamente entregou a sua vida e a retoma, pois é Senhor da vida.
Por isso no domingo de Páscoa há apenas uma certeza, a certeza da ressurreição e da vida!
Pastor Rubens José Ogg