A confortável e segura cama dos pais

Uma das coisas mais simples e belas entre pais e filhos é a cama. Sim, a cama dos pais! Acho difícil um adulto que, nos tempos de criança, não tenha corrido para a cama dos pais em algum momento da noite. Pode ter sido em meio a um temporal, repleto de raios e ventos. Ou no silêncio da noite, quando os velhos casarões de madeira começavam a fazer ruídos assustadores. Sem falar nos terríveis pesadelos que nos faziam procurar o conforto e a segurança da cama dos pais.

Filhos que correram e ainda correm para a cama dos pais querem proteção. Querem aliviar seus medos, acalmar o coração. Também nesses dias de inverno, quando se jogam para debaixo das cobertas dos seus pais e desafiam as leis da física, para que dois corpos ocupem o lugar de um. E como pai, preciso dizer que este é um dos belos momentos da vida. Simples, de graça e marcante. Para os pais e para os filhos.

Mas os filhos crescem. Nós crescemos. Abrimos asas e voamos para fora do ninho. Enfrentamos um mundo onde a cama dos pais já não é mais uma opção de refúgio. Quem dera que nossos medos continuassem restritos a temporais, pesadelos e barulhos estranhos à noite. À medida em que crescemos, também crescem nossos medos, ansiedades e tribulações. A vida adulta coloca tantos fardos em nossos ombros! As responsabilidades, os fracassos, as culpas, os pecados e as vergonhas. E, na vida real, os pesadelos não se resolvem ao abrir os olhos. Eles são enfrentados por longos dias, bem acordados e mergulhados em lutos e lágrimas.

Continuamos precisando de algo seguro e confortável. Bem ao estilo da cama protetora de nossos pais. Precisamos de um refúgio para onde possamos correr e carregar para lá nossos medos, lágrimas e culpas. Um lugar onde seremos aceitos sempre. Incondicionalmente. E esse lugar existe. Melhor dizendo, este alguém existe e é retratado no livro dos Salmos exatamente como um refúgio, uma fortaleza, um local seguro de abrigo. Cremos, ensinamos, confessamos e nos consolamos que o SENHOR é este que nos acolhe e nos oferece abrigo.

Mergulhando no livro dos Salmos, veremos este amor de Deus pintado neste tom de refúgio e proteção. O salmo 18.2 diz que “o SENHOR é a minha rocha, a minha fortaleza e o meu libertador. O meu Deus é uma rocha em que me escondo. Ele me protege como um escudo; ele é o meu abrigo, e com ele estou seguro”. O salmo 9.9 afirma que “o SENHOR é um abrigo para os que são perseguidos; ele os protege em tempos de aflição”. O salmo 46.1, tão especial para nós, luteranos, carrega a grande confissão de que “Deus é o nosso refúgio e a nossa força, socorro que não falta em tempos de aflição”.

Corramos para esse refúgio. Nos abriguemos nessa fortaleza. Carreguemos conosco nossas aflições, as vergonhas, as culpas, as dores da vida. Abrigados sob a graça de Deus, os pecados são perdoados, os medos, acalmados, e as lágrimas, enxugadas. Os pesadelos não desaparecem, mas há alguém que sussurra em nosso ouvido: “Não fiquem com medo, pois estou com vocês; não se apavorem, pois eu sou o seu Deus” (Is 41.10).

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