Agosto é o mês em que homenageamos os pais. Ser pai é uma bênção, um privilégio muito grande, mas também uma enorme responsabilidade.
Na atualidade, com a pandemia da Covid 19, e, em consequência, o isolamento social, cresce cada vez mais a comunicação virtual. Isso respinga também para dentro do próprio lar. Parece que as pessoas quase não conversam mais, olho no olho, apenas digitam, tocam em telas. O relacionamento entre pais e filhos diminuiu e quase não há mais diálogo. Sentar-se para conversar, aconselhar, ouvir, ensinar, aprender, brincar, momentos tão valiosos e importantes na família, são deixados de lado, e isso é uma perda quase irreparável.
O poder das palavras
Se cada pessoa pudesse dimensionar a importância e as consequências das palavras, certamente pensaria melhor antes de usá-las. Palavras traduzem comunicação. Faladas, escritas ou por sinais, elas expressam os nossos mais diversos e profundos sentimentos.
Por curiosidade, compartilhamos aqui uma pesquisa, publicada na revista Science, em 2007, que mostrou que as mulheres falavam uma média de 16.215 palavras por dia, e os homens, 15.669. Uma diferença até pequena se levarmos em conta o que, com certeza, já ouvimos muitas vezes, que a mulher fala mais que o homem. Independentemente de ser mulher ou homem, o ser humano, constantemente, vive falando, e cada palavra que diz, tem o seu jeito e o momento de ser dita. As pessoas que ouvem, podem se sentir amadas, felizes, elogiadas, valorizadas, ou então, tristes, desconfiadas, confusas, inferiorizadas e excluídas, dependendo do que lhes é dito. Isso, certamente, é muito forte, em se tratando do relacionamento entre pais e filhos.
A importância das palavras na vida das crianças
Quem convive com crianças menores, às vezes não imagina como elas, na sua maioria, são sensíveis às palavras, e o quanto é importante a maneira de se comunicar com elas. Os pequenos precisam de palavras de incentivo para crescerem com segurança; de “sim e não” para saberem os seus limites; de palavras carinhosas para se sentirem amados e apoiados. Quando isso não acontece, é comum ouvirmos pessoas que, na fase adulta, se queixam ou desabafam sobre as marcas negativas da sua infância por não terem ouvido palavras de incentivo e elogios dos seus pais. Infelizmente, nos momentos de nervosismo, pressão e até mesmo de raiva, sem querer, os pais acabam machucando os seus filhos, dizendo palavras que, ao invés de construir, ajudam a desconstruir, causando tristeza intensa, baixa autoestima e até medo.
Palavras ajudam a criar a autoimagem
Sabemos que os pais influenciam diretamente na construção da identidade dos seus filhos. Dependendo das palavras, podem ajudá-los a terem uma visão positiva ou negativa de si mesmos.
Algo muito triste são os apelidos e rótulos pejorativos que são colocados nas crianças. Não ajudam em nada, não são engraçados e podem até causar traumas que serão levados para a vida toda. Algo que dói muito é ver, num relacionamento entre pais e filhos, o uso de palavras como “burro, chato, idiota, feio” e outras mais. Além de envergonhar, quando são usadas com frequência, acabam sendo absorvidas pelas crianças, fazendo com que se sintam inferiorizadas e, com certeza, passarão a fazer parte do vocabulário delas também no relacionamento com pessoas de fora da sua família.
Ao fazer um elogio ou ao ter que chamar a atenção dos filhos, os pais não deveriam falar de cima para baixo, com autoritarismo, mas na altura deles, com amor e autoridade, olhando diretamente nos olhos. Pensem na oportunidade de contribuir para a formação daqueles que são seus tesouros aqui no mundo.
Usando a mesma linguagem
Não existe outro lugar, outra situação, onde as palavras, a comunicação presencial seja mais importante do que no ambiente familiar.
Todos nós sabemos que a família é a base da sociedade. É na família que tudo começa, é ali que as crianças aprendem a se comunicar. Essa lição lhes é ensinada pelos primeiros e mais importantes professores, os pais. Alguém disse: “As palavras afetuosas constroem famílias fortes”. Para que isso possa acontecer, pai e mãe precisam usar a mesma linguagem. Os filhos percebem muito bem quando não há essa sintonia e, na maioria das vezes, se aproveitam da situação. Faria muita diferença se os pais, todos os dias, buscassem a Deus em oração e pedissem a sua orientação na importante missão de educar os seus filhos.
Contribuição na disciplina
Corrigir sempre, mas com brandura e gentileza. Se tiverem que ser mais enérgicos, como disse o sábio Salomão em Provérbios 13.24: “O que retém a vara odeia o seu filho, quem o ama, este o disciplina desde cedo”, façam isso com amor, mostrando o porquê de tal atitude. Não gritem com seus filhos, falem com carinho. Se gritarem, eles aprenderão a gritar também. Não usem palavrões, nem gestos que sabem não serem dignos de um bom pai. Lembrem-se sempre de que é na família que acontece a transmissão dos valores. O apóstolo Paulo nos dá uma importante recomendação: “E vocês, pais, não provoquem os seus filhos à ira, mas tratem de criá-los na disciplina e na admoestação do Senhor” (Ef 6.4).
A palavra de Deus sempre presente
A Bíblia está repleta de palavras que nos ajudam e orientam. Em Provérbios 12.18 lemos que “Palavras precipitadas são como pontas de espada, mas as palavras dos sábios são remédio. E, logo adiante, lemos: “A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira” (Pv 15.1). É em Deus que devemos procurar ajuda para não magoar alguém através das palavras. Quando Deus nos diz em Provérbios 22.6: “Ensine a criança no caminho em que deve andar, e ainda quando for velho não se desviará dele”, isso envolve todos os aspectos da vida, também no modo de falar e tratar os filhos e as pessoas em geral. Por isso os pais devem sempre fazer uso da linguagem que gostariam que os filhos usassem.
Nunca esqueçam de lhes inculcar, ensinar a vontade de Deus. Assim como Deus disse para Moisés, e através de Moisés ao povo de Israel e a todos nós: “Estas palavras que hoje lhe ordeno estarão no seu coração. Você as inculcará a seus filhos, e delas falará quando estiver sentado em sua casa, andando pelo caminho, ao deitar-se e ao levantar-se” (Dt 6.6 e 7). Para ensinar e falar a Palavra de Deus aos filhos, é preciso que antes essa Palavra esteja em seu coração.
Não há lugar melhor do que na família, para falar e ensinar sobre o amor de Deus. Assim os filhos conhecerão o Salvador Jesus desde cedo, e dele não mais se afastarão. Os momentos devocionais e as orações devem fazer parte do dia a dia em nosso lar. Essa prática muitos tem esquecido e deixado de lado, e isso é lamentável.
Assim, criando os filhos no caminho do Senhor, com uma boa comunicação no lar, podemos ter a certeza de que as palavras ditas e aprendidas num ambiente de amor e respeito, contribuirão muito para dias mais felizes. Que Deus nos abençoe sempre.
Pastor Egon Kopereck
Tânia Eloisa kopereck
Bagé, RS