Aos professores, com carinho. E às crianças também!

Na escola se aprende a arte, o conhecimento, a complexidade e as resoluções de problemas que envolvem as áreas da ciência. Mas é em casa, através da vocação de pai e mãe, que os filhos de Deus são educados para a vida

A espiritualidade moderna, por vezes, pinta um Deus que habita apenas nas nuvens. Distante. Sem interesse na vida comum e diária. Que age apenas quando é invocado. Fora isso, não se mistura com o banal. Aliás, nesse sistema de espiritualidade desvinculada de uma denominação ou até mesmo de um credo, Deus poderia ser pintado e retratado a bel prazer. Formatado de acordo com cada situação. À la carte.

          Outubro já nos bate à porta e, com ele, os festejos do aniversário da Reforma Luterana. Nada mais justo de lembrar que a fé cristã luterana não pinta um Deus apenas nas nuvens, distante da sua criação e atendendo apenas em uma espécie de SAC – Sistema de Atendimento ao Crente, quase um 0800 a ser acionado nas crises. Não. A teologia luterana aponta para um Deus que, sim, está em toda sua glória nos céus, mas que também tem sua mão presente continuamente em sua criação. Que cuida e se alegra na vida comum, aqui mesmo, debaixo das nuvens.

Lutero trouxe esse ensino bíblico de volta à sociedade quando trabalhou a questão das vocações. Deus está cuidando, protegendo e alegrando a vida através das vocações. Essas funções são divididas em três áreas: família, igreja e sociedade. Nessas três esferas, Deus usa suas máscaras para estar bem presente na vida diária. Através do colo de mãe, Deus acalma o filho que teve um pesadelo. Através do gari, Deus está mantendo a cidade limpa. Através do pastor, Deus está anunciando sua Palavra e servindo o banquete da ceia e o novo nascimento através do batismo.

          Mas outubro não é apenas o mês para celebrar a Reforma Luterana. Dia 15 de outubro é Dia dos Professores. Uma vocação que Deus colocou na mão de homens e mulheres. Diga-se de passagem, que, de todas as profissões, esta é a em que os brasileiros mais confiam – de acordo com a pesquisa Índice Global de Confiança 2023. Sem dúvida, uma das vocações mais nobres que há debaixo das nuvens. Você já parou para pensar que a vocação de professor é a aquela que prepara, praticamente, todas as demais vocações? Em sua sala de aula, os professores têm futuros profissionais que Deus já está moldando.  

          Em tempos de terceirização de quase tudo, por mais nobre e digna que seja a docência, ela não pode e nem deve assumir outra nobre vocação: a dos pais. Escola ensina. Pais educam. Na escola se aprende a arte, o conhecimento, a complexidade e as resoluções de problemas que envolvem as áreas da ciência. Mas é em casa, através da vocação de pai e mãe, que os filhos de Deus são educados para a vida. Aliás, ainda em outubro há o Dia das Crianças. Não se deve terceirizar aos outros aquilo que é competência da vocação paterna e materna. O colo, a atenção, as cócegas, as histórias contadas ao pé da cama, o passeio com sorvete. Ética e princípios são ensinados em casa, na nobre vocação do lar. Fé cristã também se aprende em casa. Pelo exemplo. Pelo ouvir das clássicas histórias bíblicas. Por estar juntos no culto. Aprendendo que alimentar-se na Palavra não é apenas algo a se fazer em alguns domingos ou apenas no Natal.

          Deus seja louvado pelos festejos de outubro. Reforma Luterana, Dia dos Professores, Dia das Crianças, Dia do Idoso, entre outras datas. Em tudo isso, vemos um Deus que se importa e age na vida comum. Um Deus que não está apenas nas nuvens, mas que se fez carne e habitou entre nós, cheio de amor e de verdade. Graças a Jesus e ao seu perdão, podemos viver nossas vocações sabendo que o mais importante já está resolvido: a vida eterna!

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