Esse foi o pedido do meu filho de 6 anos em sua oração, antes de dormir: “Querido Deus, que os maus fiquem bons, mas se eles não quiserem, a gente respeita”.
Como tem sido difícil respeitar o outro, e não apenas quando achamos que ele é o vilão e eu o mocinho, mas até mesmo nos pequenos conflitos, quando alguém torce para outro time, tem uma visão política diferente da minha, quando as escolhas são diferentes das que considero ideais.
Dias após aquela oração, tivemos oportunidade de voltar ao assunto, quando nosso filho mais velho teve como tarefa de casa falar com o pai e a mãe sobre onde estavam quando ocorreram os atentados do dia 11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos. Contei que estava fazendo um curso e que meu professor disse que essa data entraria para a história. E entrou. O Teodoro, que ouvia minha conversa com o Rafael, perguntou o que tinha acontecido. Amenizando os detalhes, falamos sobre os aviões que foram jogados contra duas torres de um grande prédio em Nova Iorque e que os homens maus tinham obrigado os pilotos a fazerem essa ação horrível. Impressionado, ele perguntou: “E eles morreram junto? Por que fizeram isso?” Algo difícil de entender, explicar.
Ao lembrar a ele que, infelizmente, existem pessoas más e a maldade no mundo, fiquei pensando comigo mesma que tudo seria mais tranquilo se o ser humano vivesse a vida sob a ótica das crianças. Em vários assuntos, experimente contar a uma criança algum fato que esteja dividindo opiniões, tenho certeza de que será surpreendente ver o quão rápido ela dará um veredito muito mais justo e simples do que nós adultos.
Não é por acaso que quando os discípulos perguntaram a Jesus quem era maior no reino dos céus, ele chamou uma criança e disse: “Em verdade lhes digo: se vocês não se converterem e não se tornarem como crianças, de maneira nenhuma entrarão no Reino dos Céus” (Mt 18.3). A Bíblia demonstra que as crianças são muito perspicazes em compreender as coisas de Deus. Ele as usou, várias vezes, como mensageiras e modelos — especialmente quando os adultos pareciam ter se corrompido demais para ouvir ou responder.
A Bíblia ensina que é preciso levar as crianças a sério, assim como Deus o faz! Talvez nada entristeça mais a Jesus do que fazer uma criança “tropeçar”. Seguindo a leitura de Mateus 18, Jesus fala: “E, se alguém fizer tropeçar um destes pequeninos que creem em mim, seria melhor para esse que uma grande pedra de moinho fosse pendurada ao seu pescoço e fosse afogado na profundeza do mar. Ai do mundo por causa das pedras de tropeço! Porque é inevitável que elas existam, mas ai de quem é responsável por elas!”
Neste ano, um dia antes do 11 de setembro, outro fato ocorreu e ficará marcado na história. O cristão Charlie Kirk foi morto durante um debate numa universidade norte-americana, por alguém que não concordava com suas ideias. O que mais me emocionou e emociona, agora, ao lembrar, é um trecho do pronunciamento que a viúva fez dias após o falecimento do marido. Erika Kirk disse que a filha de 3 anos perguntou onde estava o papai. Ela respondeu: “O papai a ama muito, não se preocupe, ele está fazendo uma viagem a trabalho com Jesus”. Que, assim como essa família, sejamos testemunhas de Cristo, nos posicionando com respeito, comunicando sua Palavra aos bons e aos maus, orando por todos, como nosso filho fez, e que caminhemos lado a lado com Jesus aqui nesse mundo, para continuarmos junto dele na vida eterna. Mesmo que neste mundo exista a maldade, assim como diz o Salmo 23.6, a bondade e a misericórdia divinas nos acompanham todos os dias e para sempre.
*Aline Gehm Koller Albrecht
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