Vem, Senhor Jesus!

Bom, chegou o momento que eu sabia que chegaria. O tempo de escrever sobre o Dia dos Pais, mas, desta vez, sem o meu pai. E o escrevo com um nó na garganta. Em 18 de março o perdemos, depois de uma longa batalha contra um câncer. Às 22h10, em minhas mãos, no hospital de Ijuí, RS.

Este texto não é uma forma de homenagem. Até porque, isso deve ser feito em vida. E foi. Lembro que, há algum tempo, foi-me pedido para escrever para o Mensageiro Luterano sobre situações com aplicativos de transporte, e pedi para ele me relatar alguns fatos pitorescos em sua vida de taxista. Fiz questão de mencioná-lo e contar suas histórias, para orgulho dele. Para a edição do ML de agosto do ano passado, escrevi que quando nasce um filho, nasce também um pai, relatando que o seu Rony, meu pai, aprendia com maestria essa nobre arte a cada novo dia. E sei que ele lia tudo e guardava tudo em seu coração. Como um bom vinho, maturado pelo tempo, Deus o foi transformando em um pai sábio e conselheiro. Cada vez melhor.

A dor de perder um pai é diferente de todas as outras. O leitor que passou por isso, sabe. Já experimentamos lutos trágicos e prematuros. Mas a dor de perder um pai é diferente. É a perda de um amor incondicional. De apoio irrestrito. Dos melhores conselhos para a vida. Minha perda é recente. Mas tenho certeza de que, mesmo que décadas se passem, a falta de um pai é constante na vida de um filho. A falta de tê-lo para contar as alegrias da vida. O pedido de um conselho. De um abraço. De um churrasco no domingo. De uma visita. De uma mensagem no WhatsApp.

Neste processo de perda, Deus me deu um privilégio. De acompanhá-lo em seus últimos dias, junto de toda nossa família. Naquele quarto de hospital, tive a honra de ser, por um tempinho, pastor do meu pai. Lembrá-lo do batismo. Da graça e da misericórdia de Deus em não nos tratar de acordo com nossas culpas, mas de nos perdoar através de Jesus. Falei ao seu ouvido diversas vezes: “Se Jesus estiver lhe chamando, pode ir, pai. Está tudo bem. Quando estamos com Jesus, está tudo bem. Não precisa ter medo. Quando ele te chamar, pode ir”. E, naquele sábado à noite de 18 de março, percebendo que sua respiração ficava suave e espaçada, lembrei de fazer algo muito especial. Em seu ouvido lhe desejei a bênção: “O SENHOR te abençoe e te guarde. O SENHOR faça resplandecer o seu rosto sobre ti e tenha misericórdia de ti. O SENHOR sobre ti levante o teu rosto e te dê a paz”. E, imediatamente, tudo cessou. Descansou. Nas mãos de Jesus. Uma morte bem-aventurada.

Algo que expressamos em todos os cultos e afirmações de nossa fé cristã é de que Jesus voltará para julgar a vivos e mortos. E que cremos na ressurreição da carne. Isso não é algo meramente filosófico ou hipotético. É fato que o SENHOR nos deixou registrado em sua Palavra. Vai acontecer. E, quando se perde um pai cristão, não há como não lembrar desse pai quando se ora as palavras de Apocalipse 22.20: “Vem, Senhor Jesus”. A perda de um pai cristão é mais um motivo para clamar pela volta de Jesus, pela ressurreição dos mortos, pelo novo céu e nova terra.

Enquanto este dia não chegar, nos cabe estar preparados. Ouvindo a Palavra. Alimentando-nos na santa ceia. Usando os canais que Deus instituiu para inundar nosso coração com seu Espírito, seu consolo, sua graça. Agora, junto-me a tantos outros filhos cristãos, com saudade de seus pais cristãos, e que oram: “Vem, Senhor Jesus!”

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