Há algumas semanas assistimos ao encerramento dos jogos olímpicos de Tóquio. A Olimpíada marcada pela pandemia. E por algo que, até então, era inimaginável. Uma atleta multicampeã desistindo da sua prova e da medalha olímpica. Isso aconteceu com a ginasta americana Simone Biles. Ela não desistiu por lesão, protesto ou irregularidades, mas por crises de ansiedade. Não aquela ansiedade natural, mas a ansiedade que nos afunda em medos irracionais, que corroem a mente e o coração, que faz sofrer por antecipação e enxergar monstros e terrores irreais. Essa forma de ansiedade torna frágil e descompassado até mesmo um corpo forte e saudável, como o de Simone Biles.
No quesito ansiedade, o Brasil carrega a triste medalha de ouro. Segundo a Organização Mundial de Saúde, somos o país mais ansioso do mundo. Em 2014, a Universidade de São Paulo (USP), divulgou que a capital paulista tem índices de ansiedade semelhantes a países em guerra. E eis que entra em cena a triste pandemia, alavancando o consumo de ansiolíticos e antidepressivos. Estamos mergulhados em uma sociedade adoecida emocionalmente, que dorme à base de calmantes e que se identifica com a americana Simone Biles.
Cristãos batizados e alimentados nos meios da graça estão sujeitos aos transtornos de ansiedade, às crises depressivas e aflições. A fé cristã não é uma caixinha de acrílico que nos blinda dos males da vida aqui. Não precisamos nos martirizar com questionamentos a respeito de que tipo de cristãos nós somos, quando mergulhados em crises emocionais. Ansiedades e depressões são as pontas de um enorme iceberg. Nosso ser é pecador. E isso se reflete também em nossa saúde mental, emocional, física. Transtornos emocionais não são falta de fé, mas a realidade da criação corrompida pelo pecado.
A morte e a ressurreição de Cristo nos garantem novo céu e nova terra, onde finalmente estaremos livres do pecado e de suas consequências. No céu não teremos ansiolíticos, antidepressivos, ansiedades. Mas aqui, sim. Mesmo que, pelas águas do batismo, tenhamos sido levados à verdadeira e pura fé cristã e que nossos olhos estejam fixos na volta de Cristo, precisamos conviver com as mais diversas aflições. Cristãos também choram, sofrem, vão ao fundo do poço. Mas jamais sozinhos. Jamais. Em hipótese alguma. Mesmo que a mente e o coração estejam corroídos pela ansiedade, o Senhor continuará dizendo: “Não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou o teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a minha destra fiel” (Is 41.10).
Deus ama vidas ansiosas, depressivas e aflitas. Deus ama corações quebrantados. Palavras do confortador salmo 34: “Perto está o SENHOR dos que têm o coração quebrantado e salva os de espírito oprimido”. Deus não está distante ou isento dos aflitos. Está perto. Aliás, mais do que perto. Está “Emanuel”, está Deus conosco!
Através de tratamento profissional, psicológico e psiquiátrico, Deus quer continuar livrando seus filhos e filhas de seus transtornos emocionais e de suas aflições. E, através da sua poderosa Palavra, o Espírito Santo quer continuar guardando “o vosso coração e a vossa mente em Cristo Jesus” (Fp 4). O coração e a mente do cristão, mesmo quando transtornados por ansiedades e depressões, continuam sob os cuidados do Senhor.