“Tu, Senhor, és sempre o mesmo, e os teus anos jamais terão fim. Os filhos dos teus servos habitarão seguros, e diante de ti se estabelecerá a sua descendência” (Sl 102.27,28).
Já faz mais de um ano que em nome da proteção contra a Covid-19, ficamos isolados em nossas casas e lares. Até ficamos longe da maioria dos nossos mais caros e queridos familiares e amigos. E, pior do que isso, estamos impedidos de ir ao culto e à santa ceia. Nossa comunhão fraterna visível com os irmãos está por um fio. Isso tudo nos preocupa. Mas há uma pergunta que nos preocupa ainda mais, que é: Como estou eu, tanto no físico como na alma, depois deste tempo longo de isolamento? Nós mesmos sentimos em nós as respostas. Nossa força física se reduziu muito, e andamos a passos mais lentos e mais trôpegos. Apareceram mais problemas em nossa saúde. Nossas mentes se sobrecarregaram com a renúncia de direitos que tínhamos, se encheram de perguntas sobre como será tudo daqui para frente, e ficaram muito mais inquietas. Em conclusão: Como e onde estaremos nós, quando a Covid-19 acabar? Como e onde estarão os nossos amados, e nossos irmãos na fé em Cristo, depois desta pandemia?
Deus nos permite ver um horizonte na história de Moisés. Este servo de Deus já peregrinava 40 anos pelo deserto, confiando na promessa do Senhor de poder conduzir seu povo para a “terra prometida”. Como Moisés ouvira Deus dizer, que ele mesmo não entraria em Canaã, deve ter perguntado: Como e onde estarei eu quando esta peregrinação acabar? Deus lhe dá a resposta, quando o conduz ao pico do monte Nebo, e lhe mostra a terra de Canaã, e então lhe fecha os olhos, e manda o arcanjo Miguel guardar seu corpo para a vida eterna. Enquanto que o povo de Israel, o qual conduzira por quatro décadas, seria conduzido para Canaã, agora sob a liderança do seu sucessor, Josué.
É de algo assim que o salmista nos lembra no Salmo 102. Nele está escrito que Deus muitas vezes já nos “elevou” na vida, mas que, em outras tantas, ele nos “abateu”. Cada um de nós precisa confessar: “Como a sombra que declina, assim (declinam) os meus dias”. Depois deste tempo de isolamento, são bem maiores “as sombras” do entardecer de nossas vidas, e nós nos sentimos semelhantes à relva que está secando. Mas nem por isso o salmista entra em pânico, porque diante dele está o Deus Eterno. Nessa certeza ele proclama: “Tu, porém, és sempre o mesmo, e os teus anos jamais terão fim”. E em Hebreus 13.8 está escrito: “Jesus Cristo ontem e o hoje é o mesmo, e o será para sempre”. Ele, em nosso lugar e a nosso favor, se entregou à morte, e nos adquiriu o puro e pleno amor de Deus, que no Salvador nos perdoa todas as culpas. Cristo anda à nossa frente nesta jornada pelo Coronavírus, e, mesmo que estejamos trôpegos, nos garante: “De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te desampararei” (Hb 13.5). E, quanto aos nossos queridos e irmãos na fé, diz o salmo, que “estes habitarão seguros diante de ti, Senhor”. Ou seja, Deus, pelo evangelho, zelará pela salvação deles.
Por isso, caros irmãos e irmãs na fé, em especial vocês, já mais idosos. Assim como o próprio Deus Eterno esteve com Moisés, mesmo nos momentos mais difíceis, ele também está conosco. Podem nossas forças vacilar e murchar, mas o Senhor Jesus jamais vacila, nem cochila. Ele, como afirma o Salmo 121, “guardará a nossa saída e a nossa entrada, desde agora e para sempre”. Nele – e com ele – temos “paz sem fim” (Is 9.7). Confiantes, oramos: “Pai Nosso, seja feita a tua vontade” em minha vida e na vida dos meus queridos, também neste tempo de pandemia e Covid-19. Assim seja, amém!