VOCÊ MERECE ATENÇÃO!
Os dias estão mais difíceis? O mundo parece que perdeu a cor? Os planos para o futuro parecem sem sentido? Tudo parece irritar você ou fazer você chorar? Se sente sem energia? Seus sentimentos merecem atenção e devem ser ouvidos. Vamos falar sobre depressão? Com respeito e cuidado, sem julgamentos, pois é uma doença grave e precisa ser tratada.
Mas como saber se estou passando por um momento de tristeza ou se estou com depressão? São muitas as dúvidas a respeito, então vamos falar sobre alguns pontos importantes sobre essa doença silenciosa, ok?
É ÓBVIO! MAS PRECISAMOS FALAR SOBRE O ÓBVIO
Ainda ouvimos no meio cristão comentários a respeito da depressão como: “Cristão de verdade não fica deprimido”; “Isso é falta de fé, falta de Deus na vida”; “Quem ora todos os dias não se sente triste e angustiado”; você já escutou algo parecido na sua igreja?
Pois bem, a depressão NÃO é uma manifestação de imperfeição de caráter ou de fraqueza humana. NÃO é falta de Deus ou falta de fé. E esses comentários, além de injustos e de não ajudar em nada, ainda afastam as pessoas do convívio com a comunidade de fé.
Mas, afinal, o que é depressão?
UM SORRISO PODE ESCONDER UMA DOR QUE MACHUCA O CORAÇÃO
Todos nós passamos por maus dias, dias de tristeza relacionados a acontecimentos como luto por uma perda, frustrações, estresse, término de um relacionamento, perda do emprego, ou seja, causados por situações externas. Esses sentimentos são normais, afinal, momentos de tristeza fazem parte da nossa vida e é muito importante sentirmos e vivenciarmos esses momentos para podermos seguir em frente após a ferida cicatrizar.
Interessante pensar que as tristezas NÃO vividas, NÃO curadas ou escondidas podem desencadear uma depressão e afetar negativamente como a pessoa se sente, age e pensa. Pode também afetar a rotina da pessoa por um tempo superior a semanas ou meses, fazendo-a necessitar de ajuda profissional.
Você consegue se identificar com algum destes sintomas? Perda de energia ou interesse nas atividades rotineiras, humor deprimido, dificuldade de concentração, alterações do apetite e do sono, lentificação das atividades físicas e mentais, sentimento de pesar ou fracasso, baixa autoestima, ansiedade e insegurança. Então ligue o alerta!
VAI ARRUMAR O QUE FAZER! COMO ASSIM?
Não gosto de rótulos, e depressão, hoje em dia, se tornou um grande rótulo social com uma grande carga de preconceito e falta de informação. As pessoas se rotulam como deprimidas ou apontam para outros rotulando sem conhecer a realidade, a vivência e a experiência dessa pessoa. Diria que o maior problema da depressão é esse julgamento cruel e que de nada ajuda, muito menos resolve problemas. O que resolve então?
Algumas pessoas precisam apenas ajustar um pouco o seu estilo de vida, outras podem necessitar de cuidados médicos intensificados. Para ambos os casos, procurar ajuda profissional de psicólogas e psiquiatras é uma boa dica, pois você será escutado sem julgamentos.
A depressão também é causada pela falta de regulação dos neurotransmissores que fazem os neurônios se comunicarem, e que equilibram o seu sistema interno, por isso, em casos mais agravados, é necessária medicação que deve ser indicada por um psiquiatra. É importante lembrar que os antidepressivos não curam a depressão, mas, sim, aliviam os sintomas físicos causados por ela.
Importante também diferenciar psicoterapia e terapia. Ouvimos muitas vezes as frases “Vai arrumar o que fazer”; “Vai lavar uma louça que passa”; ou, até mesmo, “Meu crochê é meu psicólogo”; “Bater papo com amigos é a melhor terapia”; “Nada que um futebol não resolva”. Ter atividades interessantes na sua rotina, fazer exercícios físicos, ter um hobby e falar com amigos é terapêutico, sim, e são momentos muito importantes também como rede de apoio. Por isso, aliado a medicação e/ou terapias de apoio, é necessário o acompanhamento da psicóloga em psicoterapia para analisar as causas do problema e como lidar com eles de forma saudável. Autoconhecimento é difícil, mas é a solução mais eficaz.
QUEM PODERÁ ME DEFENDER?
Conviver com a depressão não é nada fácil, você vai precisar de ajuda. Quando só conseguimos visualizar o lado ruim das coisas, necessitamos ser guiados pelos olhos de quem nos ama e está enxergando melhor neste momento. Quando a única coisa que nosso coração nos diz é negativo e desesperador, precisamos de apoio de quem nos consola com palavras de esperança. Quando não acreditamos que há “luz no final do túnel”, precisamos de quem nos guie até lá. Aí está a grande importância e necessidade da família nesse processo, para entender, ter paciência, acompanhar e apoiar o tratamento, pois a depressão não afeta apenas a pessoa, mas, sim, toda a família.
O primeiro passo para “dar a volta por cima” é admitir a gravidade do seu problema e que precisa de ajuda. O segundo passo é rodear-se de pessoas que podem ajudar você, familiares, amigos e profissionais. Durante o tratamento, será fundamental desafiar os pensamentos negativos, eles virão, porém não se apegue a eles. Deixe que eles passem e procure pensar nas coisas simples e boas da vida.
A família deve inteirar-se do problema, admitir e procurar ajuda também. Muitas vezes é preciso que um familiar busque ajuda profissional antes do próprio adoecido e, assim, aprender a lidar com o problema e direcionar a melhor forma de tratamento para o seu amado familiar.
Há muitas pessoas sofrendo de depressão e não compartilham porque desejam “preservar sua imagem”, ou, ainda, não querendo “incomodar os outros com meus problemas”. No entanto, o Senhor da igreja não hesitou em compartilhar sua dor e pedir por companhia. Em Mateus 26.37-38 nos é relatado: “E, levando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a sentir-se tomado de tristeza e de angústia. Então lhes disse: A minha alma está profundamente triste até a morte; fiquem aqui e vigiem comigo”. Creio que nós não deveríamos nos preocupar com o que os outros vão pensar ao buscarmos ajuda.
PENSE NISSO
Procurar ajuda profissional não irá me afastar de Deus, não irá acabar com meu casamento ou prejudicar minha família, pelo contrário, me fará perceber a qualidade das minhas relações. E são essas relações que garantem a minha qualidade de vida e bem-estar físico e emocional.
Não existe uma receita ou fórmula para não entrar em depressão ou para sair dela. Cada pessoa sente a depressão de um jeito, de uma maneira particular e única. Cabe a nós cristãos seguirmos os ensinamentos de Deus expressos através de Paulo aos Romanos, 12.15: “Alegrem-se com os que se alegram e chorem com os que choram”. Sem julgamento, sem preconceito, amparando e orando.
*Daniela von Mühlen
Psicóloga Clínica – Terapeuta de casal e família
Manaus, AM
@danielavonm