Não há como negar que a tecnologia é útil e facilita a vida. Através de diferentes aplicativos, é possível fazer compras, pedir pizza, pagar as contas, realizar transferências bancárias, participar de cultos, estudos bíblicos e devoções diárias. Nós, brasileiros, gostamos de aplicativos. É o que revela o estudo State Of Mobile 2022. Somos o quarto país que mais baixou aplicativos em 2021.
Esse mesmo estudo nos traz uma informação, no mínimo, curiosa. Somos o país que mais utiliza celulares no mundo. Cerca de 5 horas e meia de nosso dia passamos olhando para uma tela. Cenário alavancado pela pandemia, que nos lançou especialmente para dentro das redes sociais. Ambiente por vezes abençoado, de crescimento. Mas, por vezes, tóxico. O neurocientista francês Michel Desmurget alerta a sociedade para a toxicidade do uso indiscriminado das telas por crianças e adolescentes, afetando o desenvolvimento intelectual, emocional e físico – e eu acrescentaria, por própria conta e risco: afetando também a fé e a vida cristã, dependendo do conteúdo acessado. A psicóloga e professora da UFRJ, Anna Lucia Spear King, traz dados que apontam para os efeitos das redes sociais em nosso cérebro. Há liberação de substâncias químicas, como dopamina, endorfina e serotonina, que nos dão sensação de prazer – e que geram o círculo vicioso, nos fazem querer sempre mais da virtualidade.
Também diante de uma tela, precisamos da sabedoria do Senhor. Esta mesma, que emana da fé cristã e que é retrata em Provérbios 1.7: “Para ser sábio, é preciso primeiro temer a Deus, o Senhor”. Sabedoria para um uso consciente e saudável de toda esta tecnologia que está na palma da mão. É perigoso viver cegamente sob o fascínio das redes sociais, a tal ponto de estar mergulhado em um poço sem fundo, nocivo, deixando de perceber as bênçãos de uma vida, por vezes, desconectada. Esta desconectividade, se é que existe este termo, foi experimentada por voluntários americanos. A Universidade de Stanford fez uma pesquisa entre 2.844 pessoas, as quais foram divididas em 2 grupos. Em um grupo a pesquisa implantou abstinência total do Facebook, por um mês. Ao outro grupo, vida normal, de conectividade plena. O resultado da pesquisa é intrigante: um aumento significativo na qualidade de vida, na sensação de bem-estar, na satisfação e melhoras em quadros de ansiedades no grupo que se desconectou.
Eis o dilema das redes – nome de um interessante documentário disponível na Netflix. A mesma rede social que trouxe a Palavra de Deus para dentro de nossos lares em tempos de pandemia (e que continuará trazendo) é a mesma que pode ruir, lentamente, nossa saúde mental, física e emocional. Sigamos a orientação do Senhor na primeira carta aos Tessalonicenses: “Examinem tudo, fiquem com o que é bom e evitem todo tipo de mal” (1Ts 5.21-22). Parece-me que passou o encanto com as redes sociais e que estamos acordando para um uso mais consciente de toda esta conectividade.