A comemoração da Páscoa remonta aos tempos bíblicos do Antigo Testamento. Ela foi instituída por Deus para celebrar a saída do povo de Israel do Egito, onde vivia como escravo. Todos os anos, a Páscoa tinha que ser comemorada, e todo homem judeu era convocado para participar dela em Jerusalém. O Senhor Jesus, sendo judeu, cumpriu a lei e foi para Jerusalém comemorar a Páscoa. Lá ele foi condenado, morto e crucificado, e, no terceiro dia, ressuscitou.
O nome, Páscoa, vem do hebraico Pesach, que significa passagem, para lembrar a passagem da escravidão no Egito para a liberdade na terra prometida. Hoje, ela continua tendo o significando de passagem, porém é a passagem da morte para a vida.
A Páscoa é comemorada de duas maneiras. Primeira, pelo Domingo de Páscoa. Desde o Concílio de Nicéia, no ano 325, o Domingo de Páscoa é celebrado logo no primeiro domingo após a primeira lua cheia do outono. Por isso ela não tem data fixa.
Comemora-se, também, o Período da Páscoa, que compreende um tempo de 50 dias que vai desde o Domingo de Páscoa, passando pela Ascensão, e culminando com o Dia de Pentecostes.
A Páscoa é a festa da ressurreição do Deus Filho. Ela é o centro da fé cristã e de toda a vida da igreja. A mensagem central da Páscoa é pregar que, com a ressurreição, Jesus venceu o diabo, o pecado e a morte. E como Jesus prometeu: Porque eu vivo, vocês também viverão (Jo 14.19).
Oportunidades da Páscoa
O período da Páscoa é composto por sete domingos e mais o Domingo de Pentecostes. A Ascensão está no meio do sexto e sétimo domingo. Este período nos reserva boas oportunidades.
Cada um dos sete domingos pascais tem ênfases riquíssimas. Até o terceiro domingo, as leituras dos evangelhos relatam as aparições do Cristo ressuscitado. Nos domingos seguintes são abordados temas da igreja. Em todo o período da Páscoa, em lugar do Antigo Testamento, são feitas leituras do livro de Atos do Apóstolos, para falar da vida e do crescimento da igreja primitiva a partir da ressurreição. Essa é uma oportunidade para lembrar que a igreja só existe e vive por causa da ressurreição. A ressurreição fomenta a vida da igreja.
Para o segundo Domingo de Páscoa, a leitura do evangelho é sempre a mesma, João 20.19-31, mas que pode ter ênfases diferentes para cada ano. A Palavra forte é perdão e o ofício das chaves, ou seja, o poder que Cristo deu à sua igreja na terra para perdoar pecados. É também chamado Domingo de São Tomé, por causa do relato da incredulidade do apóstolo. A leitura do Salmo também é sempre a mesma: salmo 148, que tem ênfase forte no louvor. Todos os anos, a igreja é lembrada de que está fundamenta em Cristo e seu perdão, e que é enviada para anunciar que, em Cristo, há perdão. Diante disso, ela é chamada a louvor o Senhor.
O terceiro domingo enfatiza que a ressurreição estava prometida na Escritura. Como diz o evangelho de Lucas (24.45), “então lhes abriu o entendimento para compreenderem as Escrituras”. Esse é um dia para afirmar que só é possível crer na ressurreição porque Deus nos abre a mente e faz isso pela Escritura.
O quarto domingo é chamado de Domingo do Bom Pastor. As leituras do evangelho são sempre do capítulo 10 de João, onde Jesus se apresenta como sendo o bom pastor. A leitura do salmo também é sempre o 23, que mostra Deus como o pastor. O quarto Domingo de Páscoa é uma excelente oportunidade para compartilharmos nas redes socias uma das muitas imagens de Jesus, o bom pastor. Podemos ainda acrescentar um versículo do capítulo 10 de João ou do salmo 23. Os hinos 268, 289 e 292 do Hinário Luterano são ótimos para esse dia.
O Domingo do Bom Pastor às vezes coincide com o Dia das Mães. Certamente nossas mães merecem ser lembradas e homenageadas. E o culto tem espaço para isso, através de algum hino, na oração geral, declamação de poesia e entrega de algum mimo. Porém, tirar o brilho do bom pastor para outras lembranças, é perder a oportunidade de lembrar que Cristo nos tomou como ovelhas e carregou nos ombros os nossos pecados, que teve o peso da cruz. E não há nada de errado em repetir isso todos os anos. Há um hino no Hinário Luterano que é oportuno para os dois assuntos: “Bom Pastor, os nossos lares” (425).
No quinto e sexto domingos, as leituras, principalmente as do evangelho, enfatizam a vida da igreja. É uma boa oportunidade para falar sobre que igreja somos.
No sétimo domingo, as leituras do evangelho são sempre do capítulo 17 de João, onde Jesus fala da sua unidade com o Pai e como ele quer a igreja unida nele. Assim, todos os anos, no sétimo Domingo de Páscoa, enfatiza-se o tema da unidade. Os hinos do Hinário Luterano 300 e 306 são oportunos para o dia.
No meio do sexto e do sétimo domingos está a Ascensão de Nosso Senhor, que sempre cai numa quinta-feira. Como não é um dia feriado, tende a ficar no esquecimento. Porém, realizando um culto nesse dia, ele não ficará esquecido.
A Páscoa culmina com o Dia de Pentecostes, para a igreja se lembrar que “pedirei ao Pai, e ele lhes dará outro Consolador, a fim de que esteja com vocês para sempre” (Jo 14.16).
Assim, a Páscoa e seu período têm uma riquíssima temática para a igreja viver edificada na certeza da ressurreição.
David Karnopp
Pastor
Vacaria, RS