No dia 13 de agosto é comemorado o Dia dos Pais. Sendo assim, tal data nos convida a refletirmos acerca de importante figura. O pai, dentro do seio familiar, possui um importante papel, em outras palavras, ele é, digamos assim, o regulador das configurações psíquicas de um dado sujeito, ou seja, do(s) filho(s), da família. Para a psicanálise, o pai é tido como um agenciador simbólico, uma espécie de diplomata que agencia o filho e a realidade que o circunda. Portanto, o pai é o representante da autoridade diante da família. E, como sabemos, a autoridade faz emergir todo o tipo de sentimento, portanto, pai e família é um relacionamento de idas e vindas, ora ambivalente, ora consistente.
Assim, a família tem um papel essencial na formação emocional da criança. As interações que ocorrem no âmbito familiar são muito importantes para os futuros convívios fora da família. A criança necessita do outro para começar, logo, na medida em que ela for percebendo a presença e a existência de um pai, entenderá que o mundo não gira apenas ao redor dela, que a mãe não é sua propriedade. O papel do pai é produzir na criança uma estabilidade psicológica, já que ele exerce substancial influência na formação da identidade e autoestima do filho. Caso o pai seja ausente ou inexistente, outros modelos podem vir a ocupar tal ausência, podendo ocorrer de modelos não saudáveis ocuparem o vazio emocional. A ausência paterna é algo bastante preocupante, porque o jovem fica à mercê da baixa autoestima, da intolerância, da despersonalização, dos conflitos existenciais, etc.
PATERNIDADE E MODERNIDADE
Bem sabemos que a figura feminina, atualmente, tem sido fortemente influenciada através de novos papéis e por fatores sociais e culturais. Consequentemente, o papel do homem também tem sofrido mudanças, por exemplo: o empoderamento feminino diante do mercado de trabalho, por conseguinte, as distribuições tradicionais de papéis dentro da família estão em claro declínio, em outros termos, não existe mais a fórmula familiar pronta: mulher cuidadora e homem provedor, mas novas disposições estão presentes na moderna estrutura familiar. A contemporaneidade oferece mulheres provedoras, que trazem o sustento necessário para a prole e o marido. Assim como também existem homens cuidadores, digo, aqueles que assumem os cuidados domésticos do lar e demais afazeres com os filhos. Algumas décadas atrás, a função paterna era introduzir o filho no mercado de trabalho, fornecendo a ele vivências e experiências de labor. Hoje, essa função paterna está enfraquecida, por vezes invertida, dado que os filhos têm passado suas experiências e conhecimentos aos pais. A paternidade tinha por objetivo colocar o filho dentro de um dado campo de posse, poder e saber, numa dada estrutura social. Essa função de transmitir, na época atual, tem sido colocada na zona do esquecimento.
O pai é uma figura indispensável, um auxiliar vital para o desenvolvimento coerente dos processos mentais da criança. A mãe é responsável pelo nascimento biológico do filho, entretanto, pensar em paternidade é ter ciência de um ser que é responsável em dar condições necessárias para o nascimento psicológico da criança. O pai traz a representatividade da ordem, porém, com o advento dos novos ajustes familiares, o pai perdeu consideravelmente seu papel simbólico, ou seja, ele não é mais o detentor das elaborações familiares. Mesmo assim, a paternidade não perde seu importante valor diante da família, como já foi mencionado em linhas anteriores, o pai tem a importante função de auxiliar o filho na exploração do mundo. O filho, por meio do pai, percebe a si mesmo e ao outro. O pai proporciona à criança condições para que ela se sinta confiante diante da vida.
PAI: UMA REFLEXÃO
É muito belo quando paramos para pensar acerca da figuração paterna. Na verdade, leitor, o pai é alguém que se soma ao filho, quer dizer, sua transmissão, o conteúdo, contorna o comportamento do filho. Em cada atitude, pensamento, decisão, a figura do pai renasce. Enfim, pai é doação, porque ele doa seu ser para constituir o ser do filho. Celebremos este especial ser humano no dia 13 de agosto, seja na existência, seja na lembrança, porque todos nós carregamos o reflexo do pai em nossas vidas.
Artur Charczuk
Pastor e psicanalista em São Leopoldo, RS
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Acabei de ler o artigo do pr Artur, mas me deu uma saudade forte do meu falecido pai. Por outro lado, a saudade me mostrou que os traços do meu paizinho me acompanham, graças a Deus. Muito obrigado, pastor, pela sensibilidade e toque carinhoso com as palavras certas. A escrita foi um lindo dom que Deus te abençoou. Um dia, eu gostaria de te conhecer. Abraço.