Por Kalitsa Sarine
Quantos de vocês já experimentaram o luto? Tenho certeza que a maioria. Perder um ente querido é uma dor inigualável a qualquer outra e para muitos também é inconsolável. Quando alguém nos deixa, o sentimento é de abandono, solidão, perda.
Foi provavelmente assim que Maria Madalena se sentiu ao ver Jesus morrer diante de seus olhos. Na verdade, todos os discípulos sentiram essa imensa dor. “Nosso salvador morre hoje”, provavelmente pensaram. Os dias sem Jesus foram os mais cinzentos e vazios da história. O niilismo, essa ideia de que nada faz sentido e que tudo culminará na morte, nunca fez tanto sentido como nesses dias onde o corpo de Deus permaneceu numa tumba.
O maior aparente abandono da história foi quando Deus deixou órfão seu povo. Entretanto, algo acontece. J.R.R Tolkien costumava chamar isso de eucatástrofe. Uma eucatástrofe é um momento na narrativa onde tudo caminha para dar errado e de repente tudo, milagrosamente, dá certo. É a reviravolta favorita dos homens: quando o céu está cinza, as lágrimas inundam o cenário e a tristeza permeia a cena e, de repente, a cor traz vida novamente, o céu se abre diante dos homens, as lágrimas secam e a alegria enche a casa novamente.
Eis que Lucas revela a nós a maior eucatástrofe do universo: “Mas Deus o ressuscitou dentre os mortos”.
Não, a morte não venceu nessa história. O luto foi passageiro, a alegria plena triunfa quando Jesus, o Messias prometido e Salvador do seu povo, levanta dentre os mortos. De fato, tudo foi consumado. Nele, todas as coisas foram reconciliadas com Deus. Cristo, o grande propiciatório, aquele que trouxe paz entre os transgressores e o justo juiz. Por causa desse fato, nós hoje, vestimos vestes limpas e podemos pisar em sua casa. Você, meu amado irmão, se assenta em um dos vários bancos de sua igreja porque “Deus o ressuscitou dentre os mortos”.
Apesar das nossas transgressões gravíssimas contra Deus, eu e você não somos fulminados na porta de nossas igrejas, pelo contrário, somos recebidos com graça, bondade, amor e infinda misericórdia. Deus recebe inimigos em sua casa, se assenta com eles, revela sua Palavra a eles, os admoesta e os perdoa e, por fim, os dá seu próprio corpo e sangue para que, de forma mais que pessoal, possam sair de sua casa com a fé fortalecida.
Diante disso tudo, como podemos ainda nos sentir inconsoláveis na morte? Sabemos, pois, que o luto é passageiro. Mesmo que choremos aqui, nossa maior esperança é saber e ter a certeza de que nos encontraremos com o Senhor no céu e um dia. Todos juntos, o adoraremos incessantemente em seu reino como igreja triunfante.
Como, entretanto, podemos permanecer apáticos a essa sublime revelação? Deus vos amou de tal maneira que deu seu único filho para que todo aquele que nele crê NÃO PEREÇA mas tenha VIDA ETERNA!
Sim, que sublime notícia. Mas também aterrorizante para aqueles que a rejeitam. No credo apostólico, dizemos: “No terceiro dia ressuscitou dos mortos, subiu ao céu e está sentado a direita de Deus pai todo-poderoso, donde há de vir a julgar os vivos e os mortos”. Sabemos, então, que Cristo está vivo, que reina juntamente com o Pai e que um dia julgará os vivos e os mortos. 1 Tessalonicenses 5 nos adverte a respeito desse dia:
4 Mas vós, irmãos, não estais em trevas, para que esse Dia como ladrão vos apanhe de surpresa; 5 porquanto vós todos sois filhos da luz e filhos do dia; nós não somos da noite, nem das trevas. 6 Assim, pois, não durmamos como os demais; pelo contrário, vigiemos e sejamos sóbrios. 7 Ora, os que dormem dormem de noite, e os que se embriagam é de noite que se embriagam. 8 Nós, porém, que somos do dia, sejamos sóbrios, revestindo-nos da couraça da fé e do amor e tomando como capacete a esperança da salvação; 9 porque Deus não nos destinou para a ira, mas para alcançar a salvação mediante nosso Senhor Jesus Cristo, 10 que morreu por nós para que, quer vigiemos, quer durmamos, vivamos em união com ele. 11 Consolai-vos, pois, uns aos outros e edificai-vos reciprocamente, como também estais fazendo.
Nossa resposta a esse amor tão grande só pode ser uma: A fé verdadeira que produz arrependimento. Olhe pra cruz, creia em Cristo e viva uma vida reta diante dele, seguindo as Escrituras, sempre amando a sua lei e o seu santo Evangelho. Estejamos alerta! Que nossa vida seja totalmente entregue a Jesus e que não vivamos como quem é das trevas, mas sim como filhos da maravilhosa luz.