Túmulo vazio, vidas vazias

Pedro vê panos. O que significa o túmulo vazio? O que significam panos (Lc 24.12). Na noite da prisão do Messias, Pedro avançou contra guardas de espada em punho. Foi um gesto equivocado, detido pelo próprio Jesus. Pedro não tinha entendido a mensagem, não sabia juntar a vitória do reino messiânico com a morte.

          Pedro vê panos. O que significa o túmulo vazio? O que significam panos (Lc 24.12)? Na noite da prisão do Messias, Pedro avançou contra guardas de espada em punho. Foi um gesto equivocado, detido pelo próprio Jesus. Pedro não tinha entendido a mensagem, não sabia juntar a vitória do reino messiânico com a morte. Pedro distanciou-se de Jesus no momento em que o Mestre precisava de apoio, acusavam Jesus de inimigo de Roma. Pedro nunca tinha ouvido palavras de rebeldia. A mensagem de Jesus era outra: Dai a César o que é de César. Pedro chegou a negar Jesus três vezes. Garantiu que nunca tinha estado com o acusado. Cada negação ampliava a distância. Pedro negou-se a si mesmo, garantiu que não era galileu apesar do sotaque. Pedro se aproxima da sepultura como um separado de Deus, está sem amigos, sem pátria, sem futuro, sem Redentor. Sentia a própria existência suspensa no vazio. Estar diante do túmulo vazio, era essa a mensagem que iria levar aos companheiros? As mulheres tinham acompanhado Jesus até à morte, foram recebidas por dois varões, traziam palavras de alegria. Pedro encontra panos, a visão dele é limitada, falta amplitude para ver a abrangência do plano de Deus.

          Panos? Panos são símbolo de um mundo perecível, corrupto, ameaçado pela morte.   Começamos a esconder o corpo, quando despertamos para nossa insuficiência. Foi assim no Éden. De folhas ou de panos, a cobertura esconde a decadência, a morte. Quando o homem se cobriu pela primeira vez, sentiu que o Éden já não era proteção suficiente, cobriu-se por sentir-se desprotegido, abandonado, odiado, até a voz divina o deixava aterrorizado.

A tendência de Pedro é deter a história, comportou-se travado no monte da transfiguração, propôs ficarem onde estavam. Jesus afirma o contrário, não ficar, buscar, o futuro não é só para alguns, é para todos.

         Pedro vê panos, panos conhecidos, panos que cobriam o corpo de Jesus enquanto estava com eles. Jesus deixou o túmulo e os panos. Pedro começa a compreender que a tumba não é o destino. Abandonar os panos abre a possibilidade de ingressar em outra situação, comparecer tranquilo diante de Deus, passagem operada pela ressurreição. O túmulo vazio anuncia uma nova forma de ser, a realidade de uma vida que não é ameaçada pela morte. Cristo oferece gratuitamente o que foi negado à ambição do primeiro casal, vida não ameaçada pela morte.  Pedro está diante do invisível. Pode viver sem a companhia do ausente? Morte é ruína ou triunfo sobre a corrupção? Diante do túmulo vazio, Pedro começa a compreender que o Ressurreto venceu a morte.  O Cristo ausente é a solução de todos os conflitos. A compreensão foi lenta, não aconteceu de um momento a outro, foi crescendo em companhia com os companheiros na presença do Ressuscitado, nas sábias palavras de Paulo. Na ressurreição, repete-se o ato criador, repete-se o haja luz, a luz que iluminou o universo ilumina o passado, o presente, o futuro.

        O saber da Serpente é saber gerado na história, o destino é a morte. Não há saber permanente, todo pensamento gerado na história nasce para a corrupção. Bibliotecas viram pó. Cair na história é cair na vereda da morte, a história se faz no declive da vida à morte.  Céus e terra passam a cada momento. O Deus distante traça o caminho das possibilidades. Deus não nos condena por sermos deficientes, a ressurreição acontece na vida, o túmulo vazio é porta que abre para o reino de Deus, o arrependimento anula distâncias.

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