Mudanças na Vida

Rosemarie Kunstmann Lange
Porto Alegre, RS
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Mudanças não são fáceis, quer seja de hábitos ou de ambientes. Mudanças requerem decisões firmes, bem pensadas e visando melhorias. Acima de tudo há a necessidade de colocar tudo nas mãos de Deus.

Em dado momento da nossa vida, Mike e eu decidimos morar em Esteio (RS), mais perto da filha Karin. Nossos dois outros filhos moram no exterior. Aqui, temos nossas duas joias: a Karin e a neta Denise. Em Esteio, cidade pacata, mas com todos os recursos, encontramos um condomínio com 18 casas, recém-construído, e escolhemos uma das pequenas, a de número 6.

Cada mudança é um desafio em relação às pessoas. Nós nos propusemos a ter um bom relacionamento com todos os vizinhos. A cada chegada de um novo vizinho, eu tentava me aproximar, desejar um bom convívio e oferecer um “bolinho”. Todos vivemos harmonicamente, sem invadir a casa do vizinho, vivendo em respeito mútuo.

No ano seguinte à chegada, começou a doença do Mike – Alzheimer –, e em quatro anos ele foi levado para o colo de Jesus. Nesse período difícil, sempre pude contar com algum vizinho nas emergências, que foram várias, principalmente no período da doença e do luto.

E veio a Pandemia… e eu escrevia poesias e orações que foram estendidas a todos. Nenhum vizinho recusava, e tínhamos cristãos de todos os matizes. Mais adiante, os áudios circulavam entre os condôminos. Tive oportunidade de levar o consolo de Jesus aos que passavam por angústias, doenças e luto.

Por ocasião da doença do Mike e várias cirurgias minhas, os condôminos eram verdadeiros anjos que Deus colocou para nos apoiar (fazer compras, levar o lixo, etc…), além da Miriam Timoteo, que é um grande anjo que tenho em Esteio e cuja amizade permanece firme.

Eu sempre continuei a semear a Palavra de Deus por textos, poesias e conversas em frente a casa de quem precisava. Isso me ajudou a enfrentar o luto, período duro, cheio de saudade, mas que Deus tem seu jeito de amenizar através das pessoas. Entre as muitas poesias, escrevi esta, em fevereiro de 2018…

RECOMEÇAR…

Sentia-me como uma flor sem vigor,

que fechou suas pétalas, sua roupagem,

porque seu sol, que a nutria com seu calor,

já não estava. A vida tornou-se miragem.

Não conseguia enxergar raios de luz

através das frestas… as lembranças… tudo fechado.

A alegria de outrora, em sua alma esmaeceu,

se eclipsou! Ficou o choro, a tristeza… alma calada!

Passaram-se os dias, os meses… a roupagem não mudava.

Não conseguia energia para viver o novo ciclo

que, com certeza, seria diferente sem o calor amado,

mas acabaria tendo beleza, as pessoas diziam isso.

Um dia, a flor, já mais refeita da tristeza,

deixou calor e carinho de outros penetrar nas frestas,

animando a triste flor com novas belezas

da natureza, que não mudara, continuava em festa.

Amigos, natureza, carinho e oração são fontes

que trazem saúde a um ser sem vigor.

Eu sinto minhas pétalas devagar se abrindo…

que Deus me dê o que preciso: amigos, coragem e amor!

Assim se passaram mais 7 anos… e agora, com meus 86 anos, não queria mais morar sozinha. Minha neta Denise e seu marido Rafael não me deixaram ir para uma geriatria, e me convidaram a morar com eles. Caminhos doces de Deus!

Antes de fazer a mudança, pude sentir mais uma vez o carinho dos meus condôminos, os antigos e os recém-chegados. Eles fizeram uma “festa surpresa” em um domingo à tarde. Fui realmente surpreendida, pois ali compareceram as famílias de quase todas as casas, mais alguns parentes. Falaram palavras de encorajamento para mais uma mudança. Não faltando lágrimas e os abraços. Eles me presentearam com uma sacola em que cada família escreveu um carinho.

Queridos irmãos, idosos como eu! Vivam com alegria os dias que Deus concede ainda neste mundo, e sejam pacienciosos quando os dias se tornarem nublados, escuros, talvez, sabendo que Jesus nos espera de braços abertos, para uma nova mudança, a definitiva, nas mansões celestiais!

Feliz Dia do Idoso!

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