Reforma Luterana: Martin e Bu no mundo das emoções

*Daniela Weiss
Rolante, RS

Martin estava jogando futebol, depois da aula, no quintal de casa, carregando o Bu pela mão, enquanto corria atrás da bola, quando ouviu a mamãe chamar:

– Martin, venha tomar banho. Daqui a pouco vamos ao culto!

– Culto? Tem certeza, mamãe? Hoje é quinta-feira. Os cultos não são sempre aos sábados e domingos?

– Sim, Martin – a mamãe respondeu, chegando perto de onde ele estava. – Mas, hoje, temos um culto especial: culto da Reforma.

Martin achou estranho. Não perguntou nada e foi tomar banho, como a mamãe pediu.

Depois do banho e pronto para ir ao culto, esperando a mamãe ajudar o mano a terminar o banho, perguntou ao Bu:

– Bu, você não achou estranho esse tal culto da Reforma? Será que vamos consertar algo na igreja?

– Haha! – o Bu não aguentou e caiu na gargalhada – Não, não, Martin. Não é isso! Você não se lembra do pastor contando a história de Martinho Lutero, o reformador da nossa igreja? Aliás, o papai e a mamãe escolheram seu nome em homenagem a ele.

– Martinho Lutero. Ah, sim! O papai tem vários livros com esse nome no escritório dele. Não me lembro bem o que ele fez… Hum… Já sei, Bu! Ele construiu uma igreja!

Bu riu ainda mais alto! E disse:

– Não, Martin. Chegue aqui mais perto que vou ajudar você a lembrar. Martinho Lutero nasceu em 1483, na Alemanha.

– Minha nossa! Tudo isso?

– Sim. Seus pais queriam que ele fosse advogado, e, então, ele começou a estudar Direito.

– E o que isso tem a ver com a igreja?

– Calma aí! Vou chegar lá. Naquela época, poucas pessoas podiam ler a Bíblia. Era muito caro ter uma Bíblia em casa, e poucos sabiam ler ou escrever. E a igreja ensinava que para ter a salvação era preciso cumprir todos os mandamentos.

– Mas, Bu! Nós aprendemos na escola bíblica que ninguém consegue cumprir os mandamentos. Fiquei com medo só de pensar!

– É verdade, Martin. E Martinho Lutero também tinha muito medo. Especialmente de Deus. Porque ele pensava que Deus era um deus bravo, pronto para punir a gente no menor deslize e medo de morrer e não ser salvo. Porque ele não conseguia cumprir todos os mandamentos. Então, depois de passar por uma tempestade muito forte, ele prometeu a Deus que se sobrevivesse se tornaria um monge.

– Ah! Agora comecei a me lembrar. Ele estava viajando e uma chuva muito forte o surpreendeu no caminho. Eram muitos raios. Também tenho medo de raios. Bu, quando ele entrou na escola de monges, o medo dele passou?

– Não no início. Mas um de seus professores o incentivou a ler a Bíblia. Foi lá que ele encontrou a verdade sobre a salvação, em Romanos 1.17: “O justo viverá por fé”. Você sabe o que significa, Martin?

– Eu sei, eu sei. Que nós somos salvos pela fé em Jesus Cristo, por sua vida, morte e ressurreição. Ele cumpriu todos os mandamentos em nosso lugar e nos substituiu na cruz. Por causa dele temos perdão dos pecados e vida eterna no céu.

– É isso, aí! Lutero ficou tão feliz com essa notícia que resolveu espalhar para todos. Então, no dia 31 de outubro de 1517, ele pregou 95 teses (ensinos bíblicos sobre o pecado, arrependimento, perdão e a salvação), na porta da igreja do Castelo de Wittemberg. Ele queria que a sua igreja voltasse a ensinar a verdade sobre a salvação em Jesus, como único caminho, verdade e vida.

– Ah, isso mesmo, Bu. Mas, pelo que lembro, o pastor ainda disse que Lutero foi corajoso em defender o ensinamento que ele encontrou na Bíblia, porque algumas pessoas da época não gostaram muito de ler o que ele pregou na porta da igreja. Perseguiram ele e quiseram matá-lo. Por quê?

– Martinho Lutero foi realmente corajoso. O papa da época, Leão X, não gostou nadinha dos ensinamentos dele. Especialmente porque as pessoas pararam de comprar indulgências da igreja, e o papa estava querendo terminar a construção de uma grande capela.

– Indul… o quê?

– Indulgências, Martin. A igreja, na época, vendia às pessoas um papel que dizia que elas tinham todos os pecados perdoados. Até mesmo das pessoas que tinha morrido. Por isso, o papa ficou muito bravo com Lutero e o chamou para uma conversa. Ele queria que Lutero negasse tudo o que havia ensinado ao povo sobre a salvação pela fé.

– É?? E Lutero?

– Lutero foi muito corajoso, respondeu que só mudaria de opinião se o papa lhe mostrasse pela Bíblia onde ele estava errado. O papa não conseguiu e expulsou Lutero da igreja da época. Mas muitas pessoas apoiaram os ensinamentos de Lutero e o ajudaram. Mais tarde, essas pessoas ficaram conhecidas como luteranos.

– Ah, entendi. Daí vem o nome da nossa igreja: Luterana.

– Isso mesmo, Martin. Apesar de Lutero nunca querer a separação, mas, sim, que a igreja católica (a sua igreja até então), voltasse a pregar e ensinar a verdade bíblica sobre a salvação em Jesus Cristo.

Mal o Bu terminou de falar, a mamãe entrou na sala e, pegando o Martin pela mão, disse:

– Martin, vamos. O mano e o papai já estão nos esperando no carro. No caminho eu explico a você sobre a história da Reforma Luterana, e porque ela é importante para nós.

– Ah, não precisa, mamãe! – disse o Martin sorrindo – Eu já sei sobre Martinho Lutero, salvação pela fé e até sobre uma tal de indul… indul… indulgência!

– Ah, é? – exclamou a mamãe surpresa – Como você aprendeu sobre tudo isso tão rápido?

– É um segredo, mamãe, – disse o Martin piscando para o Bu em sua outra mão. – Quem sabe um dia eu conto a você.

*Daniela Fischer Buss Weiss, advogada, coautora, com Magali Schmiedt, do livro: Martin & Bu – no mundo das emoções. Porto Alegre: Concórdia, 2022.

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