A herança do pai

Encontrar um equilíbrio saudável entre a expressão do afeto e o estabelecimento de limites, é uma missão importante para aquele pai que deseja que seus filhos se desenvolvam de forma equilibrada em termos emocionais

Gerusa Mass
Psicóloga

Agosto é o mês escolhido para celebrar o Dia dos Pais. Assim, esse mês traz à tona reflexões especiais acerca do exercício da paternidade e das marcas que os pais deixam em seus filhos. A herança deixada por alguns pais, não necessariamente no que diz respeito a bens materiais, mas também àquilo que é deixado pelo pai na mente e no coração de seus filhos e que será passado adiante, inclusive para as próximas gerações. Por vezes, o que fica são o carinho, os abraços, as palavras de encorajamento e afirmação, os bons conselhos e exemplos. Outros, porém, deixam o vazio, a ausência, o silêncio, a dureza e a violência. O fato é que alguma herança fica.

Na Psicologia, entende-se que o pai tem um papel muito importante na construção da identidade de um indivíduo, marcando a forma como este se relaciona consigo mesmo e com o mundo à sua volta. Essa relação influencia, por exemplo, em aspectos como autoestima, segurança emocional e a forma como a pessoa estabelece vínculos com as outras pessoas, inclusive com a família que ele mesmo constitui. As palavras ditas pelo pai, os seus silêncios, a sua forma de agir e viver, bem como a sua forma de expressar o amor, deixam marcas indeléveis na constituição da identidade dos filhos.

Encontrar um equilíbrio saudável entre a expressão do afeto e o estabelecimento de limites, é uma missão importante para aquele pai que deseja que seus filhos se desenvolvam de forma equilibrada em termos emocionais. Muitos pais colocam limites nos filhos de forma rígida e autoritária, o que frequentemente deixa feridas em seus herdeiros. A psicologia não se opõe à colocação de limites, pelo contrário, reconhece que isso é algo fundamental, porém é importante que seja feito com afeto. Os limites postos pelo pai de forma firme e com amor, expressam ao filho afeição, proteção e contorno de identidade. O filho se apropria de vários aspectos do que diz respeito à forma como o pai o trata, para tratar das próprias questões ao longo da sua vida.

Enquanto cristãos, nós buscamos na palavra de Deus orientação e exemplos para viver a vida em suas mais diversas circunstâncias. Com relação à paternidade, o maior exemplo é o do próprio Deus, que ama a seus filhos de forma incondicional, porém, ainda assim, os corrige e orienta. Ele aconselha seus filhos, os consola e, acima de tudo, os ama. Ele não é permissivo, pede que seus filhos o respeitem e honrem, mas não que tenham medo dele.  Ele se refere a eles como seus herdeiros, conforme Gálatas 4.7 (NAA): “Assim, você já não é mais escravo, porém filho; e, sendo filho, também é herdeiro por Deus”. Assim, vemos que ele os trata como herdeiros, tal qual os filhos o são com relação a seus pais terrenos.

Que neste Dia dos Pais, cada pai possa se perguntar: “Que herança estou deixando para meus filhos?” Que para além de bens materiais, os filhos herdem marcas de um pai presente, que os amava, que dava bons exemplos, que os corrigia com afeto, que orava por eles e com eles. Que lembrem do pai como alguém que tinha coerência entre o que dizia e o que vivia. Que lembrem de um pai que não era perfeito, pois errava e, por vezes, pedia perdão por isso, mas que tentava aprender e crescer a partir das falhas cometidas. Que os filhos lembrem de um pai que os fazia sentir seguros e amados e que essa herança seja passada para as próximas gerações.

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