Nos dias atuais ouve-se falar muito de autoestima. Mas muitas pessoas não sabem o que é e também não sabem de sua importância. Nathaniel Branden, psicoterapeuta e especialista em autoestima, afirma: “A autoestima é a chave para o sucesso ou para o fracasso. Nossas reações aos acontecimentos do cotidiano são determinadas por quem e pelo que pensamos que somos”.
O que é, então, essa autoestima? A autoestima é o sentimento de competência pessoal e o sentimento de valor. Em outras palavras, é a imagem que a pessoa faz de si mesma, julgando-se capaz para realizar coisas boas e, ao mesmo tempo, considerando-se alguém que tem importância. Esse conceito de si mesma a torna uma pessoa confiante e sem medo, sem ansiedade diante de situações adversas.
Este conceito a pessoa vai adquirindo nos ambientes sociais. O primeiro ambiente social é o familiar. É ali que se forma a maior parte da imagem que a pessoa tem de si mesma. Um ambiente familiar sadio vai fazer com que os filhos sejam pessoas autoconfiantes, alegres e dispostas. Infelizmente, o contrário também é verdade. Uma família instável, cheia de agressões físicas ou verbais e humilhações mútuas, produz pessoas agressivas, medrosas, ansiosas, depressivas e violentas. Por isso, as frases que seguem e muitas outras nunca deveriam ser ditas no lar, na família ou em outro ambiente de convivência social.
1. “Você nunca faz nada direito”
Os pais são exigentes demais com os seus. Quando os filhos cometem um erro em uma tarefa, logo vem o exagero de dizer frases como esta: “Você nunca faz nada direito”. Isso cria na criança a imagem de que ela é incapaz. Essa frase é dita com muita frequência, de uma forma impensada, na maioria dos lares. Ela faz um grande mal para quem a ouve. Ela produz dentro da criança o sentimento de impotência. Quando essa pessoa for adulta, sempre vai ter medo de novos desafios. Será uma pessoa que fará parte do coro das pessoas pessimistas, onde nada dá certo. Lembrem sempre, pais, que os filhos são mais importantes do que qualquer outra coisa. Um pouco de autocontrole com as palavras ditas por vocês fará uma grande diferença na vida dos seus filhos.
2. “Eu gostaria que você fosse mais parecido com seu irmão”
As pessoas gostam de fazer comparações. Elas comparam a si mesmas com outras pessoas bem-sucedidas em alguma realização e se julgam inferiores. Não se deve fazer comparações com os outros. Cada um deve saber que é único e que tem as suas habilidades, as quais deve usar para servir a Deus e ao próximo. Muitos pais fazem comparações de seus filhos com colegas e amigos deles, dizendo que são mais comportados, mais inteligentes e mais capazes. Pior é quando comparam o(a) filho(a) com um irmão ou irmã, criando ressentimento, inveja, ódio e sentimento de inferioridade entre os membros da família. Por isso, jamais façam comparações (negativas) com as outras pessoas.
3. “Você é gordo/feio/burro”
A linguagem deveria ser sempre positiva, ressaltando aspectos bons do semelhante. Não é o que acontece no dia a dia das pessoas. Usam-se mais adjetivos negativos do que positivos em relação ao próximo. Essa prática começa muito cedo, no lar (vai pela escola e noutros convívios sociais), quando pais chamam seus filhos de gordo, magro, feio, chato, burro e outros adjetivos piores ainda. Assim, desde pequenos, é destruída a autoestima dos filhos. Procure ressaltar as virtudes dos seus filhos, e não os aspectos negativos.
4. “Eu tenho vergonha de você”
Crianças sadias possuem muita energia. Elas vivem pulando, gritando, correndo e nunca param quietas. Muitos pais querem obrigar os filhos a ficarem quietos. Estão errados, porque as crianças precisam brincar. Obrigando-os a ficarem quietas, estão prejudicando-as. Pais devem agradecer a Deus quando têm filhos que não param quietos, porque isso é sinal de saúde física.
Muitas vezes os filhos ficam mais agitados quando há pessoas estranhas na casa. Quando as crianças agem assim, elas estão querendo chamar a atenção dos pais. Isso deveria alertar os pais. Os filhos estão lhes dizendo que querem mais afeto, amor e carinho. Os pais andam ocupados e não dão a devida atenção aos filhos. Que erro grave cometem estes pais quando os filhos estão pedindo mais atenção e, em vez de receber esse carinho dos pais, são repreendidos com esta famosa frase: “Eu tenho vergonha de você”. Os filhos acabam criando uma imagem negativa de si mesmos.
5. “Talvez fosse melhor que você nunca tivesse nascido”
Muitas mães (e pais) rejeitam os seus filhos antes deles nascerem. Não existe nada pior do que isso. São os filhos indesejados. Isso prejudica muito a esses filhos. É uma imagem negativa que vai acompanhar a pessoa pela vida toda. Mas também é altamente nocivo para a criança ouvir dos pais a afirmação de que gostariam que ela nunca tivesse nascido. Filhos precisam sempre se sentir amados e queridos pelos pais. Não existe presente melhor que os pais possam oferecer aos seus filhos do que amá-los.
6. “Eu cansei, não te amo mais”
É comum os filhos chantagearem os pais. Quando os pais não fazem as suas vontades, eles dizem que não gostam e não amam mais os pais. Às vezes, os pais reagem da mesma forma, afirmando que não os amam. Nesse momento, é preciso muita paciência e firmeza para explicar aos filhos por que não podem fazer determinadas coisas, mesmo que eles fiquem bravos com os pais. Os pais, porém, precisam deixar claro que o seu amor é incondicional. Muitos cometem o erro de prometer recompensas para um bom comportamento dos filhos. Por exemplo: prometem ao filho uma bicicleta caso ele estude bem. Essa é uma forma errada de educar. Os filhos precisam aprender que devem cumprir os deveres que lhes cabem, em suas respectivas idades, sem receber retribuições, e que o amor dos pais é incondicional. Pais precisam espelhar-se no Pai Celestial, que também ama os pecadores de forma incondicional e sempre está pronto a perdoar, diariamente, o pecado cometido por seus filhos e filhas, mediante o arrependimento.
7. “Não chore, não é nada sério”
O choro é a linguagem das crianças. Quando elas são pequenas, não conseguem expressar-se adequadamente. Nesse período, o choro é a única forma de chamar a atenção. Por esse motivo, o choro dela precisa ser levado muito a sério. Se ela chora, está fome, com dor ou com algum outro problema. Mesmo quando já crescida, ela continua usando o choro para chamar atenção. Se uma criança maior ainda usa o choro com frequência, talvez os pais não tenham lhe dado a devida atenção. Ela pode estar dizendo aos pais que quer mais carinho, atenção e amor deles.
Pais, não irritem os filhos
Tudo o que foi dito até aqui se enquadra naquilo que a Bíblia ensina em Colossenses: “Pais, não irritem os seus filhos, para que eles não fiquem desanimados” (Cl 3.21). Como os pais irritam os filhos? Quando os humilham e ferem. O apóstolo Paulo, inspirado pelo Espírito Santo, mostra que para Deus, todos nós somos incomparavelmente valiosos, da criança ao idoso. Deus enviou o seu Filho para nos salvar: “Deus mandou o seu Filho para salvar o mundo e não para julgá-lo” (Jo 3.17). Por isso, pais, valorizem-se a si mesmos, sabendo que, para Deus, vocês são únicos, de valor incomparável; e valorizem seus filhos para que se sintam também valorizados e acolhidos no amor de Deus e de vocês.
Elmer Teodoro Jagnow
Pastor da IELB
Mestre em Teologia do NT
*Texto publicado no Mensageiro Luterano na edição de agosto de 2015.