Iniciei o ano de 2020 com muitas expectativas. Meu filho mais velho começaria o primeiro ano do ensino fundamental. O caçula estaria entrando na pré-escola. Eu, depois de sete anos de dedicação quase exclusiva a eles, voltaria a advogar, por meio período. Meu coração fez muitos planos. Mas como sempre, é Deus quem determina os caminhos.
Depois de um mês nessa nova rotina (casa, escola dos guris e trabalho) entramos na pandemia da Covid-19 e nos vimos em uma nova situação: escola e trabalho em casa, mais o medo da doença. O que fazer?
Primeiro, meu marido e eu sentamos juntos e conversamos. Dividimos as tarefas da casa, os horários de trabalho e quem ficaria com os guris em determinado período. Somos uma equipe no lar. Somos os dois responsáveis por nossa casa. Assim, eu estaria com os meninos de manhã e seria encarregada por ajudar o mais velho nas atividades da escola, trabalhando à tarde, enquanto ele trabalhava no período da manhã e à noite; apenas um sairia para fazer compras, e cada um se incumbiu por sua parte na limpeza da casa. Um plano perfeito. Todas as manhãs estaríamos, os quatro, reunidos na mesa do café da manhã, com nosso pão de margarina da nossa marca preferida. Só que não.
Tivemos dias de choro e cansaço com os temas da escola. Falta de paciência com os meninos. Casa bagunçada. Pilha de louça para lavar. Trabalho atrasado. Casa mais bagunçada e muito brinquedo espalhado. Além de algumas (mais frequentes) discussões do relacionamento conjugal (as famosas DR). Sem contar os medos e ansiedades que nos dominaram algumas vezes.
Talvez o plano inicial funcionasse perfeitamente se a família fosse uma instituição, com uma forma rígida que segue leis e regras. Entretanto, a família é um organismo. Como organismo tem vida. Para ela ter vida plena, precisa buscar a Cristo, pois ele veio para nos dar vida, e vida em abundância.
Por isso uma coisa não faltou (não falta), em dias bons ou ruins, todas as noites, antes de dormir, um de nós (ou os dois) faz a devoção com os meninos. Temos essa rotina desde que o mais velho era bebê. Fazemos uma leitura bíblica e oração. Algumas vezes, cantamos músicas da escolinha. Conversamos sobre a história lida e os ouvimos. Respondemos as inúmeras perguntas e falamos sobre os medos de cada um. Perdoamos e pedimos perdão. Já tivemos muitas pérolas desses momentos.
Por fim, gostaria de compartilhar alguns conselhos, que para mim foram muito úteis: Não se compare com as outras mães. As postagens das mídias sociais não revelam tudo que acontece em um lar. Não se apavore com a quantidade de temas ou aulas on-line. As crianças terão tempo para aprender quando a pandemia passar, agora elas precisam sentir-se protegidas. Não tenha vergonha de buscar ajuda, seja de uma amiga, avó ou até de um psicólogo. Ela é necessária. No meu caso, a pandemia agravou um transtorno de ansiedade, e foi muito importante iniciar a terapia.
Escrevo este texto no final de abril de 2021, ainda estamos na pandemia, precisei mudar minha rotina outra vez, voltando ao trabalho presencial. Mudamos outra vez as estratégias com a casa e as demandas da escola. Apenas uma coisa não cogitamos em modificar, a ROCHA sobre a qual edificamos nosso lar. Pois podem vir os ventos, e as paredes podem até balançar, mas nossa casa não será abalada (referência a Mateus 7.24,25)
Daniela Fischer Buss Weiss, cristã, esposa, mãe, advogada.
Paróquia São João, Rolante, RS.