A chegada da frente fria nesta semana fez a neve cair em diferentes regiões do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. De acordo com a Defesa Civil de ambos estados, 47 municípios gaúchos tiveram precipitação invernal e 16 cidades catarinenses registraram o fenômeno.
Os pastores da IELB em Canela, Caxias do Sul e Gramado, RS, registraram as ruas e os templos cobertos de neve e relataram este momento inesquecível (confira os relatos abaixo).
Caso você tenha alguma imagem da sua cidade e congregação coberta de neve, compartilhe conosco marcando @ielboficial em suas redes sociais.
Rev. Francis Hoffmann (Gramado):
Falar em neve em Gramado é algo que deixa todos agitados. Desde a primeira vez que ouvimos falar sobre a possibilidade de cair neve este ano, a atenção foi redobrada. Olhares na janela. Pesquisas em sites especializados. Orações… Pode parecer demais orar pedindo neve. É claro que existem coisas muito mais urgentes e pessoas que sofrem com o frio. Mas aprendemos e ensinamos que podemos confiar em Deus e colocar os desejos de nosso coração diante dele. Se acontecerá ou não, só a Deus cabe decidir. Mas perceber que nossos filhos aprendem desde cedo a colocar seus desejos diante de Deus, é emocionante (até mais do que ver a neve). Não era ainda seis da manhã quando uma mãozinha pequena toca a mão de sua mãe e pede, “será que já chegou a neve?” Era meu filho de quatro anos perguntando à sua mãe suavemente se a neve já tinha chegado. Ele nunca tinha feito isso, pois tem um sono bastante pesado. Seis horas da manhã é uma hora em que ele nunca está acordado. Mas sua vontade de ver a neve contagiou a todos em nossa casa. Oramos a Deus! Quem sabe ela vem. Era meia tarde, por volta das 15h, quando começaram a cair alguns flocos de neve. Eram tão pequenos que quase não se via. Mas não importava o tamanho, era neve.
Enquanto caminhava na rua com meu filho, esposa e sogra, pude ouvir dele, “Que bom né pai que Deus mandou essa neve pra gente.” Confesso que não tinha palavras para descrever minha alegria. Estava feliz pela neve sim, mas ainda mais feliz porque meu filho soubera reconhecer quem a enviou para nós e se alegrar com o que Deus faz. Mal sabíamos nós a surpresa que Deus estava preparando para nós.
Satisfeitos com o vislumbre da neve e já de banho tomado, enquanto preparava o chimarrão olhando pela janela da cozinha, ouço um barulho que inicialmente parecia de chuva. Não convencido, ao ir conferir o que era, era neve. Agora sim, daquelas de deixar tudo branquinho. Ninguém se importou de já ter ido tomar banho. Saímos alegremente para registrar o momento e aproveitar aquilo que Deus nos deu!
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Rev. Ernani Kufeld (Canela):
“Porque, assim como descem a chuva e a neve dos céus e para lá não tornam, sem que primeiro reguem a terra, e a fecundem, e a façam brotar, para dar semente ao semeador e pão ao que come, assim será a palavra que sair da minha boca: não voltará para mim vazia, mas fará o que me apraz e prosperará naquilo para que a designei”. [Isaías 55.10-11]
As crianças ficaram eufóricas. Os adultos, voltaram a ser criança. Um verdadeiro espetáculo produzido por Deus. “Deixa ela brincar na neve… se divertir. Essa lembrança ficará gravada para o resto da vida”, disse o pai de Rebeca. Ela estava aproveitando ao máximo a oportunidade de brincar na neve aos 5 anos de idade.
Corremos na neve. Fizemos um boneco todo desengonçado. Rimos. Jogamos bolas de neve uns nos outros. E enquanto a família se divertia o que menos importava era o frio. O momento era mágico e gratuito. Moradores e turistas, ricos e pobres, todos puderam ver a neve cair do céu. Ela caia como flocos de algodão doce. “Experimenta Raquel! É gostosa!”, sugeriu Rebeca para sua irmã mais velha. E enquanto curtíamos o momento em família, era inevitável pensar na grandeza e sabedoria de Deus.
Reflexões brotavam na mente a todo instante. Peguei um punhado de neve e observei como era limpo. Mais branco que o algodão. O pátio da igreja, normalmente escuro, nesta noite estava iluminado; a neve refletia as luzes da cidade. Lembrei-me da confissão do salmista: “Tira de mim o meu pecado, e ficarei limpo; lava-me, e ficarei mais alvo do que a neve.” [Salmos 51.7]. Lembrei-me imediatamente como esta limpeza é feita em nós.
O SENHOR Deus diz: “Venham cá, vamos discutir este assunto. Os seus pecados os deixaram manchados de vermelho, manchados de vermelho escuro; mas eu os lavarei, e vocês ficarão brancos como a neve, brancos como a lã. [Isaías 1.18]. “O sangue de Jesus, o seu Filho, nos limpa de todo pecado.” [1 João 1.7]. Porque a Palavra do Senhor não volta vazia; é gratuita e está alcance de todos nós, basta apreciar.
Voltamos para dentro de casa. A cozinha estava quentinha. O fogo no fogão à lenha garantia o aconchego. Sobre a chapa do fogão, algumas panelas com o que havia sobrado do almoço e um cuscuzeiro com cuscuz de milho. A janta estava garantida. Deus é bom. Olhei para o cuscuzeiro e um filme passou na minha cabeça. O momento era incrível. Uma bênção. Mas quantas bênçãos Deus nos dá ao longo da vida?
Olhei para minhas filhas e “vi meus dois floquinhos de neve mais preciosos”. Uma (Raquel) nasceu na Guatemala, onde minha esposa viu, eufórica, chuva de pedras (granizo) pela primeira vez. Onde vimos e sentimos o chão tremer e fazer ondas sob nossos pés. Onde ouvimos e vimos a erupção de um vulcão. Lembrei-me do Salmo 148: “Louvem o SENHOR, relâmpagos e chuva de pedra, neve e nuvens, e ventos fortes, que obedecem à sua ordem!” [Salmos 148.8]. Sim, a natureza é fantástica e louva e demonstra a grandeza e sabedoria de nosso Deus.
A outra filha (Rebeca) nasceu em Sergipe, de onde trouxemos também o cuscuzeiro que estava sobre a chapa do fogão. Ali vivemos e desfrutamos de tudo o que o nordeste brasileiro tem de melhor e servimos ao Senhor com alegria por 12 anos e meio. No dia 28 de julho de 2019 nos despedimos dos irmãos e amigos sergipanos para, na madrugada do dia 29, embarcar rumo à Canela, RS. Deus havia preparado um veranico em pleno inverno para nos receber. Aquele 29 de julho foi de temperatura agradável, embora frio para quem vinha do calor do nordeste. Deus é bom. Ainda bem que não fomos recebidos com neve. Teríamos congelado. E exatamente dois anos depois, Deus nos brindou com uma bela festa na neve, já nos deu novos amigos e vem abençoando a pregação do evangelho e a igreja entre nós. Ao olhar para trás e pensar em tudo o que Deus já fez, só posso louvar, agradecer e servi-lo com alegria. Por onde andei, pude anunciar a mensagem do Evangelho. Deus sempre cuidou de mim e da minha família, e ainda tem dado a oportunidade de sempre viver coisas novas e inesquecíveis.
Neve, chuva de pedras, vulcões, terremotos, lindas praias… tudo isto é maravilhoso, marcante e emocionante. Mas devo dizer que enquanto pastor, nada tem me marcado e emocionado tanto quanto o batismo de uma criança, a profissão de fé de um adulto, o povo de Deus reunido para o culto. A neve derreteu no dia seguinte. A Palavra de nosso Deus permanece para sempre.
O que mais poderei viver? Não sei o que Deus tem reservado para mim ainda nesta terra. Mas aguardo ansioso, o dia que estaremos, todos nós os que cremos, diante do cordeiro, descrito assim em Apocalipse 1: “Eu virei para ver quem falava comigo e vi sete candelabros de ouro. No meio deles estava um ser parecido com um homem, vestindo uma roupa que chegava até os pés e com uma faixa de ouro em volta do peito. Os seus cabelos eram brancos como a lã ou como a neve, e os seus olhos eram brilhantes como o fogo. Os seus pés brilhavam como o bronze refinado na fornalha e depois polido, e a sua voz parecia o barulho de uma grande cachoeira. Na mão direita ele segurava sete estrelas, e da sua boca saía uma espada afiada dos dois lados. O seu rosto brilhava como o sol do meio-dia. Quando eu o vi, caí aos seus pés, como morto. Porém ele pôs a mão direita sobre mim e disse: – Não tenha medo. Eu sou o Primeiro e o Último. Eu sou aquele que vive. Estive morto, mas agora estou vivo para todo o sempre. Tenho autoridade sobre a morte e sobre o mundo dos mortos”. [Apocalipse 1.12-18]
Este sim, será um grande dia!
Pastor Ernani Kufeld
Pai da Raquel e da Rebeca