Os eventos extremos do clima nos últimos tempos estão confirmando, de forma veemente, o ultimato profético sobre a vida no planeta. É preciso fazer algo urgente, dizem os ambientalistas, caso contrário, a sobrevivência humana e de toda a vida na Terra entrarão em colapso. E agora? Será que existe “vacina” para salvar o planeta do terrível efeito estufa?
A esperança cristã diz que sim, o nosso planeta tem salvação. E ela não depende da ação humana. Está baseada na promessa de uma solução plena e definitiva com a vinda do “novo céu” e da “nova terra”. Mas, tem um detalhe. De forma alguma, nós cristãos, rejeitamos as possibilidades da ciência para salvar a Terra contra os terríveis efeitos do aquecimento global e de toda a degradação. Os avisos dos ambientalistas, portanto, devem ser levados a sério, assim como as advertências dos médicos quanto à nossa saúde física. Se hoje podemos viver mais tempo e melhor por causa da medicina, da mesma forma, nosso planeta pode sobreviver com os recursos científicos. Isso também vem de Deus, o sustentador da vida terrena. É assunto de fé, conforme o primeiro artigo do Credo Apostólico.
Assisti ao documentário Rompendo Barreiras: Nosso Planeta, na Netflix. Lançado recentemente, a obra expõe a teoria dos nove limites para a sustentabilidade da Terra. Um grupo de cientistas afirma que quatro destes limites já foram ultrapassados. São eles: as mudanças climáticas, a perda de integridade da biosfera (a exemplo da extinção de espécies animais), a mudança do sistema terrestre (o desmatamento é uma delas) e a interferência nos ciclos globais de fósforo e nitrogênio, elementos químicos essenciais ao meio ambiente, mas degradados devido à ação humana. Os outros cinco limites correm perigo, e, por isso, o alerta dos cientistas de que o tempo está se esgotando. No final do documentário, o apresentador faz uma advertência contundente: “A ciência é clara, e falamos isso há mais de 30 anos. Eu não fico deprimido. Eu fico com raiva. Isto é sobre nós. Sobre o nosso futuro”.
Muitos torcem o nariz diante deste assunto. Mas este nariz não deveria estar na cabeça de um cristão. Mesmo quando a Bíblia é categórica ao dizer que este mundo tem tempo de validade, e que “um dia o próprio Universo ficará livre do poder destruidor que o mantém escravo” (Rm 8.21), ela também nos torna responsáveis pela vida ao nosso redor, do próximo e de todas as coisas que Deus criou. Portanto, o quinto mandamento igualmente se refere em “não matar” os recursos que sustentam a vida do semelhante.
No próximo dia 31 de outubro inicia a 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. Um grande desafio nesta torre de babel, cada nação com suas aspirações e metas. E aqui começa o problema, não no efeito estufa que provoca o aquecimento global, mas na ganância que aquece a estupidez humana. Confesso que, por este colapso do juízo humano, minhas esperanças começam a ser derrubadas igual às árvores das florestas. Por isso, a oração: ó Senhor, ilumina a mente dos nossos governantes.
Cabe a nós, portanto, igreja e cristãos, sermos mais atuantes no amor ao próximo também com respeito às agressões contra o meio ambiente. É um testemunho que podemos dar através de ações concretas. Se o bom samaritano ajudou a vítima de assalto, agredida violentamente por bandidos, hoje a criação de Deus está implorando por socorro. Além de louvarmos a Deus que “O mundo é teu Senhor. Quão grato é perceber a natureza a te louvar cantando de prazer” – também podemos e devemos ser bons mordomos no cuidado da natureza que geme de dor.