Sempre há motivos para celebrar! Em novembro celebramos datas políticas, dias festivos para o luteranismo e outros para toda a igreja cristã. Neste texto, destaco o Dia de Ação de Graças. Normalmente ele marca o fim do ano eclesiástico, ocorrendo na quinta-feira anterior ao 1º domingo de Advento. Ação de Graças não é apenas um chamado para a gratidão, mas sugere ações, atitudes, fazer algo concreto como manifestação da gratidão. Nos chama a realizar algo que glorifica a Deus e que é útil para a vida.
Quais seriam os motivos de gratidão? É comum pensar a gratidão como resposta a bênçãos materiais e físicas, como a aquisição de um bem material, um livramento, uma cura, um nascimento. Embora o Dia de Ação de Graças se assemelhe à Festa da Colheita, celebrada especialmente como gratidão pelas boas colheitas, ele celebra a gratidão por todas as bênçãos que Deus derrama sobre o seu povo. Na Bíblia, a gratidão também abrange os motivos espirituais, portanto, podemos incluir o batismo, a confirmação, a profissão de fé, a bênção matrimonial, as bodas, a vida cristã, o permanecer na graça de Jesus, enfim, a salvação eterna. A gratidão fundamentada nas bênçãos espirituais nos dará motivos para agradecer, mesmo em dias de dificuldades, perdas e dor.
Ação de Graças nos convoca a demonstrar gratidão por meio de atitudes. E quais poderiam ser estas atitudes de gratidão? É certo que o próprio Espírito Santo nos move ensinando a maneira certa de agir diante de Deus e do nosso próximo para agradecer, mas creio que é importante perceber que, na Bíblia, a gratidão está associada à oração (Dn 6.10; Sl 50.14,15). Por sua vez, a oração manifesta a fé e é um reconhecimento de dependência da onipotência e onisciência de Deus. Já as ações de graças normalmente se manifestam por meio do que chamamos ações de misericórdia, diaconia ou ação social. Ações movidas por Deus por meio de nós demonstrando ao próximo amor, respeito e acolhimento. Essas ações, quando recebidas, motivam as pessoas a orar e agradecer a Deus.
Na Bíblia temos um relato que nos mostra como as ações de graças podem levar mais pessoas a agradecerem a Deus. Essa dinâmica pode ser vista no registro que Paulo faz da atuação dos macedônios, que atuaram como voluntários suprindo as necessidades do povo. E por meio desse trabalho se multiplicaram orações de gratidão e a glorificação a Deus: “Assim, vocês serão enriquecidos em tudo para toda generosidade, a qual, por meio de nós, resulta em orações de gratidão a Deus. Porque o serviço desta assistência não só supre a necessidade dos santos, mas também transborda em muitas orações de gratidão a Deus. Na prova deste serviço, eles glorificam a Deus pela obediência da confissão que vocês fazem do evangelho de Cristo e pela generosidade com que vocês contribuem para eles e para todos, enquanto eles oram por vocês, com grande afeto, por causa da extraordinária graça de Deus que foi dada a vocês” (2Co 9.11-14).
Esta ação dos macedônios não foi realizada por obrigação ou na busca de recompensas, “mas, pela vontade de Deus, deram a si mesmos, primeiro ao Senhor, depois a nós” (2Co 8.5). Pertencer ao Senhor torna o cristão obreiro da seara, e as ações ocorrem com espontaneidade, revelando o Senhor da igreja e, assim, movendo as pessoas a orar e a dar graças a Deus.
Airton S. Schroeder
Vice-presidente de Ação Social