Entrei na trend

Diante de um mundo imediatista e imagético, dançar, cantar, fazer um efeito se tornaram soluções para os sofrimentos do indivíduo contemporâneo

Artur Charczuk
pastor e psicanalista
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Eu não podia ficar fora da trend do momento; entrei na trend; nossa família entrando na trend; entrei na trend sem perceber e trend e mais trends. Bem provável que você já leu essa palavra em algum lugar no Facebook, Tik Tok ou Instagram, enquanto deslizava o dedo na barra de rolagem do celular. Trend é uma palavra que vem do inglês, significando tendência. Quando vemos a trend, tendência, no universo das redes sociais, ela é compreendida como um conteúdo viral e popular, isto é, todo mundo está fazendo. O material é replicado pelos internautas de uma forma evolutiva, ou seja, mais e mais pessoas vão aderindo à tendência.

A trend se espalha rapidamente, mas é por um período de tempo. A trend se manifesta das mais variadas formas: pode ser uma dança, comportamento, música, desafio, moda, etc. Nas últimas semanas estava em voga a transformação de imagens em desenhos animados, no estilo Studio Ghibli. Estava literalmente pipocando nas redes sociais, com a frase introdutório: entrei na trend. Uma enxurrada de pessoas aderindo ao Ghibli, acontecendo uma espécie de padronização digital. Por outro lado, é parte da constituição humana, mas o ser humano sente uma profunda necessidade de pertença. Não é simplesmente transformar uma imagem em desenho, mas é a busca pela satisfação, felicidade, segurança, reconhecimento e assim por diante.

Assim, uma trend pode indicar uma necessidade, algo para ser preenchido, é mais ou menos assim: todo mundo está fazendo, também vou fazer. É como um processo de identificação, onde o indivíduo assume uma atitude de homogeneidade, mas não perdendo sua individualidade. Por consequência, a dita tendência é um modelo a ser seguido. A trend pode ser entendida como um paliativo diante de um conflito interno: de um lado existe o sentimento das coisas como estão, do outro está o sentimento das coisas como deveriam ser. E a trend entra como um alívio para a angústia, um sentido diante de um determinado vazio. Ela oferece uma felicidade efêmera, obviamente é uma característica da contemporaneidade, ascensão e descensão das coisas em um curto espaço de tempo. Diante de um mundo imediatista e imagético, dançar, cantar, fazer um efeito se tornaram soluções para os sofrimentos do indivíduo contemporâneo.

Fora os perigos que as trends podem oferecer – desafios prejudiciais para o físico e psicológico, por exemplo: “jogo do engasgo”, onde a pessoa se priva de oxigênio para atingir um estado de euforia –, a desenfreada circulação da desinformação, fake news; a expansão da violência e do discurso de ódio, ocorrendo bastante em nossos dias e outros. Portanto, é muito importante o cuidado com os nossos jovens, quais trends que eles estão tendo contato? Pais: levem seus filhos à reflexão, isto é, a tal trend é válida? Qual é a sua contribuição para a formação pessoal? Sua utilidade? São dicas? E uma coisa é fato: nossa tendência, melhor, nossa certeza, é Jesus Cristo, nosso único e suficiente Deus e salvador. Somente ele pode aliviar o ser humano, preencher seus vazios com misericórdia e amor. Não por um período de tempo, mas eternamente. Entrei na trend? Não, prefiro nossa certeza: Jesus Cristo.

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