Na cruz e no sepulcro vazio da Páscoa estão os sinais que apontam para o mistério da reconciliação!

Reconciliados com o Criador por meio da fé no Cristo morto, contudo, ressuscitado, podemos agora viver uma nova vida

Waldyr Hoffmann
Pastor da IELB em Joinville, SC
waldyrhoffmann@gmail.com

Reconciliar significa restabelecer relacionamento. Antes divididos, separados; agora, reconciliados, unidos. Simples assim! Conceitualmente falando, de fato, simples. No entanto, o que gera a reconciliação, os papéis desempenhados, os desgastes, os esforços e sacrifícios empregados para tornar isso possível nem sempre são percebidos. O que importa é o resultado: reconciliação.

Quando colocamos este assunto no contexto do cristianismo, afirmamos que a cruz do calvário e o sepulcro vazio da Páscoa apontam para o mistério da reconciliação. Esses dois eventos centrais para a fé cristã, a cruz do calvário e o sepulcro vazio da Páscoa testemunham o que vem a ser o fundamento do cristianismo. Na cruz, houve o sacrifício de Jesus em favor da humanidade pecadora, e o sepulcro vazio confirma a ressurreição de Jesus, sua vitória sobre o pecado e a morte. O que aconteceu na cruz do Calvário somado à prova do sepulcro vazio trouxe a reconciliação da criatura com seu Criador.

Como entender essa reconciliação? A partir da história do ser humano no seu relacionamento com o Criador.  Dentro do propósito de Deus, homem e mulher foram criados para viver em comunhão com ele. Eram bons, à imagem e semelhança de Deus (Gn 1.26). Deus, sendo perfeito, criador de todas as coisas, viu que tudo era bom, também as pessoas, os seres humanos. Havia um relacionamento próximo entre Deus e o homem (e vice-versa). No entanto, aquele relacionamento perfeito se desmoronou em virtude da queda, porque o homem deu ouvidos às mentiras de Satanás. Deus, todavia, já tinha pronto o plano para devolver ao homem aquele relacionamento que a queda em pecado fez desmoronar. Para tanto, era necessário haver reconciliação. Por isso “reconciliação” se tornou o tema central do evangelho anunciado já no Jardim do Éden, quando foi dada a Adão e Eva a promessa do Salvador (Gn 3.1).

A partir dali, cada passo dado por Deus em direção aos seres humanos foi planejado nos mínimos detalhes, desde a escolha de um povo (Israel), sua história, reis e profetas apontando para o Messias, até culminar com o nascimento de Jesus. O foco da vontade divina sempre esteve voltado para a reconciliação com a humanidade pecadora. Por isso celebramos a cada ano o nascimento daquele que é o centro das atenções a respeito da reconciliação, Jesus. Mas entendemos que o Natal sem a Sexta-feira Santa e o Domingo da Páscoa não estaria completo.

Voltemos, então, a nossa atenção aos assuntos da Semana Santa. “Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não levando em conta os pecados dos seres humanos” (2Co 5.19), afirma o apóstolo Paulo. A cruz, portanto, não foi apenas um evento histórico, mas o ponto culminante da demonstração do amor de Deus ao mundo, quando Jesus assumiu a culpa de toda a humanidade para redimi-la.

Jesus assumiu a natureza humana e cumpriu o seu papel como Deus e homem, porém sem pecado. Esta foi a estratégia de Deus para salvar as pessoas. Nada há de iniciativa ou participação humanas, pois tudo é ação e obra divinas. É Deus quem promove a restauração da pessoa, algo impossível a nós, fora do nosso alcance por causa dos nossos pecados, nossas imperfeições. Jesus, porém, sendo perfeito, carregou sobre os seus ombros o nosso pecado. Quando ele diz “está consumado” (Jo 19.30), ele declara que o plano de salvação está cumprido e assim fomos reconciliados com Deus. Custou a sua vida, seu sangue derramado. Agora, mesmo pecadores, somos perdoados e salvos. Este é o mistério da reconciliação revelado a nós pelo próprio Deus por meio de sua Palavra inspirada.

Ainda podemos afirmar que o mistério da reconciliação se completa com a ressurreição de Cristo, da qual o sepulcro vazio dá testemunho. Isso confirma a esperança da reconciliação plena e dela nos dá certeza. Se Cristo tivesse permanecido morto, de que adiantaria o seu sangue derramado na cruz? Seria apenas considerado um mártir, e nenhum sentido haveria em dizer que ele morreu por nós. Ele, porém, de fato ressuscitou. Essa verdade nos garante que nossos pecados são perdoados, e agora podemos viver a esperança da nossa ressurreição. Tudo isso em virtude da ressurreição de Jesus, conforme diz Paulo em 1Coríntios 15.17: “E, se Cristo não ressuscitou, é vã a fé que vocês têm, e vocês ainda permanecem nos seus pecados”.

Dentro do plano de salvação, Deus providenciou tudo. Desde a queda há uma iniciativa de Deus em trazer o ser humano de volta a ele. Não há como ficar impassível ao relato da morte e ressurreição de Jesus. Por mais que as pessoas fiquem impactadas com as imagens relacionadas a esses dois eventos (morte e ressurreição de Jesus), algo muito maior e significativo aconteceu: nossa reconciliação com Deus. Estamos livres da condenação eterna. Esta reconciliação transforma a nossa vida, restaura relacionamentos e oferece paz ao ser humano. Somos filhos reconciliados com Deus e agraciados com a salvação eterna. Para essa verdade apontam o Cordeiro Pascal, a celebração da santa ceia, a cruz do Calvário e o sepulcro vazio. Dessa verdade, como uma fonte, jorra a nova vida em Cristo.

Por isso, na cruz do Calvário e no sepulcro vazio da Páscoa, estão os sinais que apontam para o mistério da reconciliação. Reconciliados com o Criador por meio da fé no Cristo morto, contudo, ressuscitado, podemos agora viver uma nova vida, e, quando chega esta época do ano, a Semana Santa e logo a Páscoa, podemos contemplar agradecidos o quanto Deus fez e tem feito por nós. Este é o mistério da reconciliação, ou seja, tudo recebem aqueles que nada merecem!

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