Antes de conversarmos, quero propor que primeiro você pare por alguns minutos e reflita sobre os seguintes questionamentos: Para você, o que significa ser pai? Qual o papel do pai na educação de uma criança?
Historicamente, a função paterna foi se construindo em torno do provimento material e financeiro, que resulta, muitas vezes, em distanciamento físico, afetivo e pouco envolvimento no cuidado e educação formal das crianças.
Atualmente, esse modelo vem sendo questionado, e o envolvimento do pai no cuidado e educação dos filhos, bem como nas tarefas domésticas, tem sido cada vez mais colocado em pauta.
A psicologia sistêmica familiar vem trabalhando o conceito de coparentalidade na perspectiva de destacar que tanto pais como mães podem desenvolver as funções parentais necessárias para o desenvolvimento dos seus filhos, sendo elas:
- função de apego – que ajuda a desenvolver o senso de intimidade, segurança, capacidade de engajamento em relacionamentos e regulação emocional (dar carinho, cuidar, alimentar, ajudar na regulação das emoções e tarefas cotidianas, etc);
- função de ativação – que desenvolve o estímulo à perseverança, a aprender a correr riscos e saber dos limites, disciplina, autonomia e responsabilidade (estimular brincadeiras que exijam força corporal, atividade física, enfrentar desafios, etc).
Ao longo dos últimos tempos, temos observado um maior desempenho dessas funções pelos pais, e os relatórios “State of the world’s fathers”, produzidos anualmente pela instituição internacional MenCare, trazem algumas conclusões importantes sobre a importância do envolvimento dos pais na educação dos filhos, das quais destaco:
1) Contribui para um maior desenvolvimento cognitivo, melhor saúde mental, menores taxas de delinquência e o desenvolvimento de habilidades sociais dos filhos.
2) Ao compartilhar a responsabilidade pelo cuidado e trabalho doméstico, homens apoiam a participação das mulheres na força de trabalho e a buscarem trabalhos menos tradicionais e com salários mais elevados.
3) Incentiva e apoia as mães na realização do pré-natal, na amamentação e no autocuidado, facilitando o vínculo entre mãe e filho.
4) Pais que possuem relações próximas e não violentas com os filhos vivem mais, têm menos problemas de saúde mental ou física, são menos propensos a usarem drogas, são mais produtivos no trabalho e afirmam serem mais felizes do que os pais que não têm essa conexão com os filhos.
Como cristãos, podemos perceber como as Sagradas Escrituras corroboram os pontos mencionados acima e destacam a importância da participação dos pais na educação de seus filhos, quando orientam para:
– a função de ser protetor da integridade física, emocional e espiritual (Lc 11.11-13; Pv 22.6; Ef 6.4);
– a função de ser um bom marido (1Co 7.3; Pv 31.11; Ef 5.33);
– a função de deixar o filho explorar, escolher e reconhecer seus limites (Lc 15.11-12);
– a função de disciplinar com amor e paciência (Dt 6.6,7; Pv 3.11-12; 2Tm 3.15);
– a função de abençoar, manifestar a graça e o perdão (Gn 48.15-16; Sl 103.13; Lc 15.20-24).
Pai, consegue perceber como você é importante? Como ser humano imperfeito, sabemos que você precisa do apoio e da manifestação da graça de sua família, especialmente para o fortalecimento da sua conexão e vínculo com o nosso Pai, que está no céu e o ama sem medida.
Mas, lembre-se, pai: você pode e deve pedir apoio quando estiver com dificuldades e sofrendo, se sentindo perdido no desempenho dessas funções todas, sem conseguir avançar sozinho. Deus também capacita profissionais que podem orientá-lo e apoiá-lo nessa missão de criar e educar um filho.
Luise Lüdke Dolny
Psicóloga
Florianópolis, SC