Existem alimentos que falam ao coração. Que aquecem a alma. Que reconfortam. Quem sabe por que nos lembram de tempos da infância. Ou quem sabe da casa da vovó. Neste aspecto gastronômico, tudo é subjetivo. Cada um tem sua receita, sua lembrança, seu sabor que fala ao coração e à alma.
Nesta semana, lembrei-me disto ao preparar uma receitinha que divide opiniões. Mingau de aveia. Há quem diga que é papinha de criança. Há quem se delicia com esta iguaria com sabor de interior, de infância, de comer mingau debaixo das cobertas em um dia frio de inverno. Depois de chegar em casa em uma tardinha gelada e de garoa fria, preparei aquele mingau. No capricho! Turbinado com um pouco de cacau em pó, mel e uma pitada de café solúvel. Uma delícia! Comido quentinho, para aquecer o corpo e a alma. Se você pesquisar, vai ver que o mingau é altamente nutritivo, uma bênção para a saúde. Além de ser reconfortante em um dia frio de inverno.
Há um alimento perfeito que também extrapola sua função biológica. Aliás, sua porção é tão pequena que nem serve como combustível para a sobrevivência do organismo. Mas, mesmo assim, cria e mantém vida em abundância. Vida que extrapola biologia, ciência e razão. Vida que continua, mesmo quando o organismo chega ao fim. Refiro-me à Santa Ceia. Tão simples e tão magnífica.
Cremos, ensinamos e confessamos que o verdadeiro corpo e sangue do Salvador Jesus estão em, com e sob o pão e o vinho. Simples pãozinho e um golinho de vinho, alimentos universais. Magnífico e consolador corpo e sangue de Cristo. “Isto é o meu corpo”, “isto é o meu sangue, que é derramado em favor de muitos para o perdão dos pecados”, garantiu Jesus em Mateus 26.
Sob arrependimento e fé, alimentar-se na Ceia é confortar o coração com algo que aconteceu no passado, como uma receita com gosto de infância. É ser colocado diante da cruz. É ter contato com o mesmo corpo que, ensanguentado, foi o sacrifício aceitável a Deus. Mas também é ser colocado diante do túmulo vazio. O ressuscitado continua com seu povo, também através do comer e beber da Ceia.
Porém, precisamos lembrar que o alimento perfeito é dado para o aqui e agora. Na sua simplicidade e na sua magnífica função, a Ceia fala ao coração. Conforta alma. Consola o aflito. Fortalece o fraco. Suaviza a dor do enfermo. Traz paz ao atribulado. Enche de alegria. Fortalece a fé. Dá a certeza do perdão dos pecados. Não por dignidade de quem come o alimento perfeito, mas porque Cristo está verdadeiramente ali, no pão e no vinho. Não é fábula ou encenação. Ele está presente na Ceia que é celebrada no culto, na casa, no hospital, no leito da enfermidade. E quando Cristo está presente, há salvação.
Então fica a dica: graciosos alimentos que confortam o coração! Simples e magnífica Ceia do Senhor, o sacramento que comemos, bebemos e que nos fala ao coração: dado para perdão dos pecados.