Servindo a Deus com dons das linhas

Juntas, cada uma no seu talento, entregam um pouco de si na seara do Senhor

Luciana Eidam

Elza Ruppel Eidam era o nome da minha avó paterna. Sempre amorosa, viveu lúcida até os 96 anos de idade com um coração completamente voltado a Deus. Nos momentos devocionais, ela orava por toda a família. E quando precisávamos ainda mais de orações, era só pedir à D. Elza que ela orava sem cessar. Quando ela descansou, ficamos preocupados, afinal, quem oraria por nós a partir daquele dia?

Minha avó sempre foi um exemplo de vida cristã e sempre trabalhou para o reino de Deus.

Lembro-me dela sentada em sua poltrona e, ao lado, aquele cesto cheio de linhas de diversas cores. Com a agulha de crochê de bico mais fino, pacientemente crochetava os bicos nos panos de prato. Os pontos eram minúsculos e firmes. Confesso que eu tentava fazer dos meus crochês, pontos iguais ao dela. Em vão. Acho também que eu desistia rapidamente, pois queria ver o meu trabalho pronto para ontem. Então, sempre optava em crochetar algum tapete com linhas de barbante mais grosso, pois sabia que os pontos miúdos não renderiam logo um trabalho feito.

Todavia, de ponto em ponto, na mais alta paciência, entre uma cuia e outra de chimarrão, com aqueles pontos minúsculos e firmes, D. Elza ia formando os mais lindos bicos nos panos de prato. E assim ela seguia fazendo seu trabalho manual. Aqueles panos eram transformados em pequenos presentes, ora para uma neta formar o enxoval, ora para uma nora, ora para uma vizinha. Muitos se beneficiavam daquele trabalho minucioso.

Minha avó também se dedicava a muitos trabalhos dentro da igreja. Um em especial, chamava a atenção: o trabalho no departamento de Servas.

Sim, minha avó era uma Serva do Senhor. E na companhia de outras mulheres, se reuniam para trabalhar na seara. Quando se encontravam, estudavam a Palavra, compartilhavam experiências e dividiam os conhecimentos dos dons que dominavam. Como uma linha de crochê, elas iam tecendo laços de amizade e fé.

Os encontros eram momentos de verdadeira comunhão e crescimento espiritual. E minha avó, era uma fonte constante de amor e inspiração.

Realmente, quando as servas do Senhor se reúnem, elas podem desfrutar de momentos únicos de aprendizado, alegria, compartilhamento e até mesmo sentir-se como num refúgio seguro.

As servas do Senhor, trabalhando sempre com alegria, espalham amor através dos seus dons. Algumas com dons das linhas como minha avó, outras com dons culinários, outras com dons da música. E a lista segue infinita porque Deus é maravilhoso e dá a cada uma de nós algo em especial e que, juntas, cada uma no seu talento, entrega um pouco de si no servir ao Senhor.

Cada talento é uma expressão única do amor de Deus. É como se fossemos um pontinho minúsculo e firme na grande seara formando uma tapeçaria vibrante de fé e esperança. Todos sabem que, por meio de suas ações, estão semeando sementes de amor que o Espírito Santo fará florescer no coração de muitos. E é nesse espírito de entrega e serviço que encontram a verdadeira alegria e realização.

Hoje, ao lembrar da minha avó e testemunhar o trabalho de muitas Servas, sinto uma profunda gratidão. A vida dela foi um exemplo de dedicação e amor incondicional na seara do Senhor. A você, seja também um pontinho, mesmo que minúsculo, mas firme no ‘crochetar’ de Cristo. E que o servir com alegria faça parte do seu dia a dia no maravilhoso caminhar com Deus.

Comentários

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Matérias Relacionadas

Dias cinzas. Corações cinzas

A depressão é uma imensa fumaça cinzenta que paira sobre diversos lares. O tom cinza pode sufocar. A ponto de não se encontrar mais o brilho da vida e se achar que desistir de tudo poderia ser a melhor escolha.

Veja também

Dias cinzas. Corações cinzas

A depressão é uma imensa fumaça cinzenta que paira sobre diversos lares. O tom cinza pode sufocar. A ponto de não se encontrar mais o brilho da vida e se achar que desistir de tudo poderia ser a melhor escolha.

A vida é boa!

Ser positivo é conseguir entender que não há mal que sempre dure nem bem que nunca se acabe. É ser grato.

Apenas um abraço!

“Acima de tudo, porém, tenham muito amor uns para com os outros, porque o amor cobre a multidão de pecados” (1Pe 4.8)