Não são raros os dias em que nos sentimos sobrecarregados. Exaustos. Não falo aqui do esgotamento físico, depois de um trabalho braçal ou de uma forte atividade física. Estes, na verdade, até nos ajudam a aliviar o cansaço ao qual me refiro. Falo da exaustão das agendas cheias. Das responsabilidades que pesam. Da mente cansada com o excesso de informação, telas e ruídos. Sem falar na sobrecarga que o coração é obrigado a suportar. Amores desfeitos. Sonhos acabados. Lutos prolongados. A solidão. A enfermidade. As culpas.
Nesses dias em que os ombros sentem o peso de toneladas, procuramos alívio. Uma pausa no trabalho. Ficar offline nas redes. Praticar uma atividade física. Jogar-se no sofá em um dia chuvoso. Apreciar um dia ensolarado de inverno. Ouvir os pássaros. Comer uma fruta em meio à natureza. Preparar um jantar com os amigos. Tudo isso pode, realmente, ajudar a aliviar uma sociedade hiperconectada, sobrecarregada e cansada Porém, há fardos que perduram. Mesmo após uma maravilhosa noite de sono.
Com esses fardos que deixam marcas profundas nos ombros de qualquer um, ouve-se o convite que é o suprassumo dos convites. “Venham a mim”, diz Jesus. “Venham a mim todos vocês que estão cansados de carregar as suas pesadas cargas, e eu lhes darei descanso” (Mt 11.28). O convite está feito. Não é convite aguinha com açúcar. Nem um consolo barato que se encontra nas prateleiras de autoajuda. É o convite do Salvador. Que quer tratar os fardos profundos que a vida nos deu. Que vai a fundo nas culpas que aterrorizam. Que faz brotar a vida, mesmo diante dos terrores da morte. “Venham a mim”, convida o Salvador.
Este convite contém uma ação. Dele mesmo. “Darei descanso”, nos disse Jesus. Melhor dizendo, nos consolou Jesus. Nele está o descanso. Nele está o perdão para as culpas que agarram e torturam a consciência. Nele está a paz para a mente acelerada, para o coração sofrido. Nele está a ressurreição que consola a pior dor de todas as dores. Nele está o livramento do castigo de Deus. Nele, e apenas nele, está a salvação.
Então, fica a dica: “venham a mim”, continua a convidar Jesus. A mim e a você, reféns desta sociedade hiperconectada e sobrecarregada. Ao invés de carregarmos nos ombros o jugo pesado de culpas e terrores, carreguemos a marca de Jesus: o leve fardo da misericórdia e da bondade de Deus. Debaixo do jugo de Jesus, a vida torna-se eterna, mais leve e saborosa.