Eis que mergulhamos dezembro a dentro. Já com cheirinho de Natal. Época em que adultos respiram fundo e tentam relembrar a doçura dos natais que não voltam mais. Do tempo de criança, quando tudo era festa, família reunida, presentes e gostosuras. E, claro, do friozinho na barriga ao declamar os clássicos versinhos na igreja, já com a roupa nova de Natal. Mas a doçura do Natal ainda está presente. Mesmo que o Natal seja apenas mais um compromisso na rotina agitada ou que seja o primeiro a ser celebrado com um lugar vazio à mesa. A doçura do Natal continua a existir. Não nas balas que o bom velhinho distribui, muito menos nas caixas de bombons que repousam debaixo do pinheirinho. A doçura do Natal sempre esteve e sempre estará em Cristo, o Salvador, que veio e vem (por sua Palavra) para todos.
Este Natal, adocicado generosamente, foi saboreado especialmente por Maria e José. Lá no primeiro Natal. O jovem casal sabia muito bem quem era aquele bebezinho que estaria aos seus cuidados. “Ela terá um menino, e você porá nele o nome de Jesus, pois ele salvará o seu povo dos pecados deles” (Mt 1.21), disse o anjo a José. Já a Maria, o anjo anunciou: “Você ficará grávida, dará à luz um filho e porá nele o nome de Jesus. Ele será um grande homem e será chamado de Filho do Deus Altíssimo” (Lc 1.31-32).
Aquele jovem casal, recém começando na vida, tinha em seus braços o bebezinho mais aguardado pelo povo de Deus. Aquele que fora anunciado como o esmagador da cabeça da serpente, lá no Éden; que teve sua obra prefigurada no cordeiro sacrificado no lugar de Isaque; que fora anunciado pelo profeta como Conselheiro, Deus Forte, Príncipe da Paz. Maria e José tinham plena ciência de quem eles teriam consigo por muitos anos.
A Bíblia praticamente silencia sobre a infância de Jesus, bem como de sua adolescência e início da vida adulta. Sob este silêncio, às vezes me questiono se Maria e José não acabaram por experimentar alguns melindres. Afinal, eles eram a família de Jesus, o lar de Jesus, a rotina de Jesus. E, neste cenário, questionamentos poderiam surgir entre Maria e José. Tais como: “Será que estamos sendo bons pais para Jesus?”; “Será que Jesus está aprovando nossa vida conjugal?”; “Será que Jesus pode nos ajudar nas tarefas da casa?”; “Será que Jesus está consentindo com a forma como educamos os demais filhos?”.
Sob o silêncio das Escrituras, estes questionamentos são apenas suposições e imaginações. Independentemente se esta forma de pensar estava ou não no coração de Maria e José, a doçura do Natal precisaria ser lembrada a eles ao final de cada dia daquela família. A doçura de lembrar que quem estava crescendo bem diante de seus olhos não era um espião dos céus ou um relator dos pecados secretos daquela família, mas era o Emanuel, o Deus Conosco. Exatamente como os anjos haviam anunciado. Ali, naquele lar, crescia o resgatador de todo o povo de Deus.
Ah, como precisamos desfrutar também desta doçura que é lembrar qual é o núcleo de todos estes enfeites, presentes, luzes e sons natalinos. É Jesus. Sempre foi. E sempre será. Natal é a doçura da graça de Deus. Doçura que vem ao encontro de nossas amargas culpas, crises e aflições. O doce natal de Jesus está no ar, mais uma vez. É aroma de vida, que brota das Escrituras. Esbaldemos nosso coração no doce Natal de Jesus. É Natal do Deus Conosco. Do perdão. Da vida sem fim que há com o Ressuscitado.