O evangelista João relata o nascimento de Jesus de uma forma bem diferente dos demais evangelistas. Ele diz: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai” (Jo 1.14). Um pouco antes, nos versículos 1 a 3, ele havia dito: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez”.
O que João está afirmando é que Deus criou todas as coisas usando o poder do Verbo. Deus dava ordens e as coisas passaram a existir. Por exemplo, Deus disse “Haja Luz! E houve luz” (Gn 1.3). E assim todas as coisas foram criadas.
Ao longo do relato da criação do mundo, em Gênesis 1 e 2, várias vezes encontramos a expressão “E Deus viu que isso era bom”. Mas, no final do sexto dia, “Deus viu tudo o que havia feito, e eis que era muito bom” (Gn 1.31). De fato, tudo era muito bom! Aliás, tudo era perfeito. E tudo fora criado pelo poder do Verbo.
O capítulo 3 de Gênesis, no entanto, nos mostra o efeito devastador do pecado. A desobediência de nossos pais, Adão e Eva, comprometeu severamente toda a criação de Deus, inclusive o ser humano, o qual deixou de ser santo, justo, puro, imortal, com pleno conhecimento de Deus, e passou a ser pecador, espiritualmente cego e morto, inimigo de Deus, escravo de Satanás e, naturalmente, condenado à morte eterna. O pecado, portanto, não é uma simples mancha que pode ser lavada ou apagada pelo próprio ser humano, mas ele significa a ruptura com Deus, o afastamento de Deus e a morte temporal e eterna.
Deus, no entanto, movido por seu amor e graça, prometeu e enviou ao mundo o Salvador. E quem é o Salvador? É aquele que no princípio era o Verbo, que estava com Deus, que era Deus, por meio de quem todas as coisas foram feitas, e, sem ele, nada do que foi feito, se fez (Jo 1.1-3). Esse mesmo Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade (Jo 1.14). Ele veio ao mundo, se fez um de nós, cumpriu toda a lei de Deus e morreu em nosso lugar para consertar o que o pecado estragou no mundo, em nós e na nossa relação com Deus e com o nosso semelhante.
Do ponto de vista do evangelista João, o Natal é o grande conserto, certamente o maior conserto já registrado na face da terra. O Verbo se fez carne e habitou entre nós! Ele, que esteve presente na criação do mundo, por meio de quem todas as coisas foram criadas, veio ao mundo para consertar o que o pecado estragou.
Jesus realizou a obra da salvação de forma perfeita. Ele consertou o estrago que o pecado causou na nossa relação com Deus. Por isso o apóstolo Pedro escreve: “Louvemos ao Deus e Pai do nosso Senhor Jesus Cristo! Por causa da sua grande misericórdia, ele nos deu uma nova vida pela ressurreição de Jesus Cristo. Por isso o nosso coração está cheio de uma esperança viva. Assim esperamos possuir as ricas bênçãos que Deus guarda para o seu povo. Ele as guarda no céu, onde elas não perdem o valor e não podem se estragar, nem ser destruídas. Essas bênçãos são para vocês que, por meio da fé, são guardados pelo poder de Deus para a salvação que está pronta para ser revelada no fim dos tempos. Alegrem-se por isso, se bem que agora é possível que vocês fiquem tristes por algum tempo, por causa dos muitos tipos de provações que vocês estão sofrendo… Vocês têm essa alegria porque estão recebendo a sua salvação, que é o resultado da fé que possuem” (1Pe 1.3-9 NTLH).
Tendo sido alvos deste conserto realizado por Deus, podemos dizer uns aos outros: Feliz Natal!
Geraldo W. Schüler
Presidente da IELB