Há tradições que queremos passar de pai para filho: o gosto pelo churrasco; algumas práticas esportivas; o time do coração; nossos hobbies favoritos; o hábito de ir à igreja; e, muitas vezes, nossa profissão. Alguns pais ainda tentam se satisfazer projetando na formação dos filhos sua própria realização pessoal.
Meu pai sonhava que eu fosse engenheiro. E entendo sua frustração quando fui trabalhar em uma atividade que sequer existia 20 anos atrás, e que até hoje ele tem dificuldades em explicar. Já eu confesso um certo orgulho quando meu pequeno, de 10 anos, diz que pretende se tornar “marqueteiro”, como seu pai, mesmo sem saber direito o que isso significa.
Da mesma forma como eu atuo em uma nova profissão, segundo estudo da Universidade Oxford, 47% das profissões de hoje não existiam 20 anos atrás: youtubers; influenciadores; motorista de aplicativo; jogadores de Leage Of Legends; e quantas outras profissões mais ainda podem surgir? De acordo com outra projeção, agora do Fórum Econômico Mundial, 65% dos alunos no Ensino Básico, hoje, irão trabalhar em profissões que também ainda não existem. Que angústia para nós, pais!
Última semana, no guia de devoções diárias que uso com meu filho, havia uma reflexão sobre o texto de Mateus 23, e parei para conversar e refletir com ele sobre os fariseus. Há uma pequena afirmação no versículo 11 cuja grandiosidade muitas vezes passa despercebida: “o maior entre vós será vosso servo”.
A Nova Tradução da Linguagem de Hoje talvez dê mais amplitude para esta leitura: “o mais importante entre vocês é aquele que serve os outros”, ou seja, muitas vezes investimos tempo demais buscando coisas que são assessórias, ou meramente motivados por prestígio social, semelhante ao que faziam os fariseus. O texto de Mateus 23 nos ensina a importância de praticar aquilo que falamos, que devemos ser, como pais e como trabalhadores, um exemplo para nossas pequenas sementes.
Esta passagem, naquele contexto, foi para mim uma revelação: antes de um bom engenheiro, um bom operador, um bom empresário, é imprescindível que nossos filhos vejam em nós uma referência de integridade, de compreensão, de caráter e também de subserviência.
Mas então como preparar nossos pequenos para esta nova sociedade do século 21? Como dar a eles uma formação suficientemente multidisciplinar e uma capacidade suficiente de adaptação às mudanças de cenários?
Quem sabe a resposta esteja dentro de nós mesmos: oremos por nossos filhos, para que saibam se recriar e se reinventar; e que possamos apoiá-los, pensando um pouco “fora da caixa” neste mundo de transformações tão constantes. Principalmente, peçamos que o Pai do Céu permita sermos bons profissionais, dedicados tanto ao nosso trabalho, como à igreja e também às nossas famílias, sendo assim um bom exemplo de ser humano.
Ives Moller
Presidente da LLLB