Recentemente em minha empresa participei de um debate sobre quem poderia (ou não), tornar-se um sócio quotista. Após várias manifestações sobre os critérios, pré-requisitos, debates sobre meritocracia, bonificações, responsabilidades, um dos já sócios resumiu tudo: “Além do mérito, preciso poder confiar que a pessoa não vai cair bêbada na rua utilizando uma camisa com a nossa logomarca”.
Achei brilhante a explicação daquele líder – quem usa a camisa da empresa precisa de fato ser um exemplo, mesmo fora do ambiente de trabalho. Se um funcionário uniformizado for grosseiro com o caixa do supermercado, fizer uma piada inconveniente ou der uma fechada no trânsito, é a imagem da empresa que também fica manchada. Para um sócio, então, a responsabilidade é ainda maior.
Mas, se pararmos para pensar, nós, cristãos, não temos um uniforme ou uma vestimenta que nos identifique como tal, porém somos marcados pela água do batismo, e assim também fomos marcados pela força do Espírito Santo. Dessa forma, somos incorporados ao povo de Deus, a ele pertencemos e nele somos fortalecidos. E como povo de Deus, temos grandes responsabilidades.
Algumas de nossas atribuições como povo marcado por Deus são claramente declaradas: anunciar o evangelho, fazer o bem ao próximo, amar a Deus; mas como cristãos também devemos lembrar de levar uma vida condizente com a fé que anunciamos, sendo um exemplo em nossas atitudes, em nosso comportamento, em nossos pronunciamentos.
Senti um grande peso quando pela primeira vez coloquei um adesivo da IELB em meu carro: pensei em todas as vezes que buzinei para alguém apressado, que já dei uma fechada no trânsito, que xinguei ou levantei o dedo do meio para outro motorista (não, esta última eu nunca fiz, mas para muitos poderia ser normal). Por menor que seja meu adesivo no carro, se eu cometo no trânsito quaisquer destes pequenos delitos, é a imagem da minha Igreja que está sendo maculada.
Se utilizo as minhas redes sociais para compartilhar passagens bíblicas, estudos ou eventos da igreja e me anuncio para toda a grande rede como um cristão, devo ter muito cuidado quando utilizo os mesmos veículos para propagar mensagens sem comprovação de veracidade, calúnias ou mesmo quando fomento alguma discussão ou utilizo discurso de ódio. Muitas vezes parece que tudo que falamos como cristãos, sobre Bíblia, testemunho ou salvação parece uma grande hipocrisia, pois nossas ações não estão refletindo o “uniforme” do povo de Deus.
O texto de Romanos 2.21-24 comenta sobre essa hipocrisia: “Você, pois, que ensina os outros, não ensina a si mesmo? Você, que prega que não se deve roubar, rouba? Você, que diz que não se deve cometer adultério, adultera? Você, que detesta ídolos, rouba os templos? Você, que se gloria na lei, desonra a Deus pela transgressão da lei? Pois, como está escrito: ‘O nome de Deus é blasfemado entre os gentios por causa de vocês’”.
Seja no trânsito, no trabalho, em casa, nos nossos momentos de lazer ou até mesmo nas redes sociais, devemos estar revestidos da armadura de Deus e lembrar que como cristãos somos espelhos de Cristo, sal e luz para o mundo. Cristo é aquele que tem poder para transformar nossas vidas, e isso se reflete em nossas palavras e em todo nosso ser. Desta forma, estaremos definitivamente “uniformizados” em Cristo, recebendo graciosamente o status de “sócio quotista” do Reino dos Céus.
Ives Moller
Presidente da LLLB