Nós, cristãos idosos, somos, na sociedade em que vivemos, aqueles que têm a graduação escolar mais limitada. Muitos de nós, quando muito, passaram cinco anos nos bancos escolares. Contudo, se temos poucos diplomas escolares, temos um imenso tesouro de experiência de vida. Isso nos dá a autoridade de falar sabiamente sobre o que dá certo e o que o destrói a vida das pessoas. Todavia, também é verdade, que a tecnologia com que nossos filhos e netos lidam não dá grande valor às nossas experiências de vida. – Será que isso nos é deprimente? Há idosos que assim julgam, e entram em depressão e tristeza, visto que se sentem esquecidos como se fossem simples peças de museu. Pena que isso seja assim. Pois não precisa ser. Por quê?
O piedoso Jó nos responde: (Deus) “disse ao homem: Eis que o temor do Senhor é a sabedoria”. – Este “temor” do Senhor não se resume ao sentimento de medo que o infrator tem do patrão que enganou. Também não é o pavor que o criminoso sente quando entra na cadeia e vê a grade de ferro se fechar atrás de si. – O “temor do Senhor” do qual Jó fala em nosso texto, é o sentimento de respeito profundo, mas confiante, que o filho, que falhou, tem de seu pai. Ele sabe que merece castigo, mas tem a certeza que o pai não o destruirá, nem o privará da comunhão do lar e da companhia paterna. Mas o corrigirá, mesmo que lhe cause dor, e que o orientará para um viver e um futuro sadio e abençoado. – O “temor de Deus” é o sentimento que o cristão pecador tem do Pai celeste, que em Cristo o ama e o perdoa abundante e diariamente todos os pecados. Que também o alimenta fartamente por meio do evangelho com os dons da salvação, e o fortalece e guarda na fé salvadora. Igualmente, que o Deus Salvador sempre está com ele e o guarda contra o mal, que, quando cair em erro, o ergue e, finalmente, o livra do poder da morte e lhe dá a plenitude da vida eterna. Esse temor do Senhor leva o cristão a viver submisso a Cristo em seu reino e a servir e obedecer-lhe. Seu prazer é poder contar sempre com o olhar gracioso do Senhor.
O “temor do Senhor” faz parte da sabedoria dos cristãos idosos. Eles a colheram em todos os cultos, estudos bíblicos e devoções que participaram. Esse tesouro de sabedoria nunca envelhece. Nenhuma tecnologia o afeta ou destrói. Como diz o apóstolo, “havendo ciência”, essa passará, mas a sabedoria do temor do Senhor, expressa no amor, permanece para sempre. Isso não nos enche de vaidade, mas nos conserva humildes e discretos no trato com os nossos queridos. Por outro, também nos conserva ousados e prontos para confessar os ensinos do Senhor e a nossa fé. Igualmente nos conserva em preces de louvor aos pés de nosso fiel Salvador.
Você, caro(a) irmão(ã) idoso(a), também está iluminado(a) pelo “temor do Senhor”. Essa sabedoria é sua luz e seu tesouro. Sabemos que, nos dias que vivemos, os tesouros terrenos se escoam facilmente ou perdem seu valor e significado, mas o temor do Senhor sempre é – e sempre será – seu fundamento, seu descanso e consolo. Louvemos com diária alegria no viver ao Senhor por este dom. Amém.