No começo do ano vivemos um período muito especial para a Igreja, é o tempo de Epifania. O Messias veio e é apresentado sempre de novo na Palavra e nos sacramentos, por isso é tempo de lembrar, reforçar, a missão, o evangelismo, porque muitos ainda não o conhecem. Junto com esse período, nos debruçamos sobre o tema da IELB para o próximo ano: “Oramos e compartilhamos Cristo para todos!” – A conversa da fé com o nosso Pai nos leva a pedir que o evangelho tenha livre curso no mundo e entre nós, e que cada vez mais pessoas conheçam a mensagem da graça, do perdão e do amor de Deus que vem pela fé no Salvador. A fé nos leva à convicção de que nada melhor do que a santa e preciosa vontade de Deus para o mundo, tema do Congresso Nacional da LSLB, e esse “seja feita a tua vontade” é um desafio constante.
O que é mais comum no começo de um novo ano? Tirar férias, fazer planejamentos, respirar fundo e recomeçar, a torcida para que o ano seja diferente, no sentido de que seja melhor? Todos têm um ideal de “querer” e cada pessoa é um “deus” pois temos a nítida impressão de que a nossa vontade é a melhor e superior a todas as outras. O problema é que a nossa autoidolatria é a de milhões de outros, e quando somamos todas essas vontades, muito humanas, mas falhas e imperfeitas, acabamos refletindo o que chamamos de vontade do mundo.
Então somos desafiados pela terceira petição; não dá para não orar a terceira petição, não podemos pular essa parte, então nos submetemos a ela, às vezes, meio a contragosto. Achamos um sacrifício ter que abrir mão de nossas vontades em prol da vontade de um outro ser, mesmo que esse ser seja o próprio Deus. Como reverter essa atitude e sentimento? Como olhar para isso de uma outra forma? Primeiro, temos que olhar para nós mesmos e fazer o exercício que o apóstolo Paulo fez quando escreveu aos romanos: “Eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum: pois o querer o bem está em mim; não, porém o efetuá-lo” (Rm 7.18). Fazendo esse exercício temos que ser realistas com a natureza humana, que é ainda “velho homem”. Depois, olhamos para o mundo, e não dá para dizer: “Tudo bem, essa é a vontade da maioria!”. E não, a “voz do povo” não “é a voz de Deus”, ou seja, a vontade do povo não é a vontade de Deus. E junto a isso, o diabo, que é contra tudo o que provém de Deus e contra tudo o que é justo e honesto. Esse inimigo tem duas vontades e trabalha incessantemente por elas – destruir a igreja de Cristo e assassinar, pois é homicida e mentiroso desde o princípio.
Precisamos ficar apavorados quando olhamos para nós mesmos, para o que é o mundo e para as intenções do inimigo, e orar para que uma outra vontade, superior, santa, amorosa, infinitamente boa e justa prevaleça.
Por isso orar “seja feita a tua vontade” é uma manifestação de fé e confiança em Deus, e não há nada melhor e mais seguro do que querer que a vontade do Senhor seja feita. Lutero diz que essa vontade acontece mesmo sem a nossa prece, mas oramos para que ela aconteça e prevaleça entre nós; isso, para que a nossa vontade, para que a vontade do mundo e do diabo não destruam o mundo e toda a obra de Deus.
Cada vez que oramos “seja feita a tua vontade”, colocamos em destaque o próprio Cristo e o evangelho da salvação. É da vontade de Deus que seu nome seja conhecido, que o perdão seja anunciado, que pessoas sejam chamadas à fé, sejam perdoadas e salvas. É da vontade de Deus que todos cheguem ao arrependimento e vivam uma vida que agrada ao Senhor. Cada vez que essa vontade é apresentada e destacada, e manifestamos e apresentamos Deus ao mundo, é a Epifania do Senhor!
Aleluia! Deus seja louvado! Que a sua vontade seja feita! Que o perdão seja conhecido e anunciado, e que essa seja a Epifania do Senhor!
Pastor Rubens José Ogg
Conselheiro nacional da LSLB