Quando chega o mês de agosto, é quase impossível não lembrar ou falar sobre o Dia dos Pais. Não temos mesmo como esquecer, porque semanas antes dessa data somos bombardeados com a propaganda, que não quer que de jeito nenhum nos esqueçamos de presentear o pai. Mas, se é o Dia dos Pais, quando é que é o dia dos filhos?
A verdade é que, mesmo sendo o Dia dos Pais, parece que os apelos são dirigidos mesmo aos filhos. Não se esqueça do seu pai! Assim, essa data faz com que se possa lembrar algo tanto aos pais quanto aos filhos.
A palavra que é falada para os pais (incluindo também as mães) aparece em Efésios 6.4: “E vocês, pais, não provoquem os seus filhos à ira, mas tratem de criá-los na disciplina e na admoestação do Senhor” (Ver também Colossenses 4.21). Este versículo leva em conta uma situação que pode ser chamada de “família cristã”. Ele prevê um pai sempre presente. Não irritar os filhos, mas criar esses filhos nos caminhos de Deus. Mas o que acontece quando o pai não está presente? Somente no Brasil, nos últimos dois anos, de cada 100 bebês que nasceram, seis foram registrados sem o nome do pai. Isso dá um total de 320 mil crianças!
Na ausência do pai, quem acaba assumindo essa responsabilidade é normalmente a própria mãe ou os demais membros da família. Muitas crianças têm no avô a figura de um pai. Mas se um pai ausente é um problema, muito pior é um pai abusivo. Isso até mesmo cria um problema para falar sobre Deus como “Pai”. Para muitas pessoas, “pai” é uma palavra que lembra coisas ruins. E, se a passagem de Efésios 6 fala sobre “não provocar os filhos à ira”, isso mostra que a existência de pais que ficam longe do modelo ideal não é uma coisa só do nosso tempo.
Na Bíblia, Deus se apresenta como Pai. Ele é o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. E ele é nosso Pai. Ele é a fonte da vida e de todo bem. Ele está sempre presente, ele não nos abandona e não deixa faltar nada. O texto de Hebreus 13.5 nos lembra disso: “Deus disse: De maneira alguma deixarei você, nunca jamais o abandonarei”.
Mas o Dia dos Pais é, em grande parte, o dia dos filhos… se lembrarem dos pais. E, de fato, nos Dez Mandamentos não aparece nenhum mandamento para os pais, mas o Quarto Mandamento se dirige aos filhos. Em Efésios e Colossenses, antes de se dirigir aos pais, a palavra de Deus se dirige aos filhos. “Filhos, em tudo obedeçam a seus pais, pois fazer isso é agradável diante do Senhor”.
Nunca esqueço quando meu marido chamou a minha atenção para a bela explicação do mandamento sobre honrar pai e mãe no Catecismo Maior de Lutero. Fui reler essa explicação e encontrei duas frases bem interessantes: Os jovens “precisam saber que, mesmo sendo modestos, pobres, alquebrados e excêntricos, não deixam de ser pai e mãe”. Lutero também explica que honrar os pais inclui “deixar que tenham razão e silenciar, mesmo que passem dos limites”. Um pai esquisito, um pai birrento, um pai que acha que sempre tem razão não deixa de ser pai. (E o mesmo vale também em relação à mãe.) Sim, o Dia dos Pais é também o dia dos filhos.
Iris Scholz