A Igreja Luterana crê, ensina e confessa a existência de três meios da graça, através dos quais o Espírito Santo atua no pecador: a Palavra de Deus e os sacramentos do santo batismo e da santa ceia. Todas as religiões realizam alguma forma de cerimônias batismais. Para as religiões não cristãs, o batismo não passa de uma solenidade supersticiosa com muitas significações mágicas. Para as religiões pseudo cristãs, o batismo é administrado como um simples simbolismo cristão, negando-lhe qualquer valor sacramental. As igrejas verdadeiramente cristãs, porém, com base na Sagrada Escritura, aceitam o santo batismo como uma instituição do próprio Deus e o administram como um “lavar regenerador e renovador do Espírito Santo” (Tt 3.5). Ainda que haja concordância quanto à sacramental idade do batismo, nem todas as igrejas cristãs, porém, têm o mesmo posicionamento diante da pergunta: Quem deve ser batizado? Esta é a questão: O batismo se destina só a adultos? Só a crianças? Ou a adultos e crianças? O autor do livro Batismo de crianças apresenta neste estudo os textos bíblicos que fundamentam a ordem de batizar, a necessidade e os benefícios do Batismo para todas as pessoas, de todas as idades, também para as crianças. Além disso, traz à discussão argumentos e exemplos históricos e teológicos da Igreja Cristã, desde os seus primórdios em relação a esta prática sacramental. Vale a pena abrir a Bíblia Sagrada e estudar este assunto com o auxílio deste livro.
Autor: Johannes H. Rottmann
Dimensões: 14X21cm
Número de páginas: 72
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Leia a introdução do livro Batismo de crianças:
INTRODUÇÃO
Adultos vêm ao conhecimento do seu Senhor e Salvador Jesus Cristo e, eventualmente, experimentam sua conversão pessoal pela pregação da fé: “Quero apenas saber isto: vocês receberam o Espírito pelas obras da lei ou pela pregação da fé?” (Gl 3.2). A fonte da fé é a palavra de Cristo, como o apóstolo escreve: “E assim, a fé vem pelo ouvir, e o ouvir, pela palavra de Cristo” (Rm 10.17).
Tais adultos, desde o primeiro pentecoste cristão, foram batizados depois de haverem aceito Jesus como seu Salvador, mediante a fé. A Escritura apresenta vários exemplos.
Lucas nos relata no fim da gloriosa história do primeiro pentecoste: “Então os que aceitaram a palavra de Pedro foram batizados, havendo um acréscimo naquele dia de quase três mil pessoas” (At 2.41).
A história da conversão dos primeiros pagãos (Cornélio e sua gente em Cesaréia) teve o desfecho seguinte: “Enquanto Pedro falava estas palavras, o Espírito Santo caiu sobre todos os que ouviam a mensagem. E os fiéis que eram da circuncisão, que tinham vindo com Pedro, admiraram-se, porque também sobre os gentios foi derramado o dom do Espírito Santo. Pois eles os ouviam falando em línguas e engrandecendo a Deus. Então Pedro disse: – Será que alguém poderia recusar a água e impedir que sejam batizados [não devemos esquecer que antes disso era absolutamente inconcebível um judeu ou um pagão ser aceito no meio do povo de Deus sem ser circuncidado] estes que, assim como nós, receberam o Espírito Santo?
E ordenou que fossem batizados em nome de Jesus Cristo” (At 10.44-48).
Dos primeiros cristãos da Europa, ganhos para Cristo pela obra missionária de Paulo, é dito o seguinte (Lucas relata): “Certa mulher, chamada Lídia, da cidade de Tiatira, vendedora de púrpura, temente a Deus, nos escutava [a Paulo, Silas, Lucas e possivelmente também Timóteo, At 16.1ss.]; o Senhor lhe abriu o coração para que estivesse atenta ao que Paulo dizia. Depois de ser batizada, ela e toda a sua casa, nos fez este pedido: – Se julgam que eu sou fiel ao Senhor, venham ficar na minha casa (At 16.14,15).
O mesmo aconteceu com o carcereiro de Filipos, conforme nos conta Lucas: “… o carcereiro […] depois, trazendo-os [Paulo e Silas] para fora, disse: Senhores, que devo fazer para que seja salvo? Eles responderam: Creia no Senhor Jesus e você será salvo – você e toda a sua casa. E pregaram a Palavra de Deus ao carcereiro e a todos os que faziam parte da casa dele. Naquela mesma hora da noite, cuidando deles, lavou-lhes as feridas dos açoites. Logo a seguir, ele e todos os membros da casa dele foram batizados” (At 16.17-33).
Foi também o que ocorreu em Corinto com Crispo, o principal da sinagoga, e com outros, como Lucas relata: “Crispo, o chefe da sinagoga, creu no Senhor, com toda a sua casa; também muitos dos coríntios, ouvindo, creram e foram batizados” (At 18.8).
Nesse sentido devemos ler e compreender aquela história maravilhosa que nos é relatada do ministro da fazenda da rainha Candace da Etiópia, um eunuco, a quem o evangelista Filipe encontrou no deserto, lendo no livro do profeta Isaías as profecias a respeito do Cordeiro. Como não entendia de quem e de que o profeta falava, o eunuco pediu a Filipe: “Peço que você me explique a quem se refere o profeta. Então Filipe explicou. E, começando com esta passagem da Escritura, anunciou-lhe a mensagem de Jesus” (At 8.34,35). Evidentemente, Filipe, em suas interpretações dos textos bíblicos, também falou do batismo, explicando seu sentido, seu proveito, seu valor, pois quando os dois chegaram “a certo lugar onde havia água. Então o eunuco disse: Eis aqui água. O que impede que eu seja batizado?” (v.36). Infelizmente não sabemos qual foi a resposta de Filipe, pois o que em nossas versões está relatado no v.37, não existe no original (por isso o texto na Almeida Revisada foi posto entre colchetes, e a Bíblia na Linguagem de Hoje elimina, com razão, o versículo inteiro) (1). Lucas, porém, nos conta o que aconteceu naquele oásis no meio do deserto: “Então [o eunuco] mandou parar a carruagem, ambos desceram à água, e Filipe batizou o eunuco” (v.38).
Temos, portanto, evidência bíblica de que, no caso do batismo de adultos, estes foram instruídos antes de serem batizados, e que eles, de uma ou outra maneira, confessaram sua fé em Jesus como seu Salvador antes do ato batismal.
A maneira de crianças se tornarem filhos de Deus era e é diferente. Todas as igrejas tradicionais levam crianças a Cristo por meio do batismo. Somente aquelas igrejas e seitas que têm suas origens no movimento anabatista do século XVI, ou movimentos posteriores semelhantes, negam às crianças este meio da graça.
As confissões da igreja luterana são bem claras e explícitas neste sentido, e convém nos lembrarmos destas declarações, especialmente quando há incertezas a respeito do batismo de crianças:
A Confissão de Augsburgo, confissão fundamental da igreja luterana, ensina: “Do batismo se ensina… que também se devem batizar as crianças, as quais, pelo batismo, são entregues a Deus e a ele se tornam agradáveis. Por esta razão se rejeitam os anabatistas, os quais ensinam que o batismo infantil não é verdadeiro” (CA (X, 1-3).
A Apologia da Confissão de Augsburgo é igualmente clara ao afirmar: “Em segundo lugar, é manifesto que Deus aprova o batismo dos pequeninos. Logo, julgam impiamente os anabatistas, que condenam o batismo dos pequeninos. Que Deus, entretanto, aprova o batismo dos pequeninos, demonstra-se com o fato de ele dar o Espírito Santo aos assim batizados. Fosse nulo esse batismo, e a nenhum seria dado o Espírito Santo, nenhum se salvaria, não haveria, enfim, igreja. Esta só razão já pode confirmar suficientemente corações bons e piedosos contra as opiniões ímpias e fanáticas dos anabatistas” (Apol. IX, 3). (2)
Para o batismo de crianças, as igrejas tradicionais têm provas claras e suficientemente fortes, tanto da própria Bíblia como da história. As principais razões que podemos enumerar para a nossa praxe do batismo infantil são as que apresentamos nos capítulos seguintes.