Apesar dos pesares, estamos virando a última página. Não apenas a última página de mais um Mensageiro Luterano, mas também de mais um ano que Deus nos permitiu viver, um ano que nos deixou profundas marcas. As consequências deste ano pandêmico, iremos carregar por um bom tempo. E não falo apenas das consequências econômicas e sociais, mas também das sequelas emocionais. Um estudo realizado no Reino Unido e nos Estados Unidos revelou algo preocupante. A cada 100 novos casos de Covid-19, estima-se que surgiram 7.200 casos de ansiedade na população entrevistada pelo Instituto de Pesquisa sobre a Felicidade, especialmente entre a população jovem, que se sentiu sozinha e isolada. Infelizmente, a tão aguardada vacina não eliminará as sequelas emocionais da geração Covid-19.
Imagino que haja um senso comum, nos quatro cantos do planeta, para que se termine logo este ano e que 2021 nos traga novos ares. Claro, sabendo que não será a troca de calendário que eliminará a pandemia e suas consequências. E, nessa ânsia por vacinação em massa e para tornar as máscaras apenas um objeto de recordação, todos falamos: “Adeus, ano velho!”. Sim, todos os anos falamos isso. Mas este ano é especial. É como se falássemos aos dias que já se foram: “Adeus, ano difícil. Tchau, 2020 de tantos medos e apreensões. Fique para trás! Deixe-me saborear um novo ano”.
Adeus, 2020. Precisamos lembrar que a palavra “adeus” é repleta de conteúdo. Sua história diz que ela é uma abreviação da frase “a Deus vos recomendo”. Há quem diga que ela foi utilizada para confortar cristãos no leito de morte, recomendando a Deus a alma do enfermo. Com o passar do tempo, a expressão foi abreviada e tornou-se uma palavra para despedidas. E, despedindo-nos de 2020, podemos dizer: adeus, ano velho. Porém, também podemos dizer: “A Deus, ano velho”.
A Deus entregamos cada página do ano que está terminando. E, sabendo que pela fé em Cristo temos livre acesso ao Pai, temos toda a coragem para nos achegar diante dele e colocarmos em suas mãos as ansiedades, culpas, medos e sofrimentos de um ano atípico que está se encerrando. Aliás, pendurado em uma cruz, todo ensanguentado e humilhado, Jesus usou uma frase muito parecida com um “adeus”. Agonizando, ele disse: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito” (Lucas 23.46). A Deus foi entregue o espírito do Salvador que, três dias depois, foi ressuscitado. E é graças a esse ato redentor que somos aceitos por Deus, com todas as nossas histórias.
A Deus, ano velho. Entregamos ao Senhor tudo o que vivemos em 2020. Com Jesus, os pecados são perdoados, os medos são cuidados, as ansiedades se acalmam e o futuro é a vida eterna. Virando a última página desta edição de aniversário do Mensageiro Luterano e deste ano, podemos dizer: “A Deus, 2020”. E, por que não, um “A Deus, o ano novo”?