Um dos temas mais debatidos na Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB) nas últimas décadas é o ministério pastoral. Buscando o aprimoramento do trabalho pastoral, várias moções foram elaboradas, analisadas e votadas em reuniões do Conselho Diretor e na Convenção Nacional da IELB. Por determinação da 62ª Convenção Nacional, este tema foi amplamente estudado e discutido nos concílios de pastores, realizados em 2020, e continuará sendo trabalhado pela Comissão de Teologia e Relações Eclesiais (CTRE), pelo Conselho Diretor, em 2021, e pela Convenção Nacional, em 2022.
E todo este empenho da igreja em estudar este tema aconteceu e está acontecendo num período muito difícil para toda a humanidade, antes e durante uma pandemia, período de grande crise e de muitas dificuldades e incertezas nas mais diversas esferas da vida humana.
Tudo que está acontecendo no mundo nos mostra o quanto nós, seres humanos, precisamos ser apascentados, cuidados, amparados. O isolamento social, as restrições e a crise impostos pela pandemia evidenciam o quando somos frágeis e o quanto precisamos ser apascentados.
O capítulo 21 do evangelho de João, com destaque para o verso 17: “Apascente as minhas ovelhas”, nos mostra o quanto Deus deseja que sejamos apascentados. Os acontecimentos relacionados à prisão, julgamento e morte de Jesus tinham deixado os discípulos muito fragilizados. Jesus, ressuscitado, já tinha aparecido aos seus discípulos, mas agora já fazia em torno de uma semana que não havia nenhum sinal dele. Ansiosos e preocupados, os discípulos decidem ir pescar, ao que parece pensando em retomar os seus antigos ofícios, mas também nesse intento eles estavam frustrados, pois trabalharam a noite toda e nada pescaram. E nesse contexto Jesus aparece a eles, proporciona uma pescaria maravilhosa, lhes oferece pão, fala com eles e depois se dirige três vezes a Pedro com uma pergunta muito importante: “Você me ama?”. Nas três ocasiões Pedro respondeu com um convicto “sim”, e nas três vezes Jesus acrescentou: “Apascente as minhas ovelhas”.
Fica muito claro nesse texto que o trabalho de apascentar as ovelhas de Jesus acontece numa relação de amor: amor de Deus, a Deus e às ovelhas. Amor de Deus que não poupou seu próprio Filho, antes o entregou para ser morto para resgatar a humanidade e agora quer apascentar e conduzir seus filhos e filhas para junto de si no céu. Amor a Deus porque ele não deseja que o sirvamos por obrigação, gemendo, mas de forma livre e alegre, por gratidão. Amor às ovelhas porque a sua santa vontade é que nos amemos uns aos outros assim como ele nos amou primeiro. Destaca-se, portanto, nesse texto, o grande desejo que Deus tem de nos apascentar, de nos cuidar e nos conduzir em segurança em nossa trajetória aqui neste mundo. Somos ovelhas de Jesus, ele nos comprou a preço de sangue e ele quer que sejamos apascentados.
Sendo assim, cabe-nos ser gratos a Deus porque ele nos ama e nos apascenta de forma direta e também através de outras pessoas, como por exemplo, nossos pais e pastores; cabe-nos também valorizar a nossa família, a nossa igreja e outras instituições que o bondoso Deus utiliza para nos apascentar aqui neste mundo; cabe-nos valorizar as pessoas que Deus coloca em nossa volta para nos apascentar; cabe-nos lembrar que nós, nesta relação de amor com Deus e com o próximo, somos chamados para apascentar pessoas em nossa família, na igreja e na sociedade em geral. Firmados em Cristo, agindo assim, estaremos recebendo e compartilhando perdão, vida e salvação. E isso é ser grato a Deus.
Geraldo W. Schüler
Presidente da IELB