O dia 6 de janeiro marca o início do período de Epifania. Epifania significa manifestação. Na Epifania, Deus se manifesta gracioso e misericordioso a todos os povos e nações. Ele mostra que quer salvar a todos através de seu Filho Jesus Cristo.
E mais uma vez estamos celebrando a Epifania, enquanto o Brasil e o mundo sofrem os devastadores efeitos de uma pandemia, a qual já está próxima de alcançar dois anos de duração.
E a pandemia também tem manifestado algumas coisas importantes, as quais muitas pessoas não querem ver e admitir. Possivelmente a maior manifestação da pandemia é que o ser humano não é tão autossuficiente como imaginava. Antes da pandemia, dispondo e usufruindo de todos os modernos recursos científicos e tecnológicos, tinha-se a impressão de que ninguém dependia de ninguém e, aparentemente, todos dependiam muito pouco de Deus. A autossuficiência humana tinha chegado ao cúmulo de muitas pessoas irem à igreja para ouvir o que elas gostariam de ouvir e não para ouvir o que Deus tinha a lhes dizer.
Em março de 2021, quando ninguém esperava, a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou uma epidemia e, alguns dias mais tarde, diante da gravidade da situação, anunciou que o mundo vivia uma pandemia.
E a pandemia desnudou a triste e miserável situação do ser humano e da humanidade. Sem dó e sem piedade, ela foi levando pessoas aos escassos e despreparados leitos dos hospitais, e, muitas delas, independentemente da sua situação social, foram sendo levadas para os cemitérios, onde foram sepultadas sem cerimônia e sem a presença dos parentes e amigos. Diante do vírus terrível e assustador, todos viram-se novamente como iguais, pois o dinheiro e todas as coisas que estabelecem a pirâmide social perderam a sua força e o seu poder de ajudar as pessoas. Todos tiveram que viver e morrer nas mesmas condições. Todos tiveram que se submeter aos protocolos sanitários e todos ficaram à espera de uma vacina, que não podia ser comprada, mas vinha do poder público, que pudesse lhes dar alguma segurança contra o vírus.
Se por um lado a pandemia mostra a fragilidade humana, por outro lado a Epifania mostra a grandeza e a universalidade da graça, do amor e da misericórdia de Deus. O Filho de Deus, Jesus Cristo, veio ao mundo para salvar a todos. Ele estendeu seus braços na cruz e entregou a sua vida em favor de todos! As Sagradas Escrituras afirmam: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16); e “[…] Deus, nosso Salvador […] deseja que todos sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade” (1Tm 2.3-4).
A manifestação da pandemia nos leva a reconhecer o quanto somos frágeis e dependentes de Deus e das pessoas que ele coloca em nossa volta; mas a manifestação de Deus na Epifania nos assegura de que ele está conosco e é por nós. Por isso, como o apóstolo Paulo, podemos perguntar: “Que diremos, então, à vista destas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós? Aquele que não poupou o seu próprio Filho, mas por todos nós o entregou, será que não nos dará graciosamente com ele todas as coisas?” (Rm 8.31-32). É evidente que sim! E nesta confiança podemos encarar o ano de 2022 com esperança e alegria.
Feliz e abençoado ano novo para todos!
Geraldo W. Schüler
Pastor presidente da IELB