Imagino que, em algum momento, você já tenha ouvido alguém manifestar-se, até de forma depreciativa, a respeito de alguém que falou mais do mesmo. Seria algo como ser repetitivo, redundante, sem grandes novidades em seu discurso, é falar o que outros já falaram.
Falar mais do mesmo carrega consigo a possibilidade de se erguer uma barreira comunicativa entre emissor e receptor. Afinal, vivemos em uma sociedade pós-moderna sedenta de novidades e em uma cultura de verdades líquidas, verdades que até ontem eram fundamentais e, a partir de hoje, já não importam mais.
E neste ritmo, os holofotes vorazes do pós-modernismo anseiam por novidades, devorando-as uma a uma, criando uma sociedade embebida em uma constante ansiedade para que se tire, a cada novo dia, um novo coelho da cartola. E, quando isso não acontece, corremos o risco de viver à margem sombria da sociedade, carregando uma mensagem que é mais do mesmo, quase irrelevante para aqueles que são sedentos por novidades.
Você já parou para pensar que o ensino da Palavra de Deus é mais do mesmo? Nossos avós, bisavós ouviram a mesma mensagem que nós. O conteúdo é o mesmo. As doutrinas são as mesmas. É mais do mesmo. A mesma liturgia, a mesma estrutura de culto, os mesmos hinos, as mesmas melodias.
O formato e a forma de se anunciar a mensagem cristã podem e até precisam mudar. Exemplo disso é a revolução tecnológica dos cultos, estudos e aconselhamentos on-line que surgiram diante das restrições de uma pandemia. Mas o conteúdo continua sendo mais do mesmo.
Ao longo da história, esse conteúdo foi ameaçado por novidades venenosas, diluídas perigosamente no conteúdo central da fé cristã. Mas, com a bênção de Deus, movimentos como a Reforma Luterana garantiram que a mensagem cristã continuasse sendo mais do mesmo.
O apóstolo Paulo deu esta severa orientação aos gálatas e também a todos nós: “Se alguém, mesmo que sejamos nós ou um anjo do céu, anunciar a vocês um evangelho diferente daquele que temos anunciado, que seja amaldiçoado!” (Gl 1.8).
Falar mais do mesmo conteúdo bíblico pode até ser um ruído aos ouvidos de uma sociedade pós-moderna. Mas para nós, cristãos, ouvir falar mais do mesmo é necessário e confortador. Precisamos ouvir falar mais do Mesmo – sim, com M maiúsculo, referência a Jesus, aquele que por nós foi sacrificado na cruz e ressuscitado ao terceiro dia. Dele depende nosso perdão, nossa salvação, nossa vida eterna.
Não espere que um pastor o console no leito da enfermidade com ensinos novos e diferentes. Não espere ouvir, em um aconselhamento, o seu cura d´almas orientar sua vida com novidades. Não vá ao culto de sua congregação esperando um show mirabolante que o faça viajar pelas novidades de um mundo pós-moderno. Não ache que seu pastor irá aliviá-lo das culpas com um discurso repleto de novidades.
O seu pastor irá consolá-lo com mais do MESMO, irá aconselhá-lo com mais do MESMO, irá ensiná-lo com mais do MESMO. O seu pastor irá perdoar os seus pecados e aliviar sua culpa com mais do MESMO. Sempre mais do MESMO Salvador Jesus. Exatamente como este humilde e simples texto que fala, de diferentes formas, mais do MESMO.
Lembre-se: “Jesus Cristo é o MESMO ontem, hoje e sempre” (Hb 13.8). Em uma sociedade sedenta por novidades, louvado seja Deus por pertencermos a uma igreja cristã que sempre falou mais do MESMO.