I. Introdução
Ao nascer de um novo ano, que o Senhor Deus lhe conceda graça, misericórdia e Sua paz. Estes são tempos em que pessoas fazem diferentes tipos de resoluções para a vida no Ano Novo. Novos sonhos, planos e projetos são feitos com entusiasmo, incentivo, determinação para começar de novo e buscar coisas boas da vida. Sabemos que muitos desses, mesmo iniciados com boas intenções, logo são abandonados, e a vida volta à mesma rotina de antes.
Esses também são tempos em que pessoas são afetadas por sentimentos de baixa autoestima, desânimo, desesperança e outros tipos de transtornos. Algumas fazem avaliação e previsão pessimista e negativa de sua vida e do futuro, tornam-se inseguras e ansiosas. Sentem-se sem importância, inferiores, deprimidas e com falta de dignidade. Preferem enclausurar-se em seu casulo, ruminando pensamentos como: “A vida é o que é, não posso fazer nada para mudar, é isso e acabou.” Durante esses tempos pensamos em muitos que sofrem direta ou indiretamente com a pandemia do Covid-19. Muitos perderam entes queridos, outros estão hospitalizadas, outros não podem visitar familiares e amigos e ainda outros estão convalescendo. Mantemos a todos em nossos pensamentos e orações.
Alguns desses sintomas de baixa têm a ver com nosso conhecimento parcial ou falta do mesmo com respeito a Deus e de Seu propósito para nós na vida. Ignorância, descrença em Deus, desapego do Divino construíram em nós uma forte forma egoísta de pensar e agir, bastante independente e antagônica a Deus. Somado a isso, agentes e forças satânicas externas trouxeram sobre nós, o mundo e as organizações, ideologias morais e éticas malignas, vergonhosas até mesmo para serem mencionadas. “Ele [o Diabo] foi assassino desde o início, não se apegando à verdade, pois não há verdade nele. Quando mente, fala sua língua nativa, pois é mentiroso e pai da mentira.” João 8.44
Então, qual seria a melhor resolução de Ano Novo para nossa vida nestes tempos e circunstâncias? Gostaria de convidá-lo para uma jornada através da declaração do apóstolo Paulo, em Romanos 8.31-32: “O que, então, diremos em resposta a isso? Se Deus é por nós, quem será contra nós? Aquele que não poupou a seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós – como não nos dará também, junto com ele, todas as coisas?”
II. A alternativa de deus
“Se Deus é por nós” não é uma pergunta proveniente de dúvida, mas de certeza. É uma questão retórica de reconhecimento e afirmação da presença de Deus e de Sua providência para conosco em todos os momentos. Não é uma pergunta que busca respostas fora do que diz, pois nos dá a única fonte de resposta possível – “sim, o Senhor é por nós!” Seria como dizer: “Se o sol está brilhando, há luz”. Sabemos que o sol está sempre brilhando, pois é luz. Mesmo quando nossos dias são nublados, escuros, há luz. Portanto, o “se” da pergunta retórica de Paulo é bastante profundo, poderoso e confortador em relação ao que segue, que é Deus sendo por nós e nada sendo capaz de sobrepor a Ele e nos separar de Seu amor.
Tal visão abre nossa mente para vermos a Deus, Sua providência para conosco e a vida de uma perspectiva totalmente nova e diferente:
Em Seu amor, Deus é sempre por nós! Tudo o que deseja é trabalhar pela nossa salvação e bem-estar nesta terra e na eternidade. Um cristão fiel sempre confia sua vida em Suas mãos com a plena certeza de que nada do que acontece neste mundo e em sua vida está fora do alcance da vontade graciosa de Deus. As razões e resultados pretendidos por Deus quanto aos eventos da vida podem permanecer ocultos de nossos olhos até o dia em que O encontraremos face a face na eternidade. Um cristão fiel não tentará forçar seu próprio entendimento para escrutinar e decifrar esses mistérios fundamentado em seu próprio conhecimento, mas submeterá sua mente à sabedoria soberana do Senhor e aceitará resolutamente Sua vontade, que transcende toda a compreensão humana. Este conceito não tem nada a ver com filosofias deterministas ou fatalistas. Pelo contrário, é o reconhecimento de que Deus é o Senhor sobre o universo e sobre toda a humanidade, vida e morte. Ele é o Criador e Sustentador de tudo. Ele nos concede vida, comida, água, casa, bens, marido, esposa, filhos, família, amigos e tudo mais. Ele nos sustenta em cada uma de nossas necessidades de corpo e alma. Tudo faz por Seu amor paternal e bondade, sem qualquer mérito ou dignidade em nós. Ele se alegra quando recebemos Suas bênçãos com gratidão e reconhecimento de que Ele é a Fonte de todas as coisas boas.
O apóstolo levanta uma segunda pergunta retórica: “Aquele que não poupou seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós – porventura não nos dará também, junto com ele, graciosamente todas as coisas?” Romanos 8.32. Toda a vida, ministério, sofrimento, morte e ressurreição de Jesus Cristo é fato histórico inegável, atestado por estudiosos ligados ou não ao Cristianismo. Para os cristãos, esses eventos, entre outros, são parte do plano de Deus e prova visível do Seu amor por todas as pessoas. Ele deu Seu próprio Filho para sofrer e morrer por todos, para que todos fossem salvos por meio da fé em Seu sacrifício por eles. No evento da cruz de Jesus, a grande troca teve lugar. Ali está Deus, não poupando Seu próprio Filho, mas entregando-o por todos nós. Ele tomou nosso lugar na cruz, derramando Seu sangue santo e precioso e morrendo por nós. Seu sangue nos purifica de todos os pecados. Os resultados e benefícios para toda a humanidade são incomensuráveis ??e insondáveis ??nesta vida e por toda a eternidade. Todos os que creem em Jesus como o Filho Servo de Deus, que sofreu, morreu e nos deu a salvação, são abençoados. Todos os que aplicam a si mesmos pessoalmente todos os benefícios de Sua cruz e do túmulo vazio, serão salvos.
Portanto, Paulo afirma que seria impensável da parte de Deus sacrificar Seu próprio Filho por nós – e ao mesmo tempo não estar conosco e cuidar de nós em todos os momentos e circunstâncias da vida. Ele deu tudo por nós em Cristo. Provou Seu mais profundo amor por nós. Da mesma forma, atende a todas as nossas necessidades diárias de corpo e alma.
III. Nova Vida – Novas Atitudes
Em vista de tudo isso, Deus, por meio de Sua Palavra e do Espírito Santo, nos concede uma nova vida, uma nova visão de mundo e atitude para com Ele como Seus filhos amados neste mundo.
Podemos viver uma vida de gratidão, pois estamos livres da escravidão ao pecado, morte e condenação. Somos refeitos livres para viver uma vida na plenitude do amor de Cristo.
Começamos a perceber o valor e a dignidade de nossa própria vida nas mãos de Deus. Começamos a nos ver como filhos amados de Deus, para viver e desfrutar a vida livremente para Sua alegria e glória. Não somos mais escravos da velha vida egoísta. Renascemos para pertencer a Ele, pois nos chamou pelo seu próprio nome e pertencemos a Ele! Somos chamados para pertencer! Que título! Claro, cristãos sofrem os mesmos ou piores reveses e desafios temporais do que qualquer outra pessoa, mas com uma grande diferença: o cristão fiel tem uma âncora na qual se segurar quando o barco da vida é lançado em todas as direções e prestes a afundar. Ele sabe e tem livre acesso para clamar por aquele que pode ajudar. Mesmo nas provações e tribulações, é mais do que vencedor pela fé em Cristo. Esta declaração não é um sentimento farisaico pretencioso, mas uma convicção de fé que Deus criou em seu coração. Ele se considera filho precioso de Deus, que o amou e se entregou por ele.
Começamos a viver uma vida ativa em amor por todas as pessoas, focando nossa vida mais exterior do que interiormente. Queremos ser para outros a boca, mãos e pés de Jesus, levando Suas boas novas de salvação e de paz a todos. Queremos socializar, fazer o bem, celebrar e usufruir a vida na comunidade dos cristãos. Deus sustenta nossa fé por meio de Sua Palavra e dos sacramentos, fortalecendo-nos na verdadeira fé, na comunhão da igreja de Cristo e nas orações.
Começamos a viver a perspectiva de uma vida plena, dada por Deus que nunca tínhamos experimentado antes. Podemos enfrentar dificuldades, perseguições, sofrimentos de todos os tipos neste mundo – mas Deus não nos permitirá perder de vista a “melhor vida por vir”. Podemos ter a certeza de nossa vida com nosso Senhor na bendita eternidade da mesma forma como temos a Sua presença conosco neste mundo. Podemos ter certeza de que “nada poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.” Romanos 8.39
IV. Conclusão
Que vida, Ano Novo e futuro brilhantes o Senhor colocou diante de nós! Não ficaremos abalados ou desanimados se honesta e genuinamente cremos nele e em Sua providência. Mesmo em meio à tempestade pandêmica do Covid-19, Ele está conosco e é por nós! Esta convicção não é um clamor triunfalista infundado, baseado em conceitos humanos! É um eco criado por Deus, nascido da certeza absoluta que o Senhor nos concede para esta vida e para a eternidade – de que Ele está conosco para sempre, e que nada jamais será capaz de nos separar do Seu amor, que está em Cristo Jesus.
Amigos têm questionado: “Eu sei de tudo isso, mas preciso de alguns insights e exercícios práticos para me fortalecer na fé e na compreensão adequada do amor e da vontade de Deus por mim, especialmente quando estou sobrecarregado e aflito.” Não pode haver melhores exercícios práticos de vida espiritual do que aqueles que o próprio Autor da vida prescreve. Primeiro, Ele nos convida a ler, meditar, marcar, sublinhar, memorizar e levar a sério a Sua própria Palavra que nos foi dada. Por vezes reservamos mais tempo para lazer e leitura de romances do que para ler a Palavra de Deus. Queremos reservar um tempo para a leitura da Palavra de Deus. É aqui que Ele revela Seu coração e vontade compassiva a nós. “Como suspira a corça pelas correntes das águas, assim, por ti, ó Deus, suspira a minha alma.” Salmo 42. Em todos os momentos e de inúmeras maneiras, Deus continua a nos chamar para permanecermos em Sua Palavra, o único exercício para fortalecer nossos músculos espirituais. Em segundo lugar, o Senhor Jesus não apenas nos chama a nos mantermos em sintonia com Ele por meio da oração, mas nos ensina a orar. Ora conosco e intercede por nós em Seu nome. Ele nos conclama a invocarmos a Ele no dia da angústia; Ele nos livrará e nós O honraremos. Terceiro, o Senhor Jesus reúne Sua igreja para nutrição espiritual e exercícios de fé. Na comunhão dos cristãos, Ele nos fornece Sua Palavra, os Sacramentos, o perdão regular e reiterado dos pecados, orações e oportunidades de estudo da Bíblia. Esses são recursos e ferramentas tremendos para nosso exercício de saúde espiritual cristã.
Que o Espírito Santo continue nos lembrando de que não somos mais escravos do pecado, do medo e da morte, mas filhos preciosos de Deus. Ele chamou a cada um de nós pelo Seu nome e nós somos Seus. Por causa do Seu profundo amor e a vida que nos foi concedida pelo batismo, somos transformados e feitos Seus servos-instrumentos de transformação e salvação de muitos.
Que o Espírito Santo continue nos lembrando de que somos um milagre vivo de Suas mãos amorosas. Ele fez de você um novo ser! Em cada dia do Ano Novo e sempre, “que a paz de Deus, que transcende todo entendimento, guarde seus corações e suas mentes em Cristo Jesus”. Filipenses 4.7. Amém.
Leonardo Neitzel
Pastor
Surrey, Canadá