Desligo o computador. Começo a escrever com as imagens do James Webb na cabeça. As notícias, de minuto a minuto, são alarmantes. Há bem pouco, o universo era uma galáxia só, a nossa (Via Láctea) com bilhões de estrelas. A Terra está localizada num lugar privilegiado para observar fenômenos celestes, a periferia de um dos braços da galáxia. Os telescópios descobriram outras, o número de galáxias saltou a dez, a milhares, a milhões, a bilhões, a trilhões. Não são mais porque curta é a visão do James Webb. Em breve teremos telescópios mais potentes do que este que nos espanta. O mais alarmante de tudo é que estão aparecendo galáxias onde não podiam estar, atrapalham a linha reta que vinha do big-bang ao momento em que estamos. Astrofísicos declaram que tudo o que sabíamos estava errado. Vivemos em outro mundo, o universo quântico. Newton não funciona em todos os lugares do universo. Corpúsculos quânticos estão ao mesmo tempo em lugares diferentes, escapam quando observados, giram sem órbita precisa. A revolução cósmica de 2025 é maior do que a copernicana. Cientistas concluem que sem admitir uma inteligência universal vivemos no caos.
Recordo mensagens bíblicas: Deus nunca ninguém jamais viu, Deus vive em luz inacessível. O que somos? Comparados com o universo, somos menos que bactérias, menos que átomos, menos que fótons e elétrons. Observados da Lua, somos invisíveis. O que significam a poucos quilômetros daqui nossas dores, o choque de potências econômicas? Estamos entre dois infinitos, longe do infinitamente grande, pertíssimos do infinitamente pequeno.
Frequentemos pessoas que experimentaram a presença de Deus. Um deles foi Moisés. Assombrado com a presença divina no deserto, Moisés pergunta: Quem és? Resposta: Sou quem sou. Entenda-se: Sou o que fui. Sou o que serei. Um deus que não governa o pequeníssimo do pequeno não é deus. Deus se manifesta em tudo, em todos. Se eu quisesse controlar meus batimentos cardíacos, não chegaria nem a existir. O existente é o lugar em que Deus se manifesta. O lugar em que Deus se manifesta brilha. Moisés tira as sandálias para sentir o sagrado, é um gesto de reconhecimento, de conversa com Deus corpo a corpo. O chão que piso é lugar em que Deus se revela. (Sugerimos a leitura de Êxodo 3.1-14).
Somos crianças. Compreendemos isso melhor agora do que na Renascença, época em que homens deificados desbravavam “mares nunca dantes navegados” – Camões. Entramos no Reino de Deus como crianças, como crianças vivemos no Reino de Deus. O rosto de Deus esplende no sorriso da criança.
Torturadores aproximaram-se do Profeta, Luz do mundo, com paus, pedras martelo e pregos. Prece de Cristo, torturado até a morte: “Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem”.
Hamlet: O resto é silêncio.
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