Eu te odeio

Devemos ser o porto seguro de nossos filhos, acolhendo-os e orientando-os frente a qualquer sentimento que tenham. E devemos ensiná-los a falar sobre fatos ou situações que odeiam e não sobre odiar pessoas

       Nosso filho do meio, o Teodoro, vez ou outra diz essa frase: “Eu te odeio!” Um dia, o alvo foi o irmão mais velho. Fiquei encantada com a resposta madura do Rafael: “Não importa, eu sempre vou te amar!”

      Confesso que, em dois episódios, quando o Teo falou para mim, fiquei tão chateada que, se eu respondesse no piloto automático, diria: “Eu também”. Nem é verdade, mas parece que somos condicionados a dar o troco na mesma moeda, além de que é desafiador lidar com reações negativas. Nesses momentos, paro, respiro e lembro o que meu marido e eu ensinamos a eles: validar os sentimentos bons ou ruins, mas mostrar que independentemente de tudo, sempre os amaremos. Como adultos, precisamos ajudar os pequenos a compreender e nomear os sentimentos, para comunicá-los de forma mais clara, e a lidar melhor com eles na próxima situação.

      Com a chegada do irmão mais novo, o Leonardo, as pessoas perguntam como está se saindo o irmão do meio. Tem sido maravilhoso! O bebê tem recebido muito carinho dos manos. O Teodoro vive dizendo que ama o Leo. Mas, o que já era de se esperar, ele tem demandado mais atenção e precisado de mais ajuda para organizar os sentimentos. Aí, volta e meia ele vem de novo com aquela frase.

      Certo dia, reagi de uma forma que rendeu boas gargalhadas. Quando ele disse que me odiava, falei: “Que bom que você me ama! Também te amo”. Ele me olhou surpreso e, desconcertado, repetiu mais duas vezes que me odiava, e eu agradeci ainda mais animada, fazendo ele achar graça da minha reação. Aí, ele tentou falar: “Eu te amo”, para ver se eu diria algo diferente, mas segui falando: “Viu, coisa boa saber que você me ama”. Rimos juntos, nos abraçamos e a vida seguiu. Numa noite ele falou: “Não gosto de você!” Antes de eu pensar em qualquer resposta, ele já emendou: “Eu te amo infinito, vírgula, infinito”. Esse é nosso menino, espirituoso e intenso, no alto dos seus 5 anos.

       O coração dos pais precisa estar preparado, pois é saudável que as crianças possam expor os sentimentos ruins também. E quando elas ainda têm pouco repertório de comunicação, essa é a maneira que conseguem demonstrar raiva, frustração ou brabeza por um limite dado, etc.

      Os psicólogos dizem que a criança não ataca aqueles a quem é indiferente, somente a quem ama. Isso me faz lembrar o que meu marido Tiago diz: que o contrário do amor não é o ódio, mas, sim, a indiferença.

     Devemos ser o porto seguro de nossos filhos, acolhendo-os e orientando-os frente a qualquer sentimento que tenham. E devemos ensiná-los a falar sobre fatos ou situações que odeiam e não sobre odiar pessoas.

     Quantos adultos não tiveram esse preparo na infância e agora têm dificuldades na parte sentimental? Por isso, os filmes “Divertidamente” 1 e 2 têm feito sucesso entre os pequenos e os grandes, trazendo reflexão para todas as idades.

    A Bíblia nos ensina a lidar com o ódio. Provérbios 8.13 nos lembra que quem teme o SENHOR odeia o mal, a soberba, a arrogância, o mau caminho e a boca que fala coisas perversas. Mas devemos, inclusive, amar os nossos inimigos e orar pelos que nos perseguem, segundo está escrito em Mateus 5.43-44. Da mesma forma que nosso filho de 8 anos falou, não importa o que os outros digam ou sintam por nós, devemos sempre amar as pessoas, assim como o Salvador Jesus fez e espera que façamos.

*Assista a esta mensagem, em vídeo, no canal Youtube.com/AlineKoller

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