Gosto de observar túmulos antigos. A maioria tem uma mensagem de esperança, seja na estrofe de um hino ou poesia, ou um versículo bíblico; muitos, ainda em alemão. É uma confissão de fé que nossos antepassados nos legaram em momentos de dor e de despedida. Esses dias fui numa cerimônia muito interessante: os jovens da comunidade haviam restaurado os túmulos abandonados, limpado o cemitério, e uma equipe de apoio fotografou todas as lápides, traduzindo as mensagens e publicando esse trabalho num livro. Um belo resgate da história dos nossos pais! Fica o incentivo que isso aconteça também em mais congregações como sinal de gratidão aos nossos pioneiros.
Quando lembramos o Dia de Finados, não são apenas os que já partiram que são lembrados, mas cada um de nós é lembrado de que nossa vida terá um fim. E o que poderá ser escrito em nosso epitáfio? Deixaremos um exemplo e um legado da esperança cristã que só o Cristo ressuscitado nos pode dar?
Nosso hinário, ao lado da Bíblia, é uma grande fonte de consolo para momentos difíceis. Recomendo que usem o hinário como um livro de orações junto com a devoção diária. Muitas vezes o hinário não é mais usado na igreja, pois temos hoje a facilidade de projeção em PowerPoint durante os cultos. Tanto mais devemos recuperar o hinário como um livro pessoal e familiar para devoções.
Quero destacar alguns versos do nosso Hinário Luterano que nos remetem à esperança cristã da vida eterna com Jesus e da ressurreição dos mortos.
O hino 528, estrofe 1, baseado em Apocalipse 7.9, descreve a situação festiva dos que já partiram, celebrando a glória de Deus no céu:
Milhares de milhares de crentes de Jesus, com vestiduras brancas, resplendem como a luz. Ganharam na peleja vitória contra o mal, com Cristo conquistaram o prêmio triunfal.
O hino 175 igualmente nos lembra a mesma descrição de Apocalipse 7.9:
Ah! Que multidão, cantando, enche os átrios de dulçor! São os salvos entoando graças ao seu Redentor!
O hino 435, estrofe 3, baseado em Lucas 16.22, é uma oração:
Ordena aos anjos, ó Senhor, que levem, quando eu morto for, minha alma ao paraíso.
E a estrofe 5 expressa um desejo, em oração, conforme Paulo escreve em Filipenses 1.23:
Como anseio, ó Cristo amigo, de partir e estar contigo!
O hino 527, estrofe 3, expressa a certeza da vida após a morte e o descanso prometido em Apocalipse 14.13:
Feliz já nesta vida quem vai nos céus morar e descansar da lida no eterno, excelso lar.
Igualmente, o hino 521, estrofe 5, enxuga as lágrimas da dor da separação apontando para a nova vida que o falecido está desfrutando:
Que cesse nosso pranto por causa deste irmão, pois vive justo e santo e obteve o galardão do verdadeiro crente em Cristo, o Salvador. Está no céu luzente, no reino do Senhor.
O hino 516, estrofes 1, 2 e 4, é um testemunho da fé e da nova vida desfrutada pela pessoa falecida (Ap 21.4):
Nosso irmão adormecido já descansa no Senhor; foi à glória recolhido não sofrendo mais a dor. Do terreno mal liberto, tem a vida celestial e desfruta já por certo de ventura sem igual.
Com os bem-aventurados vive em glória e santa paz, bem distante dos pecados, onde Deus o satisfaz. Para sempre reclinado no regaço de Jesus e, por ele consolado, o arrebata a eterna luz.
Hão de ser ressuscitados os que morrem no Senhor[…]. Como é bom estar contigo, abrigado em teu amor, livre do infernal perigo, ó bondoso Salvador.
No hinário Louvai ao Senhor, o hino 205 expressa a esperança da vida eterna conforme a promessa de Jesus em João 14.1-3 e a descrição da nova Jerusalém em Apocalipse 21:
Eu avisto uma terra feliz, onde irei para sempre morar, há mansões nesse lindo país, que Jesus foi ao céu preparar. Deixarei este mundo afinal para ir a Jesus adorar; nessa linda cidade real mil venturas Jesus vai me dar. Vou morar, vou morar nessa terra celeste porvir.
E a oração da noite, do hino 504, que faz parte das minhas orações antes de dormir, diz:
Se esta noite adormecermos para o nosso fim mortal, seja para que acordemos na mansão celestial.
FINADOS, dia de lembranças, dia de esperança, porque Cristo vive e nós também viveremos! (Rm 6.8).
PS.: Este texto pode ser usado como estudo bíblico nas casas e departamentos, seguindo os textos bíblicos e o hinário.