Artur Charczuk
pastor e psicanalista
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Eis que o ano era 2020, você estava despertando pela manhã. É bem provável que já estava pensando na agenda do dia: trabalho, compromissos, esposo (a), filhos (as), estudos, mas o telejornal informou o anúncio de uma pandemia. E a agenda daquele dia? Mudou completamente desde então: trabalho remoto, mudanças nos relacionamentos interpessoais, ansiedade, preocupação, incerteza do amanhã e assim por diante. Por fim, a pandemia foi sendo minimizada, e as pessoas foram, digamos assim, retomando sua vida na medida do possível. Os anos passaram, e as pessoas voltaram à sua rotina, à sua vida diária. No entanto, o ano de 2024, entre abril e maio, foi marcado pelo impacto das inundações no Rio Grande do Sul. Casas invadidas pela fúria das enxurradas, carros revirados, vidas ceifadas, em síntese, as enchentes inauguraram um novo cenário de quebra de perspectiva das pessoas. Mais uma vez, o ser humano, tocando sua vida de uma forma planejada, teve a mesma prejudicada.
Ainda, as queimadas que ocorreram recentemente no Brasil, onde o céu do país foi coberto por uma fuligem que escondeu o seu azulado. Muitos brasileiros ficaram com sérios problemas respiratórios, os hospitais ficaram lotados. Mais uma circunstância que mexeu com o cotidiano das pessoas. De fato, as três situações aqui expostas visam realizar uma reflexão sobre a existência humana, em outras palavras, o quão ela é frágil. Na verdade, o ser humano vive sob uma dada potência de um mundo presumido; em outros termos, ele tem um planejamento e acredita que tudo vai acontecer tal qual. Mas nem sempre é assim, e, por consequência, quando as coisas não ocorrem como ele imaginava, vem o sentimento de impotência. O mundo presumido da pessoa sofre um chacoalhar. Diante de uma catástrofe, seus valores absolutos ficam suspensos, sua permanência existencial fica vitimada. É a quebra do mundo presumido.
Efetivamente, o ano está acabando, entretanto, ele foi cheio de desafios. As quebras abruptas dos mundos presumidos das pessoas ocasionaram muitas dúvidas e aflições acerca do futuro. Por outro lado, o tempo da dor é sempre uma oportunidade para o indivíduo reaprender a caminhar neste mundo, mesmo com suas fragilidades; contudo, ele não está sozinho.
EM ME VINDO O TEMOR, HEI DE CONFIAR EM TI
É o salmo 56, versículo 3. Nele, Davi, mesmo em meio às agonias, se alegra no amor do Criador. Ele se volta em grande confiança a Deus, mesmo diante de inimigos. Deus livrou Davi da morte. Não muito diferente do tempo de Davi, a contemporaneidade apresenta seus perigos, suas angústias. Tudo é tão frágil, o mundo presumido se esvai em questão de segundos. O desespero parece ser a única porta aberta para o ser humano. Deus cuidou de Davi; Deus também cuida de mim e de você, leitor.
Sim, o ser humano é diariamente amparado por um Deus auxiliador, que está presente em qualquer situação: é Jesus Cristo. Somos chamados a caminhar com esperança no verdadeiro Deus. A potência, a força, não estão no homem, mas no Filho de Deus. “Em me vindo o temor, hei de confiar em ti.”
REFERÊNCIA
BÍBLIA. Português. Bíblia de Estudo da Reforma. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2017.
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