Pr. Lucas Pinz Graffunder
Novo Hamburgo, RS
Você já sentiu um desânimo estranho justamente na hora de orar, ir ao culto ou abrir a Bíblia? Uma vontade de adiar o bem (“depois eu faço”), distrações sem fim, irritação sem motivo, ou até uma tristeza que esvazia o amor pelas coisas do Senhor? A tradição cristã chama isso de acídia: uma apatia espiritual que nos torna indiferentes ao que é mais importante.
A acídia não é só “preguiça” nem se confunde automaticamente com depressão, que requer cuidado médico. Ela é, antes de tudo, um pecado que arrefece o amor e despreza a Palavra e os meios da graça, por isso nos afasta do primeiro mandamento. Os efeitos da acídia aparecem no dia a dia: adiamento do bem, fuga do dever, amargura, medo, desespero e indiferença (Rm 12.11).
Mas há cura. Cristo não abandona os cansados. O caminho começa com arrependimento e fé: confesse ao Senhor, peça perdão e volte-se aos meios da graça. Retome o simples e o fiel. Ore breve, mas com constância (Salmos ajudam muito). Volte ao culto e alimente-se da Palavra e da ceia do Senhor. Faça um bem concreto hoje, como uma visita, uma ligação ou um gesto de serviço. Fuja das distrações que roubam o coração; organize horários e reduza a rolagem do feed. Procure companhia cristã, pois ninguém combate a acídia sozinho.
“Lembra-te, pois, e volta à prática das primeiras obras” (Ap 2.5).
Perceba também como a acídia costuma se disfarçar de vida corrida: muita tarefa, muito barulho e pouco encontro real com Deus. O culto vira opcional, a Bíblia fica para quando sobrar tempo, a santa ceia é adiada até eu estar melhor. Nesse caminho, ela vai gerando efeitos como adiamentos, distrações, irritabilidade e frieza. Um bom início é assumir pequenos pactos diários que protejam o coração: horário fixo para orar, presença fiel no culto e limites claros para redes sociais. Compartilhe esses passos com alguém de confiança para prestar contas e receber encorajamento.
E lembre: o antídoto da acídia é o amor recebido, não a “força interior”. Cristo se aproxima de quem está cansado e dá descanso (Mt 11.28). Na Santa Ceia, Ele não exige ânimo perfeito; Ele dá o próprio corpo e sangue para vocês, perdoando, aquecendo e reunindo. Volte ao básico que cura: confissão e absolvição, Palavra e ceia, oração simples e serviço ao próximo.
E você, já se sentiu assim? Está lutando com esse esfriamento? Fale com o seu pastor. Em Cristo, há perdão, renovação e um novo ânimo para amar a Deus e servir o próximo.