Artur Charczuk
pastor e psicanalista
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Quero começar este artigo com uma pergunta: você está navegando pelas redes sociais e tem acesso a um vídeo que mostra um criminoso sendo punido pelo crime que cometeu. Qual é o primeiro sentimento que vem à tona? Raiva?
Outra: você acessa um conteúdo on-line que mostra o descaso com os animais? Sente raiva? Presencia a violência contra um ser humano indefeso? Sentimento de raiva.
A Oxford English Dictionary. dicionário mais abrangente da língua inglesa, aclamou o termo rage bait como a palavra do ano de 2025. Em tradução literal, rage bait significa isca de raiva. Assim sendo, seria um dado conteúdo on-line provocativo, deliberado, estimulador de raiva, indignação, revolta etc.
O objetivo dessas páginas é expandir seus tráfegos, tornando o site mais conhecido, frequentado e assim por diante. Mas tudo é uma questão estratégica, tática de manipulação: o material digital para viralizar na internet atrai as emoções humanas, que são as pepitas de ouro do ambiente digital. O rage bait está se tornando um mercado de luxo, onde muitos influenciadores se apropriam para benefícios particulares.
Rage bait não é simplesmente atrair inúmeros cliques – a palavra é muito mais profunda: é fomentar discórdias, brigas, ódio e intoxicar o meio cibernético com polarizações. Para alguns estudiosos, o rage bait se tornou o sequestrador das emoções humanas.
A cultura on-line atual condiciona os sentimentos humanos ao extremo. Aliás, determinadas plataformas digitais estão redimensionando o pensamento e o comportamento do ser humano. Ao mesmo tempo, quando repensamos acerca da palavra eleita pela Oxford, nos leva a refletir sobre os passos da cultura humana: onde o indivíduo quer chegar? Chegar com o marketing da raiva?
Portanto, pensar sobre internet, leitor, é pensar com cautela e muito cuidado. É preocupante tal termo ser nomeado como a palavra do ano… Mas por quê? Seu excessivo uso é muito mais do que um simples reconhecimento linguístico, é uma realidade social, um diagnóstico das intenções humanas, da comunicação contemporânea. Dado que a isca de raiva se apoia em três alicerces: provocação instantânea, polarização imediata e reação compulsiva, resumindo a tríade, é o antigo método de criar uma mal-estar com o propósito de se apropriar da atenção de terceiros, ou o popular “chamar a atenção”. É a economia da irritação, na qual algumas pessoas ganham com isso.
Dessa forma, antes de qualquer reação perante algo visto na internet, reflita com algumas perguntas bastante simples: por que estou reagindo de uma maneira tão rápida? Por que estou clicando nesse assunto? Qual comportamento estou nutrindo em mim? O negócio é não ser automático perante dadas reportagens e imagens ofertadas pelo meio digital, simplesmente reflita. Antes do sistema nervoso, o pensamento crítico necessita ser acionado. Rage bait não é uma simples tendência, mas um aviso contra os ambientes que visam sequestrar o foco do internauta, capturar a atenção da sociedade atual. Se cuide, leitor.
O SENHOR É A MINHA FORÇA E O MEU ESCUDO
E aqui está o cuidado, amado irmão: “O SENHOR é a minha força e o meu escudo” (Sl 28.7). Davi percebeu que não tinha forças o suficiente para se salvar, entretanto, ele encontrou forças no Senhor. Assim também é nós perante um mundo que encontra sentido no combustível da raiva, somos fracos, entretanto, o Senhor é a nossa força e escudo. A graça de Deus basta para o ser humano, depender de Jesus Cristo é o escudo daquele que confessa sua fé no suficiente Salvador. Confiar no Filho de Deus é o verdadeiro sentido para o ser humano andar em um mundo com tantos desafios. O pecado faz o ser humano dar passos cambaleantes sobre suas próprias emoções, mas em Jesus temos o passo firme através da confissão, da fé em Jesus Cristo. Ele é a nossa força e escudo, o permanente cuidado.


